Você já ouviu falar sobre investimento em ouro? Nas últimas semanas, muita gente vem falando sobre como o ouro pode ser uma boa estratégia para investir diante de um cenário de juros baixos. Mas, assim como eu e meus colegas já falamos algumas vezes aqui na coluna, nem toda a estratégia de investimentos é ideal para todos os investidores.
O perfil de investimentos deve ser considerado e alinhado principalmente com os objetivos da carteira. Por ser um metal precioso e que não pode ser fabricado, o seu valor não está sujeito a intervenções econômicas. A procura por ativos atrelados ao ouro aumentou significativamente nos últimos seis meses, dado o cenário atual, no qual os bancos centrais estão liberando altos estímulos monetários.
O rendimento real dos títulos do Tesouro Americano com prazo de 10 anos, por exemplo, caiu para muito abaixo de zero. Comento sobre esses títulos, pois eles são referência para o mercado de renda fixa mundial. Logo, os investidores dos outros países sempre ficam atentos às suas variações.
Com esse rendimento real negativo, o ouro acaba se tornando um refúgio devido às suas características. Sendo assim, podemos dizer que ele serve para proteger o seu patrimônio de situações como a elevação dos índices de preço no mercado e a desvalorização do dólar, por exemplo.
O ouro valorizou 312% nos últimos 10 anos, sendo que, nos últimos 6 meses, a alta foi superior a 40%. Apesar de ter certa estabilidade no longo prazo, é um ativo comercializado diariamente nas bolsas mundiais, o que mostra alta volatilidade. Por isso, esse ativo não se encaixa em um objetivo de curto prazo.
Historicamente, o preço do ouro se estabiliza e perde força quando o período de alguma crise acaba e a economia volta a ficar aquecida. Alguns fatores influenciam o retorno da estabilidade para o metal, mas na minha opinião, o principal deles é não gerar renda. Ou seja, esse ativo não lhe provém pagamento de dividendos ou juros ao longo do tempo, e você só obterá ganhos com o ouro caso consiga vendê-lo por um valor maior do que pagou na negociação.
No contexto atual, no qual se fala muito sobre esse tema, nós identificamos que esse ativo tem sido utilizado frequentemente como especulação, e não como uma escolha consciente para a carteira de investimento do cliente.
Quando utilizado como hedge – uma operação que tem o intuito de proteger contra as oscilações de mercado, e não geração de rendimentos – um fator a ser considerado é a exposição em ações, pois geralmente esses ativos são descorrelacionados.
Como que o investidor tem acesso ao ouro?
Bom, são algumas alternativas. Dentro do mercado financeiro, o investidor pode aplicar em fundos de investimento que negociam ativos de ouro de forma passiva, ou seja, para acompanhar a sua variação, ou de forma ativa, com objetivo de superar a variação do metal.
Os contratos futuros de ouro também são uma opção, pois, como o nome sugere, são acordos realizados pela compra e venda do metal em um determinado momento no futuro, por um valor preestabelecido. Em geral, a negociação é feita por meio de um contrato padrão, que considera o peso de 250g de ouro fino.
E, por fim, você pode comprar ouro em espécie por meio de uma corretora que seja autorizada tanto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) quanto pelo Banco Central (BC) e mantê-lo em um cofre em casa ou no banco.
Neste caso, lembre-se: é preciso levar em conta que isso demandará despesas extras com segurança. Além disso, há uma certa dificuldade na sua negociação, que traz para essa operação específica uma liquidez baixíssima.
Minha dica final: caso você tenha ouvido falar em investir neste tipo de ativo, leve em consideração essas informações e busque entender se realmente ele se encaixa nos seus objetivos de investimento. É preciso analisar bem se a sua estratégia contempla as características específicas do ouro para não comprometer a construção do seu patrimônio.
Texto de: Ana Kamila Casagrande. Contato: [email protected]. | warren.com.br