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Mulheres que Inspiram: Ilisangela Mais e o fascínio pela inovação

Foto Divulgação

Por: OCP News Vale

24/03/2021 - 09:03 - Atualizada em: 24/03/2021 - 18:38

Foi em 2007, quando o conceito de inovação ainda era pouco difundido, que Ilisangela Mais começou a estudar de forma mais aprofundada o tema e a trabalhar com ele na Furb. Naquela época, ainda era muito restrito a questões de patentes ou tecnologia da informação.

De lá para cá, ela se apaixonou por esse universo e começou a mergulhar fundo no assunto, buscando todas as possibilidades de transformar o mundo por meio de novos olhares, conexões e tecnologias.

Ao projeto “Mulheres que Inspiram”, idealizado pela Contax Contabilidade e Planejamento Tributário, com o apoio da Presse Comunicação e do OCP News Vale, Ilisangela fala sobre esse fascínio que a inovação exerceu em sua vida e a trajetória como empreendedora da área.

 

“Considero o empreendedorismo uma poderosa ferramenta para melhorar a vida das pessoas, tanto pela independência financeira quanto pela realização pessoal, pois acredito que uma pessoa empreendedora não é necessariamente aquela que cria uma empresa, mas a que sonha e realiza, que move pessoas e recursos em torno dos seus objetivos”, ensina.

 

O começo de tudo

Em 2007, Ilisangela atuava como assistente na gestão de projetos e mapeamento de competências da Furb e começou a se conectar com outras instituições de pesquisa, participando de eventos e ajudando a construir as redes estaduais de inovação.

Decidiu então fazer mestrado na área e cada vez foi se envolvendo mais com o tema. No início, dentro da universidade e, mais tarde, com a própria empresa, que criou para poder atuar com mais liberdade e oferecendo serviços que o mercado não dispunha na época.

A sua empresa de consultoria, Prana Inovação e Recursos, apoia organizações e instituições na captação de recursos para projetos de inovação e na utilização de benefícios e incentivos em todos os setores da economia.

 

“Sempre admirei pessoas corajosas, que realizavam projetos, geravam empregos e exploravam mercados. Na adolescência, meus pais tiveram alguns pequenos empreendimentos e minha mãe sempre tinha alguma estratégia para agregar uma renda extra. Minha carreira profissional seguia outros rumos, até que descobri todas as possibilidades de linhas de recursos e incentivos vinculados à inovação e que as empresas não utilizavam. Organizávamos eventos, mas não conseguíamos trazer as empresas. Não conseguia ver aquilo e não tomar uma atitude. Então, resolvi diminuir minha dedicação à universidade e começar uma ação proativa de visitar empresas e divulgar as linhas”, lembra.

 

Aos 46 anos, ela não se arrepende nem por um minuto dessas escolhas. “Como isso me faz feliz! Amo o que faço e acho que foi uma daquelas escolhas maravilhosas que se faz na vida. Um momento marcante para mim foi quando emiti minha primeira nota fiscal! Acho um momento emocionante para um empreendedor!”

Estudo constante

Um dos principais desafios encontrados por Ilisangela nessa área é a necessidade constante de atualização. “Estudar os contextos, os objetivos, alternativas… procurar sempre um jeito mais prático e eficiente de fazer as coisas”, aponta.

A empresária cresceu cercada por cinco irmãos, então, sabe bem o que é competitividade! “Eu estava sempre tentando fazer as coisas de um jeito melhor que os outros. O resultado costuma ser bem bom, mas dá bastante trabalho no caminho”, brinca.

Ilisangela também é mestre em Administração pela Furb e atuou como professora universitária por dez anos em disciplinas voltadas a Empreendedorismo e Inovação.

Vulnerabilidade e empoderamento

Ela acredita que a situação de vulnerabilidade da mulher pode ser revertida, começando pela educação em casa, das próprias mulheres em relação aos seus filhos e filhas. “É preciso incentivar as meninas a explorarem novas possibilidades e ensinar os meninos a reconhecer que o gênero não define o potencial das pessoas”, aconselha.

Mãe de dois meninos, ela conta que os ensina a valorizar todas as pessoas e proteger quem precisa. “Ensino que, em algumas situações, é preciso interferir para evitar injustiças e violência, desde que com inteligência e segurança para todos”.

Além disso, ressalta o poder da independência financeira para as mulheres. “Eu cresci querendo ser independente, tomar as minhas decisões e cuidar do meu dinheiro. Para mim, a independência financeira é decisiva para garantir a liberdade de todas as pessoas, seja de relacionamentos abusivos, seja de histórias infelizes e vidas sem propósito”

Neste caso, Ilisangela destaca que gosta de falar de empreendedorismo não apenas no sentido de criação de novas empresas, mas também como forma de exercer o protagonismo da própria vida.

