Voluntários proporcionam jornada menos dolorosa aos pacientes hospitalares

Por: Elissandro Sutil

05/12/2017 - 06:12 - Atualizada em: 16/04/2018 - 12:16

É do escritor Antoine de Saint-Exupéry, autor de uma das obras mais famosas no mundo – O Pequeno Príncipe – uma frase que define com precisão o que é ser voluntário: “A verdadeira solidariedade começa onde não se espera nada em troca”. Entretanto, quem promove este tipo de serviço pode afirmar que os ganhos são ilimitados. Hoje, Dia Internacional do Voluntário, cabe reforçar a importância de atuar em benefício do próximo e do bem comum.

Dedicada à prática há quatro anos em Jaraguá do Sul, para onde migrou quando passava por tratamento oncológico, Rose M. H. Klug, 55 anos, realiza o serviço no Hospital São José a cada 15 dias. Ela e outras voluntárias recebem pacientes oncológicos submetidos a radioterapia, quimioterapia e consultas, que não residem na cidade, e seus acompanhantes no Conforto Oncológico. O espaço, com cozinha equipada, salas, banheiros e dormitório, é destinado para descanso e alimentação das pessoas em tratamento provenientes de toda a Região da Amvali, que inclui Rio Negrinho, Mafra, Três Barras, São Bento e outros municípios mais próximos.

Conforme explica Rose, alguns enfrentam quatro horas de viagem todos os dias enquanto fazem o tratamento. “É uma jornada muito difícil. Quando você passou por isso, você sentiu a dor, você sabe o que a pessoas está sentindo. E tem pessoas que ficam muito abaladas. Mas, quando elas entram aqui, parece que essa dor diminui, pois se sentem bem-acolhidas. Ficam muito agradecidas, porque têm um cantinho para ficar, um local para comer”, salienta a voluntária.

Para muitas pessoas, o serviço realizado dentro dos hospitais pode parecer bem difícil, já que é preciso lidar com a dor e fragilidade dos pacientes. Mesmo assim, quem se dedica a acolhê-los garante que a satisfação é maior que qualquer obstáculo. “Eles vêm aqui, tomam café e descansam vendo televisão, muitos até almoçam. E, enquanto eles comem a gente conversa. Nós procuramos diverti-los um pouquinho, saindo da doença e interagindo de outra forma”, diz Rose. Segundo a voluntária, o objetivo é recebê-los de maneira sempre muito amável, com abraços calorosos e beijos. “Eles precisam desse carinho, pois o tratamento oncológico é muito difícil e tem muita superstição em cima. Para muitos, câncer é sinal de morte. Mas a gente tenta passar que existem inúmeros casos de pessoas que conseguiram cura. Como eu, que fui paciente e ainda faço acompanhamento”, revela.

Rose também é voluntária na AMA e auxilia em algumas promoções do Grupo AmorAção. “Não tem uma hora certa, um dia certo, é quando precisar. O trabalho voluntário mudou bastante a minha vida. Porque a gente consegue ver a simplicidade das coisas. Quanto mais simples você for, quanto mais simples for a sua vida, mais tempo você tem para se doar aos outros. Quando você chega nesse ponto de entender isso, você deixa um monte de coisas de lado e tem tempo. Isso me dá muita satisfação. Cada vez que eu venho aqui eu volto mais leve, porque eu sei que abracei, conversei, fiz café, ouvi, lavei louça e estou ajudando pessoas que precisam de ajuda”, declara, emocionada.

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Alegria é remédio na recuperação

Um dos muitos ensinamentos repassados pelo iogue e guru indiano Paramahansa Yogananda em sua jornada na Terra dizia que “não basta ter compaixão, é preciso agir”. E, especialmente quando se vive a realidade de um ambiente onde a alegria acaba sucumbindo à enfermidade, essa máxima torna-se indispensável. Há 10 anos atuando no Hospital São José, a secretária administrativa Vanessa Dana, 34 anos, sentiu que poderia contribuir para tornar a rotina dos pacientes um pouco mais feliz. Em 2012, ela ingressou no grupo Humana Alegria, hoje chamado SaraCura, que atua todas as sextas-feiras e, às vezes, também no domingo, visitando os pacientes. Nestas oportunidades, ela deixa de ser a funcionária da instituição para se tornar a Dra. Pink.

“Nossa missão é tirar os pacientes daquele clima tenso de doença, promovemos brincadeiras e abordamos temas leves. Usamos o bom-humor para levar amor”, ressalta a voluntária, que antes de aderir ao projeto nunca se imaginou fazendo esse trabalho. “Quem me vê de uniforme não imagina que quando coloco o nariz de palhaço e a peruca rosa eu me transformo. Naquele momento, eu sou outra pessoa e tudo ocorre espontaneamente. A gente nunca ensaia nada”, revela.

Hoje, 12 pessoas integram o SaraCura, inclusive o marido de Vanessa, Erivelton. Eles se conheceram no trabalho e, de tanto ver a esposa se caracterizando e atuando, foi surgindo o interesse em entrar no grupo. “Hoje a gente atua junto. Ele é mais engraçado, porque no dia a dia é mais sério e tímido, mas como palhaço ele supera tudo isso. Às vezes, mesmo cansada, sei que esta é uma maneira de renovar as energias. Depois que coloco a roupa, o cansaço vai embora, me sinto realizada, sinto gratidão”, destaca. O casal também é voluntário do Coral do Hospital São José.

Hoje, o HSJ conta com mais de 160 voluntários pertencentes a nove grupos, incluindo o Conselho Administrativo. Estas pessoas promovem os mais diversos trabalhos dentro da instituição de saúde. Interessados em doar parte do seu tempo para promover esse serviço devem procurar o setor de Gestão de Pessoas do hospital para preencher um formulário e passar por avaliação. Além das ocupações existentes, o São José está aberto para que o candidato a voluntário faça sugestões de práticas e ações a serem implantadas.

Seis das 12 pessoas que integram o SaraCura | Foto Eduardo Montecino/OCP

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