A menos que se tenha talentos para fazer algo de si mesmo, a liberdade é um fardo penoso. Assim, alguns preferem escapar da responsabilidade individual, apesar da restrição do livre arbítrio.
Arrisco, ao iniciar esta coluna, perguntar: dá para encontrar “qualquer coisa” positiva na família real inglesa?!? O que valeu a mais na recente coroação do novo Rei, o Charles(tão), que não meramente um entretenimento de alto custo? Qual a sua funcionalidade positiva além do marketing e direitos de divulgação para “esta atual” Inglaterra combalida economicamente (pela autossegregação, em plebiscito, do Mercado Comum Europeu), governada por um hinduísta, apesar de oficialmente anglicana. Enfim, algum “valor” produzido?
Após a Revolução Francesa, que substituiu como “estopim” ao mundo esclarecido, a monarquia pela república, em 1789, dando ênfase à democracia, isto é, ao regime governamental em que todo o poder emana do povo e que o exerce por meio de representantes eleitos, tem “pipocado”, infelizmente, um triste retrocesso em vários pontos do mundo, vicejando a dominação de povos através do socialismo (e seu suprassumo, o comunismo) ou governos liderados por não eleitos pela “massa”, tais como czares, emires, ditadores, líderes supremos, líderes espirituais, pseudo reis e equivalentes. De Dalai Lama, tibetano, a Kim Jong-Um, coreano, o espectro é de 360 graus.
Estes nunca símbolos de liberdade socioeconômica e de empreendedorismo privado, muito menos de racionalidade e união nacional, são sempre ícones de submissão, humilhação e acomodação de nações inteiras. E, como consequência, tornam-se “impulsionadores do atraso”, pois a prosperidade do povo os enfraquece.
Quanto a isso, Eric Hoffer (1902-1983), filósofo norte-americano e autor de dez livros, tendo sido premiado com a Medalha Presidencial da Liberdade por suas contribuições em favor dela, alertou: “ao observar os homens de poder em ação, deve-se ter sempre em mente que, infelizmente, seu objetivo principal é a eliminação ou neutralização do indivíduo independente – eleitor, consumidor, trabalhador, proprietário, pensador – e que todo dispositivo que eles empregam têm como objetivo transformar os homens em instrumentos de animação manipulável, tal qual a definição de ‘escravo’ por Aristóteles”.
Os monstruosos males do século XX mostram que os “capitalistas selvagens”, aqueles gananciosos devoradores do dinheiro de terceiros, foram “pombos gentis”, se comparados aos “lobos” que odiavam dinheiro, como Lenin, Stalin e Hitler, e que em menos de três décadas mataram ou mutilaram quase cem milhões de homens, mulheres e crianças e trouxeram sofrimento incalculável à grande parte da humanidade
E estes crápulas adquiriram poder, porque para a maioria das pessoas, achando-se sem os talentos necessários para fazer algo de/para si mesmo, a liberdade é um fardo penoso. Assim, é mais fácil para estes acomodados (infelizes) indivíduos juntarem-se a movimentos de massas para escapar da responsabilidade individual, ou seja, tornarem-se, lamentável e paradoxalmente, “livres da liberdade”.
Sim, embora toda tirania coloque “o vizinho contra o vizinho”, ou seja, cada qual com um “olhar atento de denúncia sobre a porta ao lado”, ainda assim, os defensores de regimes não democráticos, sabem muito bem como provocar descontentamentos, infectando as pessoas com ódio, por saberem pregar uma esperança utópica, especialmente, entre os frustrados, onde é grande a ânsia para negociar sua independência para aliviar os fardos da vontade, de decidir e ser responsáveis pelo inevitável fracasso. Eles voluntariamente abdicam do direcionamento de suas vidas em nome daqueles que querem planejar, comandar e arcar com toda a responsabilidade
E o fim da história de todo regime supremo é sempre a da “suprema” desgraça, sob todos os prismas: pessoal, social, econômico, estrutural e nacional.
Erick Hoffer disse que “a capacidade de um povo conviver sem um líder tirano é a marca do vigor social” e Aristóteles (384-322a.C.) que “o homem livre é aquele senhor de sua vontade e somente escravo de sua consciência”
Mas, Platão (427-347a.C.), um pouco antes, já tinha “embolado a coisa” (por que, cara ?!?): a) “detendo o poder e certo da impunidade, o homem se sente deus entre os homens”; b) “muitos odeiam a tirania apenas para que possam estabelecer a sua”. E agora, sô?!?
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