“Mobilidade ou hostilidade urbana? A disrupção é lenta”

Por: Nelson Luiz Pereira

22/06/2021 - 21:06 - Atualizada em: 22/06/2021 - 21:25

Vamos a um papo reto. Em âmbito nacional, estamos avançando em ritmo de tartaruga com bengala no quesito mobilidade urbana. Nossa meta no Acordo do Clima de Paris, é reduzir as emissões em 43% até 2030. Bem, o Brasil não cumprirá, mas eu cumprirei. Pode lhe parecer absurdo, mas saiba que, cada vez que você tira da garagem seu carro, movido a combustível fóssil, você está contribuindo para matar 7 milhões de humanos no mundo anualmente, além de acelerar as alterações climáticas.

Alguns pensarão que eu sou um “ecochato”. Outros até sentirão um resquício de culpa seguido de um “fazer o que?”. Outros ainda, reconhecerão que, de fato, são emissores de Dióxido de Carbono (CO²). Então, a esses eu direi: não é só Dióxido de Carbono (CO²) brother, é também, Monóxido de Carbono (CO), Hidrocarbonetos (HC), Dióxido de enxofre (SO2), Aldeídos (CHO), Óxidos de Nitrogênio (NOx) e Material particulado (MP). Descobri que um veículo movido à combustível fóssil libera, uma média de 100 a 120 gramas desses gases por quilômetro rodado.

Mas essas insignificantes gramas não matariam ninguém, muito menos aqueceriam o planeta, pensei comigo. Acontece que eu nunca havia pesquisado a fundo essa questão, tampouco calculado meu particular e individual impacto. Me surpreendi ao chegar aos números. A fórmula é simples: 1 litro de gasolina = 1 x 0,82 (pureza) x 0,75 (densidade) x 3,7 (fator de transformação em CO²) = kg de CO² emitido por litro. Considere um desvio padrão de 10% pra mais ou pra menos. Minha consciência me acusou e me indagou: “e então, o que você vai fazer?”

Mergulhei mais a fundo e cheguei à campanha BreatheLife2030 da OMS, que mobiliza cidades e indivíduos para o combate contra a poluição do ar, visando proteger a saúde e o planeta. Minha consciência respondeu: “tudo bem, farei minha parte”. Aderi ao modal das pernas, Uber e aguardando regulamentação do sistema de bicicletas elétricas. Por incrível que pareça, perdi a simpatia por automóveis. Só em necessidades especiais. Entendo e respeito que, para muitos, o carro seja um indispensável instrumento de trabalho, mas para mim era mero conforto. Para outros, status. Sendo assim, serei tolerante com os que me enquadrarem como radical. Apenas peço que não me atropelem.