Primeira cirurgia de transplante autólogo pelo SUS é feita em Jaraguá do Sul

Por: Elissandro Sutil

01/06/2020 - 15:06 - Atualizada em: 01/06/2020 - 15:20

Uma cirurgia inédita de transplante autólogo ocorreu no mês de março no Hospital São José, em Jaraguá do Sul. O procedimento foi feito pelo Dr. Kauê Milanez Lopes, juntamente com o cirurgião plástico, Ricardo Vanz e o cirurgião de cabeça e pescoço, Francisco Lee, em um paciente de 68 anos, que tinha câncer de pele na face.

De acordo com Lopes, que é especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, transplante autólogo é quando o paciente transplanta uma parte do próprio corpo. Segundo ele, é uma cirurgia complexa e grande que antes não era oferecida aqui na região.

Foto: Matheus Wittkowski | OCP News

“O objetivo de uma cirurgia como essa é de conseguir mais rapidamente reconstruir a parte funcional do paciente, já que ele precisa deglutir e falar, por exemplo.”

Ele explica que pacientes que têm um tumor muito grande na região da cabeça e pescoço precisam de reconstrução após a ressecção cirúrgica. Eventualmente, é feito um retalho local, mas em alguns casos não é possível ser feito, então o transplante autólogo é o mais indicado.

“Nesse caso que fizemos aqui foi um transplante anterolateral de coxa. Nós retiramos um pedaço da coxa, pele, músculo, subcutâneo e transplantamos na face” explica Lopes.

O paciente de 68 anos tinha um câncer de pele extenso na face que invadia todo o nariz, maxila e olho esquerdo. De acordo com Lopes, a cirurgia envolveu uma ressecção craniofacial extensa, com maxilectomia esquerda, exenteração de olho esquerdo e rinectomia total (o paciente perdeu todo o nariz) e com o retalho anterolateral da coxa esquerda foi possível fazer a reconstrução da face.

Procedimento possibilita melhor tratamento para casos oncológicos

O cirurgião ressalta que os pacientes que não tinham essa possibilidade de reconstrução acabavam fazendo um tratamento paliativo, sem intenção de cura. “A ressecção cirurgia seguida de quimioterapia e radioterapia são a melhor opção para esse tipo de paciente, então é muito importante ter esse tratamento aqui” afirma.

Segundo ele, o procedimento possibilita que o paciente seja tratado com excelência. Esse tratamento é feito em grandes centros e aqui em Santa Catarina poucos lugares oferecem. Além disso, esse é um tipo de reconstrução em que deve ser feito em um paciente eletivo, geralmente em casos oncológicos mais graves, com tumores mais avançados, porém, cada caso precisa ser avaliado.

A parceria feita com o Hospital São José possibilitou essa conquista para a região. Segundo o cirurgião a unidade oferece todo o equipamento necessário, tanto o suporte durante a cirurgia, com microscópio excelente, equipe preparada, equipe anestésica excelente e leito de UTI.

“Temos um hospital de primeira, então temos que oferecer esse tipo de cirurgia também. Para a cidade é excelente e além disso, possibilita não só cirurgias de cabeça e pescoço mas de outras especialidades, como de câncer de mama, ou em pacientes que têm úlceras e que precisam de grandes coberturas de pele e músculo, por exemplo” explica Lopes.

Eficiência do tratamento gera recuperação mais rápida

Nesses casos o pós cirúrgico deve ser monitorado. De acordo com o especialista, o monitoramento ocorre em UTI para se ter parâmetros de pressão e batimentos cardíacos no nível correto e manter o retalho vascularizado.

O paciente permanece em torno de 24 horas na UTI, depois é encaminhado para a enfermaria e a monitorização é visual. “Nesse caso que fizemos aqui o paciente evoluiu bem, teve alta precoce e hoje já está reabilitado” finalizou.

Foto: Matheus Wittkowski | OCP News

Onde encontrar

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