 

“Quando escolhemos ser o que nascemos para ser e entendemos que só nós podemos criar a nossa felicidade, temos que lidar com a responsabilidade de arcar com as consequências de cada escolha. Mas, experimentamos a maravilhosa sensação de escolher qual atitude queremos ter diante de cada evento da vida”.

 

Neste ponto, na opinião dela, é que surge o empoderamento feminino. “Quando percebemos que temos escolhas, passamos a entender melhor o nosso valor e podemos transformar nossa realidade e ainda inspirar as pessoas ao nosso redor, porque a sensação é contagiante quando estamos cercadas de pessoas que gostam de nós”.

Futuro e divisão de responsabilidades

Ilisangela se diz uma “eterna otimista” e segue acreditando em dias melhores, com mais educação, tolerância, autoestima, criatividade, cooperação e alegria.

 

“Em relação às mulheres, acredito que estamos evoluindo sempre no sentido da liberdade e independência, ocupando espaços e ganhando mais projeção no ambiente profissional. Mas, talvez os principais desafios sejam individuais, nas nossas casas, de tornar mais natural a participação dos homens nas tarefas ditas domésticas. Não devemos falar em homens que ‘ajudam’ mulheres, como se fosse sempre nossa responsabilidade cuidar da casa, dos filhos, da alimentação”.

 

Ela ressalta que é preciso lembrar que homens e mulheres estão juntos nas tarefas do dia a dia, respeitando os talentos e preferências de cada pessoa, na medida do possível, mas cooperando.

 

“Ainda fico chocada em ver fraldários dentro de banheiros femininos, como se homens nunca andassem sozinhos com filhos pequenos ou que nunca fossem eles que trocam as fraldas dos seus bebês. São pequenos detalhes que vão reforçando conceitos muito ultrapassados”, exemplifica.

 

Porém, ela ainda confia que estejamos em um bom caminho.

 

“Com um posicionamento crescente da sociedade sobre a violência contra as mulheres, com ótimos exemplos de lideranças femininas em muitos campos de atuação e o acesso à informação, que permite uma atuação mais efetiva das organizações que lutam pelos direitos das mulheres e favorece as redes de apoio, formais ou informais. Vejo mais mulheres fortes, independentes e bem-sucedidas a cada dia, sem perder o jeito acolhedor e sorridente que é típico da maioria das mulheres”.

 

Limitações

A empresária também participa do movimento “Santa Catarina: estado máximo da inovação”, tendo ocupado cargo de diretoria na instituição. Atualmente é diretora de Inovação da Associação Empresarial de Blumenau (Acib), vice-presidente do Comitê de Inovação de Blumenau, membro do Fórum das Micro e Pequenas Empresas de Blumenau e voluntária do Centro de Inovação Blumenau.

Ela diz que nunca se sentiu preterida no ambiente profissional por ser mulher, mas já se sentiu insegura em situações, como em viagens à noite estando sozinha. Também admite ter perdido algumas oportunidades de fazer negócios para poder cuidar dos filhos. Mas isso, segundo Ilisangela, passa pelas escolhas pessoais de cada mulher.

 

“Como trabalho com finanças, é muito comum fazer reuniões com vários homens e aí vem o desafio de mostrar que não sou frágil e que não é preciso vigiar cada palavra nas conversas. Frequentemente, homens se sentem um pouco intimidados nas conversas com mulheres e tentar achar termos mais delicados para se dirigirem a nós. Naturalmente, gentilezas são bem-vindas, mas não é preciso perder a espontaneidade das conversas por medo de que sejamos feitas de cristal”, aponta.

 

Maternidade

Ilisangela faz questão de que os filhos e quem mais estiver por perto tenham clareza sobre a importância do trabalho na sua vida, e do quanto é realizada com sua profissão. “Assim, conquisto respeito e admiração deles por mim e tudo flui. Por meio do meu trabalho, procuro inspirar meus filhos, Mateus e Lucas, a se dedicarem de todo coração aos seus projetos de vida”.

Ela admite que há dias em que o trabalho consome parte do tempo que seria da família e dos amigos.

 

“Mas, ser empreendedora também me dá um pouco de flexibilidade para compensar a falta em outros momentos. Além disso, quem convive comigo sabe que sou uma pessoa melhor quando estou engajada num projeto. Gosto muito de falar sobre o valor de ter coerência entre o que você pensa, fala e faz. Se estiver tudo coerente entre si, acho que a tendência é a vida fluir. E o yoga também me ajuda muito a ser mais leve, integrada e inspirada para dar conta de todas as demandas”, conclui.

 

Leia as outras entrevistas do projeto “Mulheres que Inspiram”:

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Publicação da Rede OCP de Comunicação