“Vício em açúcar: mito ou verdade?”

Foto divulgação | Pexels

Por: Erika Tavares

19/07/2021 - 14:07 - Atualizada em: 19/07/2021 - 15:00

Não há dúvidas que a glicemia (nível do açúcar no sangue) elevada pode desencadear inúmeros malefícios para saúde como aumento do risco de infarto do coração, Acidente Isquêmico Cerebral (AVC), obesidade, diabetes mellitus e outras doenças. No entanto, sobre o poder do açúcar em provocar vício ainda há muitas suposições, o que a ciência nos diz sobre isso?

O sistema de recompensa do cérebro é o circuito que processa a informação relacionada às sensações de prazer ou de satisfação. Quando se vivencia uma experiência prazerosa como ouvir uma música, jogar um jogo, sentir um aroma, experimentar um sabor ou uma lembrança afetiva há uma ativação desse circuito de recompensa, aumentando de forma natural a liberação do neurotransmissor chamado dopamina.

Para que uma substância possa de fato provocar dependência química ou psíquica é necessário que esta atue diretamente sobre vias cerebrais específicas, especialmente as vias da dopamina no sistema cerebral de recompensa, modificando a liberação deste neurotransmissor.

Um estudo comparativo de Jastreboff et al realizado em 2016 utilizou ressonância magnética cerebral funcional após a ingestão oral de glicose (açúcar) em adolescentes com e sem obesidade, permitiu ampliar o conhecimento sobre como estes monossacarídeos podem agir no cérebro. Os resultados mostraram que determinadas áreas do cérebro relacionadas à área de “recompensa” e “prazer” (sistema límbico) e a região executiva (córtex pré-frontal) foram ativadas, porém mesmo assim estes
achados não comprovam a existência de adição em açúcar.

Devido a essa sensação de prazer associada ao açúcar, a ingesta exagerada da substância para alívio momentâneo dos sentimentos de tristeza, raiva ou ansiedade é praticada de forma recorrente por muitas pessoas. Entretanto, não podemos esquecer que este “mecanismo de fuga” pode levar a outro transtorno, o vício em comer ou transtorno de compulsão alimentar, um comportamento disfuncional tão prejudicial como o vício em sexo, jogos, compras ou internet.

Em suma, até hoje não existem evidências científicas que realmente confirmem a capacidade de determinados alimentos, incluindo o açúcar, possuírem substâncias viciantes. O que sabemos é que uma alimentação saudável, rica em frutas, verduras, proteínas e nutrientes é imprescindível para se obter um desempenho satisfatório nos aspectos intelectual, físico e mental.

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