Covid-19: Blumenau pode ter até 7 vezes mais infectados do que balanço oficial, aponta estudo

Foto Eraldo Schnaider/Prefeitura de Blumenau

Por: Felipe Elias

26/05/2020 - 10:05

A primeira fase do estudo “Evolução da Prevalência de Infecção por Covid-19” (Epicovid-19), realizado em parceria pela Universidade Federal de Pelotas (RS), Ministério da Saúde e IBOPE Inteligência, traz resultados inéditos e preocupantes.

Durante uma semana de coleta de dados, entre os dias 14 e 21 de maio, em 133 cidades espalhadas por todos os estados do Brasil, os pesquisadores concluíram 25.025 entrevistas e testes para o coronavírus. Em 90 municípios, entre eles Blumenau, foi possível testar pelo menos 200 pessoas selecionadas por sorteio.

No conjunto dessas 90 cidades, que correspondem a 25,6% da população nacional, a proporção de pessoas com anticorpos, que significa que já tiveram ou têm o coronavírus, foi estimada em 1,4%, podendo variar de 1,3% a 1,6% pela margem de erro. Com isso, estima-se que cerca de 760 mil das 54,2 milhões de pessoas que vivem nesses locais estariam infectadas.

A comparação dos números estimados pela pesquisa e os números oficiais aponta para uma grande subestimativa da quantidade de infectados pelo coronavírus. No dia 13 de maio, véspera do início da pesquisa, essas 90 cidades somadas contabilizavam 104.782 casos confirmados. Assim, os dados do estudo estimam que, para cada caso confirmado de coronavírus nesses municípios, existem 7 casos reais na população.

Em Blumenau, com base nessa estimativa, o número real de casos de coronavírus deve passar de 4 mil, levando em consideração que, de acordo com a Prefeitura, 644 pessoas tiveram a infecção confirmada após serem submetidas a testes.

 

“Não é por acaso que o logotipo do Epicovid-19 remete a um iceberg. Os casos confirmados, que aparecem nas estatísticas oficiais, representam apenas a ponta visível de um iceberg cuja maior parte está submersa. Para conhecer a magnitude real do coronavírus, é obrigatória a realização de pesquisas populacionais”, comentam os pesquisadores.

 

De acordo com eles, o número de sete vezes mais casos na população do que o apresentado nas estatísticas oficiais desperta preocupação e apresenta um cenário ainda mais difícil para o controle da doença. “De cada sete pessoas com o coronavírus, apenas uma sabe que está ou esteve infectada. Isso é preocupante, visto que as demais seis pessoas que não sabem da infecção podem, involuntariamente, transmitir o vírus para outras pessoas”.

Sobre o estudo

Em Santa Catarina, sete municípios foram incluídos na pesquisa: Blumenau, Florianópolis, Criciúma, Lages, Chapecó, Caçador e Joinville. A ideia é identificar de que forma o vírus está se propagando em todo o Brasil e criar políticas públicas mais eficientes sobre o comportamento do coronavírus no território brasileiro.

Essas “cidades sentinelas” foram escolhidas por serem municípios sede de cada sub-região intermediária do país, de acordo com critérios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

 

Durante a pesquisa, que será realizada em três fases (duas em maio e uma em junho), as pessoas são entrevistadas e testadas em casa, por meio de sorteio aleatório. Em cada uma das etapas, 250 moradores das cidades serão submetidos ao teste rápido, que detecta se o indivíduo já teve a doença.

Os pesquisadores estarão sempre identificados com um crachá.

 

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