VidacomFarinha: “O molho empoderador”

"Quem prova esse molho, adora e sempre me passa feedback positivo. É o item campeão de vendas da Cozinha Bendito", diz Rafaela Thomé | Foto Arquivo Pessoal

Por: OCP News Jaraguá do Sul

17/08/2018 - 18:08 - Atualizada em: 17/08/2018 - 18:45

*Por Rafaela Thomé

Numa noite dessas bateu aquela preguiça de ir pro fogão. Mas era um dia especial – dia de namorado em casa com a gente. Lembrei que eu tinha uma massa de fettuccine guardadinha e lembrei que é permitido ao sócio proprietário da Cozinha Bendito (no caso, eu euzinha) abrir seu estoque e dali retirar um produto (desde que a baixa fosse devidamente registrada no controle).

Peguei não somente um, mas dois potinhos de molho de linguiça com bacon. Preparamos a massa atentos com carinho e atenção ao tempo de cocção, ralamos um parmesão e o molho. Ah, o molho… Apenas cinco minutos no microondas e pronto. Nosso jantar romântico em família estava servido. Na adega, apanhei um Merlot.

A cena era essa: um jantar servido para três pessoas de pijama, meio sentadas, meio deitadas de lado no sofá, cada um com sua mantinha de tricô feita pela minha mãe. Netflix na TV.

A primeira garfada foi seguida de um suspiro. Na segunda o coração começou a bater mais forte. Naquele momento senti uma emoção que pra mim era novidade, mas que quero me permitir sentir sempre. Foi a emoção do reconhecimento.

Quem prova esse molho, adora e sempre me passa feedback positivo. É o item campeão de vendas da Cozinha Bendito. Estudei, testei, errei; acertei mais que errei, levei tempo para chegar numa receita que me senti pronta para oferecer no cardápio. Então, de certa forma, saber que é bom eu já sabia.

Mas algo aconteceu de diferente ali, naquele momento. Eu me senti maravilhosa, poderosa, incrível, imbatível, plena. Foi aquela coisa de se olhar no espelho e dizer “ei, você mocinha, você é boa demais. Beijo no ombro, abençoadas mãos, não pare o que está fazendo, siga em frente, muita gente precisa viver essa experiência gastronômica. Se cuide, eim?”

Eu realmente nunca tinha me sentido assim, nem na maternidade, nem na vida como executiva da publicidade, nem como esposa, filha ou irmã. Lembrei-me do meu propósito na vida, que é servir. Entregar amor, carinho e boa nutrição em forma de alimento, por meio da culinária afetiva.

Lembrei-me de todo caminho que percorri, das dificuldades, dos medos. E sabe o que aconteceu neste momento, diante de toda essa epifania? Eu comecei a chorar e meu namorado ficou me olhando com a taça de vinho na mão ainda sem ter sido bebericada.

–      O que aconteceu? – perguntou ele, meio perdido.

–      Eu sou demais… – sussurrei pra ele enquanto Bento mantinha os olhos fixos na TV.

Sorrimos um para o outro e ele disse que sim, que eu sou demais. Sim, ele me ama e também ama meu molho de linguiça com bacon (espero que nessa ordem).

Naquele momento eu senti que era capaz de fazer algo único, incrivelmente saboroso e senti que o meu trabalho agora é capaz de mudar o humor ou dia ruim de alguém, de nutrir verdadeiramente as pessoas com algo positivo.

Hoje eu vejo que é possível não se cansar de trabalhar. E quando o meu trabalho me cansa e o corpo pede para eu parar um pouco, é um cansaço feliz, acompanhado de sorriso, de sensação boa, de auto-respeito e amor por mim mesma.

E você? Você tem feito o que ama? Seu cansaço é um cansaço feliz?  Você tem feito algo que, mesmo cansado, você faz com amor e consegue entregar excelência? Se não, sugiro que você prove o meu molho de linguiça com bacon e pense sobre isso. E se quiser bater um papo, pode me escrever pelo www.vidacomfarinha.com.

Um beijo!

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