Como você se alimenta? Saiba como identificar um transtorno alimentar

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Por: Elissandro Sutil

18/02/2021 - 07:02 - Atualizada em: 18/02/2021 - 09:13

Já falamos aqui sobre os principais transtornos alimentares que são: anorexia e bulimia. Embora menos conhecidos e pouco identificados existem outros transtornos alimentares que podem precisar de atenção médica. É o caso do Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (TARE), a Síndrome de Pica, a Vigorexia e a Ortorexia.

TARE (Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo)

De acordo com a psiquiatra Dra. Andrea Galastri, o TARE (Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo) é caracterizado pelo indivíduo evitar ou restringir alimentos. Isso pode ser devido à sensibilidade extrema a aparência, cor, odor, textura, temperatura ou paladar, que pode gerar uma defasagem nutricional e energética ao paciente. Pode também ser um indicativo de transtorno obsessivo compulsivo.

“Existem muitos tipos de problemas alimentares que possam justificar um diagnóstico de TARE, entre eles a dificuldade em digerir certos alimentos, falta de apetite, medo de comer depois de um episódio de asfixia ou vômitos” explica.

O TARE acontece principalmente na infância, mas pode se estender à idade adulta. Pode ocasionar problemas nutricionais e consequentemente problemas no neurodesenvolvimento, perda de peso ou dificuldade em ganho de peso adequado, carência de vitaminas e nutrientes, ansiedade, interferência no funcionamento psicossocial.

Síndrome de pica

É um transtorno bem mais comum do que você pode imaginar! A alotriofagia é caracterizada pelo desejo de consumir substâncias não comuns como terra, pedras, madeira, tinta, cabelo, papel, tecido e até fezes. A causa pode estar ligada a falta de nutrientes como ferro e zinco, e também a transtornos mentais.

O nome ‘Síndrome de pica‘ foi dado em referência ao pássaro pega-rabuda (pica-pica), o qual come praticamente tudo que vê pela frente.

De acordo com a psiquiatra, para ser considerada portadora do transtorno a pessoa precisa repetir o comportamento de ingerir materiais ou objetos por mais de um mês.

“Nesses casos é avaliado se o paciente possui algum problema relacionado à saúde mental que o impede de diferenciar o que é certo ou errado ingerir, se há quadro de depressão ou transtorno obsessivo-compulsivo e é feita a solicitação de exames”, pontua.

Vigorexia

A Vigorexia, também conhecido por Transtorno Dismórfico Muscular (TDM), é um transtorno psicológico e alimentar caracterizado pela insatisfação com a imagem corporal.

Esses indivíduos buscam um corpo perfeito, possuem sentimentos de inferioridade e visão deformada de sua aparência. Praticam intensos e frequentes exercícios físicos, algumas vezes associado ao uso de anabolizantes e suplementos alimentares.

Segundo a Dra. Andrea, também é comum a adoção de dietas extremamente ricas em proteínas, sem orientação especializada.

“A Vigorexia é mais comum em homens entre 18 a 35 anos de idade. E apesar de menos frequente, também ocorre em mulheres.”

O transtorno pode gerar complicações como insuficiência renal ou hepática, problemas de circulação sanguínea, risco de doenças cardiovasculares.

O tratamento ocorre de forma multidisciplinar, com a participação de médico, psicólogo, nutricionista e professor de educação física, “o intuito é de equilibrar a alimentação e exercícios. Além disso, terapias em grupos ou individuais e o uso de medicamentos podem ser indicados também”, complementa.

Ortorexia

A Ortorexia pode ser causada pela busca de um corpo perfeito, como de musas fit das redes sociais, ou pela preocupação excessiva com saúde.

 

Existe uma preocupação excessiva com quantidade e qualidade dos alimentos ingeridos, e a exclusão de grupos completos de alimentos . A pessoa com Ortorexia encara alimentação com extrema seriedade .

São exemplos de comportamentos que caracterizam este transtorno: pesar os alimentos, planejar refeições com muita antecedência , restringir o local de compra dos seus alimentos, recusar se alimentar de qualquer coisa que não tenha sido preparada por ela mesma, recusar eventos sociais ou levar sua comida já preparada, pensar muito a respeito do que come e se culpar por qualquer quebra de sua rotina alimentar.

Sobre os transtornos

Dra. Andrea salienta que, é claro que muitos de nós temos hábitos alimentares que poderiam se enquadrar nos transtornos descritos. Períodos curtos de modificação alimentar ou dietas específicas por períodos determinados não se enquadram como patologia.

“Para ser considerado uma doença os hábitos alimentares devem gerar algum tipo de prejuízo, seja físico, social ou emocional. O que diferencia um hábito alimentar cuidadoso, ou caprichoso, de uma doença é a rigidez do comportamento, a dificuldade de adaptação e o sofrimento ao quebrar o padrão preestabelecido”, finaliza.

Sobre a especialista

A psiquiatra Dra. Andréa Cristina Galastri (CRM 10561 e RQE 5122) atende na rua Amazonas, 227, no centro de Jaraguá do Sul. Informações pelo (47) 3371-7284.