Entre tantas conquistas, Jaraguá do Sul tem na segurança um dos pontos mais fortes. A cidade, inclusive, já figurou no topo do ranking dos municípios mais seguros do Brasil, o que lhe rendeu destaque nacional.
Nesse contexto, a integração entre a polícia e a comunidade está entre os fatores que fazem o Senhor do Vale apresentar índices de criminalidade muito abaixo do padrão brasileiro. O reflexo desse trabalho é sentido por quem vivencia a rotina da cidade.
Dono de uma oficina mecânica, Odair José Borges de Freitas, 44 anos, é uma das pessoas que contribui para o fortalecimento da segurança no município. Ele faz parte da Rede de Vizinhos, programa de proteção da Polícia Militar que conta com 43 grupos distribuídos em Jaraguá do Sul.
Casado e com dois filhos, um menino de 12 anos e uma menina de quatro, Odair mora há 25 anos no município e faz parte da Rede de Vizinhos número oito. Ao todo, 22 pessoas estão inscritas no grupo de Whatsapp, que inclui moradores da rua Antônio Teixeira de Carvalho, no bairro Rau e um policial militar.
Em 2017, o empresário ficou sabendo do programa e levou a ideia para os moradores da sua rua. “Como Jaraguá do Sul tem essa tradição de proximidade com a Polícia Militar, todos os vizinhos foram muito receptivos a essa iniciativa”, comenta Odair. Apesar de morar em uma
Índole
Apesar de morar rua tranquila, ele considera a prevenção extremamente importante. “Em uma rua grande, muitas vezes você não conhece um vizinho que mora há 500 metros da sua casa. A Rede de Vizinhos incorporou a segurança pública com o grupo que a gente já tinha”, frisa.
Nascido em Itá, no Oeste de Santa Catarina, Odair acredita que o jaraguaense tem um espírito comunitário muito forte e um respeito muito grande pelas forças de segurança. Essas duas qualidades acabam fazendo com que a cidade seja mais segura e as pessoas tenham mais qualidade de vida.
“Quando a comunidade está inserida na segurança pública, fica muito mais fácil da Polícia Militar atuar. Nós temos o vizinho que avisa para a PM se tem alguém suspeito próximo, nós temos os empresários que doam equipamentos. Isso faz com que a cidade fi que segura como um todo”, destaca.
Discussão sobre segurança
Dentro das iniciativas da PM, a Rede de Vizinhos é uma importante estratégia de segurança. De acordo com o chefe da Seção de Comunicação do 14º Batalhão de Polícia Militar, major Aires Volnei Pilonetto, os grupos são monitorados por policiais militares e situações de anormalidade daquela localidade são discutidas com os integrantes.
“Às vezes, uma informação que está dispersa, um veículo em alta velocidade, pode fechar com outro assunto. Aquele veículo pode ter participado de um roubo e a pessoa, sem saber do crime, acabou avisando a PM sobre o ocorrido”, aponta.
O major destaca que os chamados de emergência continuam a ser feitos através do número 190. A Rede de Vizinhos serve para aumentar o que os policiais militares chamam de “vigilância natural”. Os moradores ficam mais atentos e conversam sobre como podem contribuir para a segurança.
“A gente conversa sobre a segurança daquela localidade, sobre os pontos vulneráveis e formas de prevenir o crime. Os vizinhos acabam ficando mais atentos, ajudando na vigilância. As placas que sinalizam a Rede de Vizinhos muitas vezes inibem o crime”, observa
Interação com a comunidade
Um dos principais objetivos da Rede de Vizinhos é a interação entre a comunidade e a Polícia Militar. O programa está inserido dentro da filosofia de polícia comunitária desenvolvida pelo 14º Batalhão de Polícia Militar e busca fazer com que a população entenda melhor a atuação da PM no combate ao crime.
“De um modo geral, nós sentimos um respeito muito grande da comunidade de Jaraguá para com a Polícia Militar. A gente entende que isso é uma via de mão dupla. Para termos esse respeito é preciso que a PM entregue a devida segurança”, argumenta o major.
Pilonetto salienta que a participação da comunidade é importante para o trabalho policial. Segundo o oficial, a pretensão do 14º BPM é atender todos os chamados feitos pela comunidade, pois, se a pessoa ligar informando uma situação de desordem e não for atendida, ela pode não ligar mais.
“A Constituição, no artigo 144, diz que a segurança pública é dever do Estado, mas é um direito e responsabilidade de todos. Então, cada um de nós deve contribuir de alguma forma. Contribui com a segurança quem é intolerante com qualquer atividade criminosa e denuncia, por exemplo”, avalia.
Conselhos de segurança
Outra ferramenta importante de interação entre a Polícia Civil, a Polícia Militar e a comunidade são os conselhos de segurança. A presidente do Conselho Comunitário do Jaraguá Esquerdo, São Luís e Tifa Martins, Karin Krause, atua no meio há 12 anos e acredita que hoje as pessoas se interessam mais pelo tema na cidade.
“Antes, havia poucas pessoas atuando nos conselhos. Hoje, as pessoas conseguem ver a diferença da atuação da polícia junto da comunidade. A comunidade se sente mais fortalecida e sente segurança de chegar e fazer uma denúncia, conversar com um policial, ir ao batalhão ou mesmo em uma delegacia”, conta Karin.
Ela afirma que conselhos de segurança lutam para que haja um aumento do efetivo, além de contribuir no trabalho das polícias Civil e Militar.
“Somos filhos de imigrantes alemães, poloneses e húngaros. Nós aprendemos a ter respeito pela autoridade dentro de casa. Tanto que as pessoas que vêm de fora da nossa cidade acabam sendo impactadas por isso e acabam aprendendo a ter esse respeito também”, argumenta.
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