“Crianças, brinquedos e brinquedos”

Por: Raphael Rocha Lopes

11/10/2021 - 11:10 - Atualizada em: 11/10/2021 - 11:22

“♫ Tá na hora, tá na hora,/ tá na hora de brincar/ pula pula bole bole/ se embolando sem parar/ Dá um pulo vai pra frente/ de peixinho vai pra trás/ quem quiser brincar com a gente/ pode vir nunca é demais (Ilariê, Xuxa).

​E chegou o Dia das Crianças, esperado com muita expectativa pela maioria delas, imaginando qual brinquedo vão ganhar (sim, crianças não gostam de ganhar roupas, principalmente meias…).

​Mas, além dos brinquedos há as brincadeiras. Aparentemente, as mais lúdicas estão perdendo espaço. Crianças brincando de pega-pega, esconde-esconde (e suas variáveis de nomenclaturas), amarelinha, elástico, que não dependem de grandes artefatos, pouco se vê hoje nas ruas. Nem de pula-corda, bolinha de gude (peca), estátua, estilingue (chilóida), pandorga (pipa, papagaio) bilboquê, carrinho de rolimã, bonecas, Playmobil, Lego. Até os jogos de tabuleiro, como ludo, damas, trilha, resta um, jogo da memória, banco imobiliário, detetive, quebra-cabeças e tantos outros, parecem estar mofando nas prateleiras das lojas. E os jogos de botão? Incontáveis e intermináveis discussões sobre lances e posições!

Os brinquedos

​A tecnologia sempre permeou a inovação no brincar. Isso não é novidade. E quando falo em tecnologia, trato de qualquer evolução, não apenas telemática. Entretanto, computadores vêm ganhando cada vez mais espaço no gosto das crianças.

​No início, eram os telejogos, com seus gráficos bem limitados. A grande primeira onda de videogames, no Brasil, foi nos anos 80 com o Atari e o Odyssey. Mais o primeiro do que o segundo. Nos EUA e Japão aconteceu bem antes. O Atari fez parte memorável da minha infância. Na sequência vieram os Sega, Super Nintendo, Game Boy, PlayStation, Xbox e entre eles tantos que é impossível nominar todos.

​Mas, pelo menos lá nos anos 80, havia limites para o uso de videogame. O limite se chamava chinelo. A ordem dada pelos pais era cumprida, e os jogos na TV (sim, porque conectávamos na televisão da casa) não poderiam atrapalhar a programação televisiva deles, e ficavam entre as tarefas escolares e outras brincadeiras menos virtuais.

O (novos) brinquedos

​Hoje os smartphones e os computadores suportam quase todos os jogos imagináveis. Desde aqueles de tabuleiro de cinco mil anos atrás, até os mais modernos e realistas possíveis.

​Em alguns países, o excesso de tempo de jogos online já está sendo visto como caso de saúde. Na China, estão monitorando as crianças e adolescentes durante os jogos, controlando seu tempo na internet, queiram os pais ou não.

​E há casos como o da Boneca Cayla, que foi banida na Alemanha em 2017. “My Friend Cayla” conversava com as crianças. Levantou-se a suspeita de que ela seria alvo fácil dos crackers (os hackers do mal), que poderiam acompanhar o comportamento das crianças, conversar com elas e passar publicidade sem autorização dos pais. A fabricante, na época, negou e disse que casos de invasão foram pontuais.

​A Cayla serve de aviso para todos os pais sobre os riscos dos brinquedos muito tecnológicos, especialmente os conectados à internet. É importante que se informem muito bem de como funcionam e entendam se há proteção à privacidade de seus filhos (e da família toda). Cada vez mais, se torna imprescindível a conversa entre pais e filhos sobre os riscos da internet mesmo dentro de casa.