Caso Marielle revela 4 verdades sobre o Brasil

Por: Deltan Dallagnol

27/03/2024 - 06:03

 

No último domingo, o Brasil assistiu com satisfação ao encerramento de um dos mais tristes capítulos da história do país, com a prisão dos supostos mandantes do brutal homicídio da vereadora Marielle Franco, morta a tiros em 2018 ao lado de Anderson Gomes, seu motorista. O executor do crime, Ronnie Lessa, revelou em acordo de colaboração premiada ter sido contratado pelo agora deputado federal Chiquinho Brazão, pelo conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro Domingos Brazão e pelo delegado Rivaldo Barbosa, que tornou-se, dias antes do crime, chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Além do desfecho do caso, as prisões revelaram algumas verdades sobre o Brasil e os personagens atuais da política do país. A primeira delas era uma verdade já conhecida, mas agora reforçada: a hipocrisia gigantesca de Lula, do PT e da esquerda. Foi bastante irônico assistir à esquerda e ao governo Lula, que tanto atacaram a Lava Jato e as delações premiadas firmadas pela operação – que revelaram o monstro da corrupção nos governos do PT – comemorarem agora a resolução do caso Marielle, que só aconteceu por conta de delações premiadas fechadas pela Polícia Federal com os executores do crime. É irônico assistir a um Ministro da Justiça que não atua no caso fazer coletivas, quando criticavam o “midiatismo” da Lava Jato.

A segunda verdade é mais ampla, e fala muito sobre o Brasil: a de que a impunidade mata. Domingos Brazão, um dos presos, havia sido preso pela Lava Jato do Rio de Janeiro um ano antes da morte de Marielle, em uma investigação que apurava corrupção milionária em obras do Estado do Rio de Janeiro. Brazão ficou pouco tempo preso e, em setembro, menos de 6 meses depois de sair pela porta da frente da cadeia, ele começou a planejar a morte de Marielle com os demais participantes do crime, segundo a Polícia Federal. A correta punição de criminosos poderia ter salvado duas vidas. Quantas outras foram perdidas pela impunidade, que o STF hoje garante aos grandes políticos e empresários corruptos pegos pela Lava Jato?

A terceira verdade é sobre a relação entre corrupção e crime organizado. Uma grande surpresa do caso foi a prisão do delegado Rivaldo Barbosa, que tornou-se chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, e que havia abraçado e consolado a família de Marielle, prometendo que a resolução dos crimes seria sua prioridade. Era tudo uma grande mentira: RIvaldo, segundo a PF, era um delegado corrupto, comprado pelos Brazão para garantir que investigações de interesse da dupla nunca andassem na Polícia Civil. Ele teria participado de todo o planejamento do homicídio e teria até mesmo orientado Ronnie Lessa a evitar matar a vereadora em seu trajeto para a Câmara Municipal, a fim de evitar a caracterização do crime como político. No fim das contas, um dos motivos pelos quais o caso Marielle demorou 6 anos para ser resolvido foi que as mesmas pessoas que a mataram eram responsáveis por conduzir a investigação sobre o homicídio. E por trás do sucesso da organização criminosa está a corrupção.

A quarta verdade é que a esquerda utilizou a morte de Marielle como arma política, acusando de maneira sórdida e sem provas Bolsonaro ou seus filhos de serem os reais mandantes do crime. O site de extrema-esquerda The Intercept, conhecido por deturpar, distorcer e manipular os fatos para encaixar em suas narrativas, chegou a fazer uma reportagem falando da ligação entre a família Bolsonaro e o crime. Agora se sabe que os Bolsonaros não têm nada a ver com o caso e que na verdade os irmãos Brazão tinham apoiado a campanha de reeleição de Dilma Rousseff e laços fortes com o PT do Rio – o presidente estadual do PT, deputado federal Washington Quaquá, chegou a defender Domingos Brazão quando surgiu a suspeita de que ele seria um dos mandantes da morte de Marielle.

O desfecho do caso Marielle representa uma vitória da lei e da justiça sobre a impunidade. É a vitória das vítimas sobre os criminosos. É uma necessária vitória para a sociedade, já que, independentemente de quais fossem seus posicionamentos políticos, Marielle era uma parlamentar eleita e, portanto, representava uma parcela da população. É uma vitória também a família dela, que aguardou 6 anos por justiça. Mas é acima de tudo uma vitória da verdade sobre a mentira, principalmente as mentiras contadas pela esquerda em sua tentativa de criminalizar e perseguir a direita. Que Marielle possa agora descansar em paz.