Sucessão familiar: tal pai, tal filho?

Segundo as Escrituras, o governo monárquico de Davi (1040-970 a.C.) teve longa duração (cerca de 40 anos). Cumprida sua missão, Davi preparou um sucessor, seu filho Salomão.

Embora separados de Davi por um longo espaço de tempo, seus princípios continuam válidos. Sua liderança foi bem-sucedida porque ele não viveu para si, mas para o próximo.

Desde , em meio a pessoas ávidas pelo poder, desejando-o a qualquer custo, sabe-se que projetos meramente pessoais não comportam nobres desígnios a empresas e governos. Segundo a Bíblia, Salomão chegou ao trono, não por simples indicação de Davi, mas por escolha divina e o grande legado herdado foi o espiritual, pois Davi, durante sua vida, demonstrou ser sempre dependente da orientação divina e sabia, portanto, que o reinado do filho só teria êxito se Salomão agisse da mesma forma.

Independente de credo religioso, toda sucessão empresarial de sucesso envolve respeito a valores e princípios dos antepassados, ainda mais, porque a maior herança não é o negócio em si, mas o conhecimento e a capacidade de liderança e gestão que trouxeram o negócio até o estágio atual. Estilos podem ser alterados, sim, até porque cada pessoa é diferente de outra, mesmo entre pai e filho, aqui valendo a comparação com uma mão, em que todos os dedos que lhe pertencem são diferentes entre si.

Filhos seguirem na empresa dos pais prescinde de preparação e mérito, pois nenhuma sucessão empresarial pode remeter ao nepotismo, este um insulto ao senso de justiça e ao credo da meritocracia, pelos quais deve-se merecer o que se consegue e não receber de presente. Isso, inclusive, ofusca a tese – baseada na biologia, antropologia, história e teorias políticas e sociais – de que o nepotismo, com raízes na natureza biológica, é a argamassa que une não só as sociedades de animais e insetos, mas também, na maior parte do mundo e da história, as sociedades humanas.

A união entre família e negócios nem sempre é fácil e é muito comum, passando entre gerações, os ideais empresariais se modificarem, e, por muitas vezes, serem descontinuados, seja por falta de preparo dos sucessores ou fatores externos.

Atualmente 90% dos negócios brasileiros são familiares, razão pela qual é muito importante o trabalho em prol da sucessão geracional de líderes, a fim de manter todo um sistema econômico e social. Para explicar como uma empresa passa com leveza pela sucessão familiar, com filho e pai trabalhando harmonicamente juntos, há que se lembrar que a expressão “tal pai, tal filho” (ou “cara de um, focinho de outro”) remete a semelhanças, nunca igualdades, pois experiências diferentes vividas em tempos diferentes resultam personalidades e comportamentos diferentes, mesmo que alicerçados em valores e princípios iguais.

O processo de sucessão intergeracional sempre envolve questões emocionais, incluindo conflitos interpessoais. Mesmo assim, é importante a presença do sucedido, com sua vivência à frente do negócio, pois a experiência profissional e de vida de quem atuou fortemente para alavancar os resultados da empresa como dono, é sem dúvida um capital intelectual muito valioso e, quando aliado a novas ideias e a vontade de aprender e de vencer do sucessor, torna o processo de sucessão muito mais rico e exitoso.

Afinal, o jovem não sai da faculdade sendo um empresário sabendo de tudo. Precisa aprender na prática o que faltou e os desafios que enfrentará como novo gestor serão facilitados com a presença do pai, lado a lado, respeitados o perfil e características um do outro e extraindo o melhor dessa convivência na transição do negócio. Sem embates, um ouvindo a opinião do outro e abrindo as mentes, para a aceitação de ideias não próprias, é o caminho que permite o crescimento do sucessor como empresário, o maior presente para um patriarca empreendedor. Assim, “um na boleia e o outro ao lado (sem desembarcar)”, ambos seguem como empresários … tal pai, tal filho …

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Emílio da Silva Neto

Dr. Eng., Industrial, Consultor, Conselheiro, Palestrante, Professor (*) Sócio da ‘3S Consultoria Empresarial Familiar’ (especializada em Processo Decisório Colegiado, Governança, Sucessão, Compartilhamento do Conhecimento e Constituição de Conselhos Consultivos e de Família). Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento.

Curriculum Vitae: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4496236H3
Tese de Doutorado: http://btd.egc.ufsc.br/wp-content/uploads/2016/08/Em%C3%ADlio-da-Silva.pdf
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