Luciana Flor abriu sua primeira empresa aos 21 anos de idade e acredita que a maior oportunidade que teve em sua carreira foi ter crescido em “uma família empreendedora e inquieta”, segundo suas próprias palavras.
Hoje, aos 36 anos, ela ocupa o cargo de diretora administrativa do Grupo FW Indústria e Comércio de Produtos de Higiene, com sede em Blumenau, em uma moderna planta industrial com mais de 6 mil m², e presente em todos os estados do Brasil, além de vários países das Américas, Oriente Médio e África.
E a história dessa grande empresa nasceu com Luciana durante sua especialização em Finanças e Controladoria.
“Desenvolvi um plano de negócios para uma empresa fictícia de produtos de higiene pessoal, não eram lenços umedecidos. O projeto era viável economicamente, porém, foi inviabilizado por questões mercadológicas atreladas ao perfil de consumo dos produtos daquele projeto”, relembra.
Mas, ela não desistiu e decidiu conversar com o pai. “Ele sugeriu verificar a possibilidade de um novo negócio, considerando lenços umedecidos. Desta vez, o projeto se mostrou viável em todos os cenários”, conta Luciana.
Ela, então, vendeu a empresa que tinha anteriormente e se associou ao irmão, Rodrigo Flor. Juntos, fundaram a FW, em 2008. Dois anos depois, o pai, José Tadeu Flor, se juntou à sociedade, somando seus mais de 20 anos de experiência profissional em empresas do setor de higiene pessoal e cosméticos.
“A sugestão dele em relação a lenços umedecidos veio da vivência internacional e de ver as incontáveis aplicações que esses produtos poderiam ter e cujo hábito de consumo no Brasil ainda era pouco difundido por aqui na época”, relembra.
Em 2012, mais um profissional que já havia atuado com José Tadeu ingressou na sociedade. Hoje, a FW atua com um mix de produtos em diversas linhas, como recém-nascidos e crianças, higiene íntima, demaquilante, uso adulto, geriátrico, antissépticos, repelente, hospitalar, limpeza doméstica de superfícies e animais domésticos.
Nesta entrevista ao projeto “Mulheres que Inspiram”, idealizado pela Contax Contabilidade e Planejamento Tributário, com o apoio da Presse Comunicação e do OCP News Vale, a empreendedora relembra o início da empresa, dá dicas para as mulheres que desejam empreender e comenta sobre como a educação pode ser a chave para a situação de vulnerabilidade das mulheres no Brasil.
Oportunidades
“Foi muito importante ter meu pai como modelo de profissional, um homem íntegro, admirado durante toda a sua trajetória profissional e sem medo de se reinventar profissionalmente. Tive, ainda, uma mãe amorosa que sempre nos incentivou a estudar, ler, viajar e gostar de aprender”, recorda Luciana.
Desafios
Segundo a empreendedora, que começou muito cedo seu negócio próprio, os principais desafios mudam conforme os anos passam, mas são bons para identificar quais são as preferências profissionais e direcionar a carreira. “É preciso saber o que você quer como profissional para se preparar para os desafios”, aconselha.
Preparação para os negócios
Luciana conta que, além da graduação em Administração, possui especializações em Finanças e Controladoria. “Busco também aprendizado contínuo em cursos e palestras sobre os mais diversos temas, relacionados ou não a minha posição profissional atual. Estou sempre disposta a aprender e a correr atrás de novos conhecimentos, pois sou incansavelmente curiosa. A preparação é constante, pois conforme a empresa cresce, novos desafios e oportunidades de aprendizado surgem”, destaca Luciana.
Ser mulher
Questionada sobre se o fato de ser mulher atrapalhou em algum momento, Luciana conta que não.
“Em situações muito pontuais, já senti que recebi tratamento diferenciado por ser mulher, mas, como profissional, se você se envolve verdadeiramente com seu negócio, é empática e respeitosa com aqueles que estão ao seu redor, dá o melhor de si e entrega mais do que seriam suas obrigações, não vejo que ser mulher seja algo que possa atrapalhar minha história profissional”, afirma.
E, para as mulheres que desejam empreender, Luciana dá algumas dicas. “Ouça além do que lhe é dito, nunca pare de aprender e tenha coragem para seguir seus sonhos e expor suas ideias, além de maturidade para lidar com as consequências de suas escolhas”, aconselha.
O Brasil e as mulheres
Apesar de não ter sentido dificuldades por ser mulher, Luciana reconhece a situação de vulnerabilidade de grande parte da população feminina. E, na opinião da empresária, a educação é o pilar que irá sustentar a mudança e trazer solução para o problema.
“Educação de base é o caminho para mudar esse cenário. A situação de vulnerabilidade de mulheres em nosso país é antiga e vai além dos cinco séculos de história. A mudança não acontece de uma hora para a outra, mas ela precisa acontecer”, destaca.
Luciana lembra que já evoluímos muito nesse sentido. Se formos relembrar nosso passado recente, vamos ver que no começo do século 20, a mulher era ainda mais uma propriedade do pai ou do marido do que um ser independente.
Na opinião da empreendedora, a mudança de comportamento de uma sociedade é algo profundo, cada geração precisa deixar sua contribuição e a mudança precisa ocorrer desde cedo nas gerações que estão nos sucedendo, para que possamos conseguir ver mudanças reais, além de punição para aqueles que estão cometendo crimes contra mulheres.
“Oferecer educação financeira, emocional, além, é claro, de educação de qualidade desde a base. Entendo que a mudança do cenário envolve dar a mulher, desde criança, as mesmas oportunidades que são dadas aos homens para que na vida adulta a concorrência profissional seja igualitária. Entendo que o empreendedorismo feminino seria uma consequência da mudança, e não a causa”, analisa Luciana.
Leia as outras entrevistas do projeto “Mulheres que Inspiram”:
- Mulheres que Inspiram: Sônia Hess de Souza quer promover a mudança e ajudar a construir um Brasil melhor
- Mulheres que Inspiram: Maria Regina Soar fala sobre sua trajetória política e desafios da Covid-19
- Mulheres que Inspiram: Susanne Klemz Adam, primeira mulher cônsul honorária da Alemanha em Blumenau
- Mulheres que Inspiram: Christiane Buerger destaca importância de incentivar mulheres a serem independentes