Brincadeiras e verdades – Leia a coluna de Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

07/09/2022 - 05:09

Vou falar de uma frase que acabei de ler. Antes, como de hábito, preciso dar umas voltas. Diz um velho ditado/piada que brincando, brincando o diabo empurrou a mãe dele de cima da ponte. E há também quem diga que brincado se pode dizer grandes e constrangedoras verdades. Bom, não vamos longe, nos programas humorísticos na televisão, por exemplo, o que muitos caras dizem daria cadeia aqui do lado de fora. Preconceitos de todo tipo e “verdades” picantes, verdades que hoje viraram crimes.

De fato, brincando abrimos as porteiras para dizer de nossas verdades. É assim e é assim com todos. O ser humano é extremante hipócrita. Nem é preciso lembrar que a palavra personalidade (o que somos nos encontros sociais) veio do vocábulo latino “persona”, máscara. Somos, infelizmente, isso mesmo, mascarados, dissimulados… A frase que acabei de ler dizia assim – “Quando a pobreza entra pela porta, o amor escapa pela janela”. Frase antiga, perdida no tempo. Sim, mas e daí, você concorda, leitora?

Eu não concordo. E não quero parecer virtuoso de porta de boteco. Sempre pensei no amor, no amor companheirismo, como indiferente ao dinheiro dele ou dela no banco. Mas tenho comigo, uma reportagem da Folha, ela tem alguns anos, está nos meus arquivos implacáveis, que diz na manchete: – “Dinheiro é mais importante que sexo no casamento”. Pode ser, admito plenamente, mas… Vale para os farsantes do amor. Precisamos de muito pouco para viver bem na vida, precisamos do que precisamos, não mais. Reconheço, sim, que nesta sociedade em que vivemos “ter” é muito mais importante que “ser”.

Só que não admito casamento senão por amor. E amor não sabe da cotação do dólar, sabe, todavia, enfrentar todas as borrascas com que venham se defrontar os “companheiros”, ela e ele, unidos pelo coração e não pelo saldo bancário. – Credo, Prates, tu não sentes vergonha de dizer essas bobagens? Não, não sinto, para mim é a verdade. Qualquer desafio que bata à porta de duas pessoas que se amam as vai fazer mais unidas. Dar tchau, buscar o divórcio porque o dinheiro encurtou dentro de casa? Credo, que nojo desses tipos que agem assim. Sim, falei com a maioria.

CARAS

Gosto de ver os hipócritas em ação. Ligo a tevê e circulo pelos canais “religiosos”… Ou então, olho atentamente para os “beatos” que saem em marchas e procissões. Olho para a cara deles, muitos de olhos fechados, outros batendo palmas, cantando bobagens… Olho e desligo, vão enganar outro. Nem a eles mesmos conseguem enganar. E os que carregam os andores são os piores…

LEMBRANÇA

Passei a minha vida escolar, do primeiro ao último ano de faculdade, na PUC/RS, em instituições católicas. E um dos ensinamentos que não esqueci foi-nos dado pelo irmão Narciso. Ele falava dos “escândalos” de muitos que ao passar na frente de uma igreja param, ajeitam o corpo e fazem o sinal da cruz, expondo-se ao ridículo. O “irmão” ensinou-nos a fazer o sinal da cruz, nesses momentos, com o polegar na palma da mão, ninguém vê. Discrição total num ato de fé. Isso é ensinar.

FALTA DIZER

O que não para de crescer no Brasil é a falta de vergonha na cara. O despudor está de plantão 24 horas. Uma cantora, que mais rebola do que canta, contou nas redes sociais que acabou de fazer uma cirurgia “reparadora” na vagina. Ficou bem apertadinha, disse ela. Falou sem nenhum constrangimento. E os filhos e os amigos não dizem nada? Acham graça. A “mocinha” tem 63 anos…