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“A comida do futuro”

Foto: pixabay

Por: Raphael Rocha Lopes

19/07/2022 - 05:07 - Atualizada em: 19/07/2022 - 18:20

♫ Mulher você vai fritar/ Um montão de torresmo pra acompanhar/ Arroz branco, farofa e a malagueta/ A laranja-bahia ou da seleta/ Joga o paio, carne seca, toucinho no caldeirão/ E vamos botar água no feijão” (Feijoada Completa, Chico Buarque).

Como já escrevi aqui, seja por questões filosóficas, seja por questões econômicas, a possibilidade de a humanidade passar a não consumir carnes como hoje é bastante grande. No livro “O código de honra: como ocorrem as revoluções morais”, Kwame Anthony Appiah explica bem os gatilhos econômico-sociais para a mudança de mentalidade coletiva, vindo sempre de cima para baixo, que é o que vai acontecer, provavelmente, no caso do consumo de carnes.

E não é de agora que se procura alternativas para uma alimentação mais saudável e sustentável, desde a utilização de outras leguminosas, frutas, raízes e cereais aos quais ainda se dá pouco valor, passando por insetos e algas, até alimentos criados tecnologicamente.

Da ficção científica para os pratos.

Muita gente argumenta que a alimentação contemporânea está trazendo mais males do que benefícios. Refrigerantes, biscoitos e chocolates com excesso de açúcar, comidas em geral industrializadas ou processadas demais, cereais modificados que em nada se parecem com seus ancestrais de cem anos atrás são bombas, dizem, para nosso corpo, mais inflamando-o do que o nutrindo.

Por outro lado, há décadas se vê em filmes e desenhos animados as pessoas do futuro se alimentando com pílulas que supririam todas as necessidades diárias. Nesse ínterim, os astronautas realmente utilizaram alimentos parecidos com isso, normalmente desidratados e em pó.

Atualmente existem empresas que condensam alimentos de forma, segundo elas próprias, saudável, podendo trazer verdadeiros banquetes para dentro de um pequeno pires. O prazer de comer fica, obviamente, para segundo plano. Também estão sendo desenvolvidas embalagens comestíveis: depois de aproveitar o conteúdo, vai o potinho de sobremesa.

Carnes de laboratórios, música e robôs.

Contudo, sem dúvida, os maiores alvos de polêmicas e discussões acaloradas, neste cardápio, são as “carnes” de plantas. Há os entusiastas e os detratores. Há quem ache o gosto parecido com a carne de verdade e quem diga que parece uma massa de nada superprocessada que traz mais prejuízos do que vantagens à humanidade.

Nessa linha, também tem as comidas de laboratório, com as carnes tradicionais, e, em desenvolvimento, carnes de animais exóticos, peixes e frutos do mar, aves e até ovos.

Também estão sendo desenvolvidas impressoras 3D para imprimir alimentos com base em massas comestíveis, e trilhas sonoras durante o cultivo para os alimentos ficarem menos amargos!

No final das contas, com os robôs inteligentes estando cada vez mais presentes, as perguntas que ficam são: quem será o chef, a máquina ou o homem? E, aquela feijoada completa da música do Chico ainda terá vida longa?

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Raphael Rocha Lopes

Advogado, autor, professor e palestrante focado na transformação digital da sociedade. Especializado em Direito Civil e atuante no Direito Digital e Empresarial, Raphael Rocha Lopes versa sobre as consequências da transformação digital no comportamento da sociedade e no direito digital. É professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Católica Santa Catarina e membro da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs.