Um estudo inédito revelou que os clubes da Série A do Campeonato Brasileiro movimentaram mais de R$ 1 bilhão em patrocínios de casas de apostas entre 2024 e 2025. O levantamento, conduzido pelo portal BDA Brasil em parceria com o Apostas Brasil, mostra como a regulamentação do setor transformou o patrocínio esportivo no Brasil e consolidou as bets como a principal fonte de receita de marketing dos clubes.
A análise considera dados públicos, informações de imprensa e cruzamento com contratos oficiais, resultando no mapeamento mais completo já feito sobre a atuação das casas de apostas no futebol brasileiro.
“O cenário atual é claro: sem o dinheiro das casas de apostas, boa parte dos clubes brasileiros teria sérias dificuldades para manter seus orçamentos. Em 2025, 18 dos 20 clubes da Série A já têm uma casa de apostas como patrocinadora master ou secundária, mostrando o tamanho dessa transformação”, destaca Eduardo Sena, Especialista em Apostas.
Uma virada de chave no futebol brasileiro
A partir de janeiro de 2025, o mercado de apostas esportivas passou a operar sob regulamentação federal, exigindo que as empresas tenham licença nacional para continuar atuando no Brasil. Com isso, o ambiente jurídico mais seguro impulsionou o investimento de empresas que antes estavam à margem da legalidade, e consolidou marcas já presentes com novos contratos e aumento de valores.
Entre os 20 clubes da Série A:
⦁ 18 são patrocinados por casas de apostas em 2025.
⦁ Em 2024, esse número era de 15 clubes.
⦁ Apenas dois clubes — Red Bull Bragantino e Mirassol — não têm patrocinador master do setor, mas ambos estampam marcas de apostas em partes secundárias do uniforme.
⦁ A penetração do setor na elite do futebol brasileiro ultrapassa os 90%.
Os contratos somam mais de R$ 1 bilhão e tem grandes clubes do país com foco
O estudo, que pode ser conferido no site oficial do BDA Brasil, também revelou que o valor médio dos contratos assinados pelos clubes da Série A gira em torno de R$ 63,82 milhões. Ao somar os valores conhecidos, o total de investimentos de casas de apostas nos clubes ultrapassa R$ 1 bilhão em patrocínios para 2025.
Foto: divulgação
Entre os contratos mais valiosos:
⦁ Corinthians: contrato com a Esportes da Sorte, avaliado em R$ 309 milhões por 3 anos (R$ 103 milhões/ano).
⦁ Flamengo: acordo com a Pixbet que gira em torno de R$ 105 milhões por ano.
Palmeiras: acordo com a Sportingbet que gira em torno de R$ 100 milhões por ano.
Em termos de evolução, 13 clubes aumentaram os valores de seus contratos, com destaque para Atlético-MG (+R$ 15 mi), Fluminense (+R$ 10 mi) e Vasco (+R$ 9 mi), o que indica uma tendência de valorização das propriedades dos clubes em um mercado mais competitivo.
Risco de proibição preocupa clubes e pode causar colapso financeiro
Enquanto o setor comemora a consolidação, um projeto aprovado na Comissão de Esporte do Senado propõe a proibição da publicidade de casas de apostas em clubes e eventos esportivos, o que acendeu um alerta em todo o mercado.
⦁ A proposta, se aprovada no plenário, pode causar um colapso financeiro no futebol nacional, segundo nota assinada por diversos clubes da Série A.
⦁ Estima-se que mais de 30% da receita de marketing dos clubes viria diretamente dessas parcerias.
⦁ Clubes afirmam que sem esse dinheiro, não conseguem competir nem manter suas operações básicas.
“As graves perdas financeiras serão bastante expressivas para os grandes clubes. Porém, o que é ainda mais cruel no Substitutivo é que essas novas regras poderão ser definitivas para a sobrevivência de clubes de menor expressão, que igualmente realizam trabalho social importante e carregam a ligação afetiva das suas coletividades nas regiões onde estão sediados”, destacaram os clubes no manifesto oficial sobre a proibição.
O que está em jogo vai muito além da camisa dos clubes
O estudo mostra com clareza: os contratos com casas de apostas já movimentam mais de R$ 1 bilhão só entre os clubes da Série A do Brasileirão. Flamengo, Corinthians e Palmeiras concentram as cifras mais altas, mas praticamente todos os times da elite têm em 2025 o apoio financeiro direto dessas empresas. Mesmo clubes da Série B e C passaram a contar com patrocínios, consolidando o setor como um dos maiores investidores do futebol brasileiro na atualidade.
Por isso, a recente proposta em tramitação no Senado, que visa restringir ou até proibir a publicidade de casas de apostas no futebol, acende um alerta vermelho em todo o setor. A Comissão do Esporte já aprovou o projeto de lei, e diversos clubes se uniram em uma nota pública alertando para o risco de “colapso financeiro” caso a medida avance.
Eduardo Sena, Especialista em Apostas no BDA Brasil faz alerta:
“Os dados mostram que as casas de apostas já fazem parte da engrenagem do futebol brasileiro. Impedir esse tipo de patrocínio sem oferecer uma alternativa viável é o mesmo que tirar o oxigênio de muitos clubes. O impacto vai além do campo e a solução precisa ser muito bem pensada, para que os clubes consigam se estruturar no longo prazo.”
Com a regulamentação em vigor, contratos milionários assinados e a presença das apostas em todas as frentes, do gramado à mídia tradicional, a discussão sobre limites e responsabilidades precisa existir, mas deve considerar o peso econômico e estrutural que o setor representa para o esporte brasileiro em 2025.