Mulheres que Inspiram: Juíza Quitéria Tamanini Vieira Péres fala sobre trajetória e desafios na área jurídica

Por: OCP News Vale

26/03/2021 - 09:03 - Atualizada em: 26/03/2021 - 09:57

Quitéria Tamanini Vieira Péres nasceu em Umuarama, no Paraná, e pequena veio residir em Santa Catarina. Passou os primeiros anos de sua infância em Timbó, onde estudou até o ensino médio, que concluiu em Itajaí. Ainda adolescente, mas inconformada com a injustiça, decidiu cursar Direito, o que fez na FURB – Universidade Regional de Blumenau, tendo colado grau em fevereiro de 1993.

Ela relata que foram vários os momentos marcantes ao longo da carreira, destacando o ingresso na faculdade com 15 anos de idade no ano em que foi promulgada a Constituição Federal, em 1988. “Também posso destacar como momento marcante ter participado das discussões sobre o voto do jovem aos 16 anos”, relembra.

Casada, Quitéria tem quatro filhos: Leonardo (20 anos), Henrique (18 anos), Felipe (16 anos) e Amanda (15 anos).

 

“Os diferentes papéis fazem parte de uma única história escrita numa folha em branco a partir de cada amanhecer, na qual compromissos, metas e sonhos são registrados a lápis, admitindo rasuras e reescritas, tantas quantas forem motivadas pelo desejo de ser feliz. Ou seja, cometo falhas e acertos, como qualquer pessoa. A cada falha, aprendo e, a cada acerto, celebro. A conciliação dos diferentes papéis é, portanto, um desafio diário”, afirma.

 

Nesta entrevista ao projeto “Mulheres que Inspiram”, idealizado pela Contax Contabilidade e Planejamento Tributário, com o apoio da Presse Comunicação e do OCP News Vale, ela conta um pouco da sua trajetória e dos desafios na área jurídica.

Trajetória e momentos marcantes

 

“Iniciei minha trajetória na área jurídica trabalhando durante a faculdade, no Departamento Jurídico da empresa Sulfabril S/A e depois no Estágio Orientado de Direito da Furb, onde atuei como monitora. As dificuldades financeiras enfrentadas na época foram contornadas pelo fato de que ambas empregadoras auxiliavam na formação dos funcionários com o pagamento de parte expressiva da mensalidade, 70% do valor”, recorda.

 

A formatura no curso de Direito, da FURB, ocorreu no início de 1993. A partir daí, Quitéria se dedicou à advocacia e, em janeiro de 1998, ingressou na magistratura estadual (TJSC). Como Juíza de Direito, atuou em diversas Comarcas até chegar em Blumenau, onde está lotada desde 2009 (1ª Vara Cível). “Blumenau foi desde o início, a cidade escolhida para permanecer e fixar residência”, completa.

Outro momento importante para Quitéria foi a aprovação no Concurso da Magistratura Estadual, em 1º lugar. “Isso me conferiu a certeza de que a realização de um sonho começa com o primeiro passo, seguido de tantos outros quantos forem necessários, com perseverança e consciência do propósito que o sustenta”, ressalta.

Questionada sobre as oportunidades que foram fundamentais para a sua carreira, Quitéria informa que foram muitas pelas quais é grata, destacando três.

 

“Primeiramente, o apoio incondicional e permanente dos meus familiares e amigos, tanto antes, como durante o exercício da atividade jurisdicional. Além disso, o acesso aos estudos em ótimas instituições, a exemplo da FURB, Univali, Udesc e UFSC, bem como ao aprendizado extraído do estágio na área durante o curso de graduação. E por fim, o apoio e comprometimento da equipe de servidores/assessores e mediadores, que, no âmbito da respectiva atividade, realizam um trabalho altamente qualificado”.

 

Inspiração de mulher para mulher

 

“Devemos muito às mulheres que nos antecederam e que deixaram um legado de coragem, força e capacidade”, ressalta a juíza. “Inspiro-me no exemplo da minha mãe Maria Tamanini Vieira e da minha mãe de criação, Altamira Pacheco, in memorian, nas reflexões de Clarice Lispector, na autenticidade de Frida Kahlo e na garra de várias mulheres com quem tenho o privilégio de conviver no cotidiano, a exemplo da minha vizinha, Sra. Hedis Apolônia Wiederkehr, cuja trajetória na educação foi uma história de amor genuíno, ainda presente em tudo que faz, inclusive no bolo de Natal preparado pessoalmente a cada ano”, relembra.

 

Ela ainda destaca que o quadro da violência contra a mulher, para ser revertido, depende da conscientização de cada ser humano, sem exceção.

 

“Todos, de um modo ou de outro, somos exemplo a partir do modo como nos relacionamos com as pessoas. Nosso tom de voz, nossas palavras, nosso comportamento, nossas crenças: tudo isso compõe um modo de ser que está em constante evolução, pois aprendemos ao longo de toda essa nossa jornada chamada vida. Por isso, é importante que a construção de uma cultura de respeito seja um tema mais frequente que o da violência e que seja abordado em todos os espaços”.

 

Questionada ainda sobre os planos para o futuro, Quitéria informa: “os planos dizem respeito à propagação da conscientização sobre o papel do cidadão no contexto do conflito, difundindo a importância de desenvolver uma comunicação sustentável (à luz da CNV – Comunicação Não Violenta), potencializando as habilidades humanas de resolução pacífica e de convivência saudável em prol da tão sonhada qualidade de vida”.

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