Em 2024, o Brasil comemora o bicentenário da imigração alemã, um marco histórico que traz à tona a rica herança cultural e as contribuições significativas dessa comunidade ao longo dos séculos. Em Jaraguá do Sul, o bairro Rio da Luz destaca-se como um dos principais redutos da cultura alemã, preservando tradições e influenciando profundamente o desenvolvimento local.
Preservação da cultura
A imigração alemã para o Brasil começou em 1824, incentivada pelo governo brasileiro que buscava colonos para povoar o sul do país e fortalecer a agricultura. Os primeiros imigrantes se estabeleceram no Rio Grande do Sul, mas com o passar do tempo, muitos se deslocaram para outras regiões, incluindo Santa Catarina.
O bairro Rio da Luz, fundado no final do século XIX, tornou-se um destino atraente para muitas famílias alemãs, que buscavam novas oportunidades e um local seguro para se estabelecer, encontrando em Jaraguá do Sul um ambiente propício para construir suas vidas e preservar tradições.
Ao caminhar pelo Rio da Luz, é impossível não notar as influências alemãs que permeiam o bairro. As casas enxaimel, típicas construções que combinam madeira e alvenaria, são um marco visual que remete diretamente às vilas alemãs.
Além da arquitetura, a culinária alemã é uma presença constante em festas e eventos comunitários. Pratos tradicionais como chucrute, salsichas, bolos e pães típicos são servidos, mantendo vivas as tradições culinárias e fortalecendo os laços comunitários.
Desde a chegada na cidade, os imigrantes e seus descendentes destacaram-se em diversas áreas, como agricultura, indústria e comércio, contribuindo significativamente para a prosperidade da região. Muitos negócios locais foram fundados por famílias alemãs, que trouxeram consigo técnicas e conhecimentos que ajudaram a moldar a economia local.
A educação sempre foi uma prioridade para a comunidade do Rio da Luz. Escolas e associações culturais promovem o ensino da língua alemã e disseminam conhecimento sobre a história e as tradições dos imigrantes. Essas iniciativas garantem que as novas gerações continuem a valorizar e preservar sua herança cultural.
Bairro foi tombado em 2015
O levantamento de material para o tombamento do Conjunto Rural de Rio da Luz iniciou nos anos 1990, o dossiê foi organizado em 2007 e, em 2015, a região foi tombada pelo Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e passou a integrar os Roteiros Nacionais de Imigração.
O sítio tombado caracteriza-se pela predominância da atividade rural e residencial, complementada por pequenos comércios, igrejas e associações recreativas locais, mantendo os principais elementos que configuram o modelo de ocupação territorial estabelecido pelas colônias de imigrantes.
O sítio tombado caracteriza-se pela ocorrência de edificações rurais de valor cultural, de uso residencial, comercial, religioso e recreativo, típicas da arquitetura teuto-brasileira. Todos os exemplares enquadrados nesta caracterização deverão ser integralmente preservados, conservando-se seus elementos e características originais de volumetria, materiais e técnicas construtivas.
Futuro da herança alemã
Olhando para o futuro, a preservação da herança alemã no Rio da Luz depende do empenho contínuo da comunidade em manter suas tradições vivas. As sociedades germânicas desempenham um papel crucial nessa preservação, promovendo eventos culturais, esportivos e sociais que mantêm viva a herança alemã na região.
Jaraguá do Sul abriga mais de 15 sociedades recreativas, entre elas estão as sociedades Rio da Luz Vitória, Sociedade Recreativa Rio da Luz (Salão Barg) e Botafogo, entre diversas outras que preservam as tradições e também as cultivam entre as gerações mais jovens.
A presidente do Salão Barg, Arlete Hornburg, ressalta a importância que a colonização alemã representa para as sociedades do bairro. Desde sua fundação em 15 de agosto de 1915, a Associação Recreativa e Cultural Rio da Luz tem sido um pilar da comunidade que leva seu nome.
“Obrigado aos antepassados que iniciaram esse trabalho e aos que levaram esta tradição até os dias atuais, esperando que, nossas futuras gerações possam continuar mantendo e preservando nossa cultura.”