Idealizador do FEMUSC, Alex Salles Klein, fala sobre o legado do festival

Alex Klein

Por: Elissandro Sutil

24/10/2021 - 20:10

O grande musicista e um dos idealizadores do projeto FEMUSC, Alex Salles Klein, concedeu uma entrevista ao jornal O Correio do Povo, diretamente do Canadá onde mora e trabalha como músico. Perguntamos como o idealizador vê o legado deixado pelo festival nesses 16 anos:

Alex Klein

“O FEMUSC provou diversas teorias e sonhos nossos na Região Sul do Brasil. Provou que é o maior, mais influente, mais diverso, mais abrangente, mais internacional, mais inovador, mais copiado, mais arrojado, mais socialmente responsável, mais enraizado na cultura local e mais financeiramente responsável festival de música do país não precisa estar localizado na região sudeste.

Nós na região sul somos plenamente capazes de criar um evento cuja influência e excelência são sentidas não somente no resto do país como no resto do continente e, de fato, ao redor do mundo. Em apenas 16 anos de existência o FEMUSC se transformou em nome de referência para o ensino de música em festivais, e elevou a já-reconhecida Jaraguá do Sul ao patamar de centro cultural internacional – pois é grande o número de participantes e professores cuja primeira viagem ao Brasil tem o destino de Jaraguá do Sul, e não Foz do Iguaçu, Rio de Janeiro, nordeste ou amazônia. O grande chamativo destas centenas ou milhares de pessoas é “o FEMUSC em Jaraguá do Sul”.

O FEMUSC mostrou que com imaginação, trabalho intenso e boa vontade podemos multiplicar as ações do festival, assim como multiplicar o valor de cada músico. Normalmente oferecemos mais de 200 apresentações abertas ao público, em meras duas semanas, e a grande parte destas são de caráter social, em centros comunitários, pontos de encontro da cidade, igrejas, casas de idosos, e até a penitenciária, assim como em diversas outras cidades da região. Ao mesmo tempo, damos a participantes a oportunidade de enfrentarem o público, seus nervos e seu melhor repertório e crescerem com isso. Professores são cuidadosamente escolhidos – inclusive com consulta a participantes – não somente por sua carreira expressiva ou experiência pedagógica, mas principalmente por seu humanismo, ou seja, sua habilidade de encontrar no FEMUSC um grupo variado de alunos de vários países, vários níveis de poder aquisitivo, vários níveis de oportunidades de estudo (temos alunos que aprendem a tocar via YouTube…) e estar em posição de ajudar estas almas a crescerem, e por tabela apoiarem também as comunidades de onde estes alunos vem.

A faísca principal do FEMUSC é justamente esta interação entre professores e participantes. A partir deste encontro nós, com incansável apoio de nossos patrocinadores, traçamos um plano de ação envolvendo master classes matutinas diárias, diversas orquestras, banda, balé, óperas e séries de concertos que por um lado trazem diversidade ao eclético público de Jaraguá do Sul, de música antiga até a música moderna e popular, mas que por outro lado oferecem um ambiente prazeiroso para estudo sem igual, e que explica como o FEMUSC é hoje uma “Mecca” para jovens estudantes de música, dezenas dos quais já saíram do FEMUSC encaminhados com contatos e bolsas de estudo para o exterior.

Tudo isso é possível fazer, em Jaraguá do Sul, na nossa querida região sul, com apoio local, e acima de tudo com a visão empresarial que reina em Jaraguá, de como fazer as coisas acontecerem de modo eficiente, bem organizado, e de modo que todos saiam ganhando, incluindo público, patrocinadores, escolas de música locais como a própria SCAR, e é claro os participantes e mesmo os professores que correm a aceitar o convite para retornarem no ano seguinte.”