Desde que o COVID-19 chegou ao Brasil, a busca por informações a respeito do contágio por animais domésticos aumentou muito e muitas informações equivocadas e ambíguas estão sendo divulgadas.
Para desmistificar a questão, a médica veterinária Daniele Zurita Perrella (CRMV 39807) reuniu alguns dados sobre o assunto.
“De pronto, respondo que não há qualquer evidência de que cães e gatos possam ser infectados pelo COVID-19, bem como possam transmiti-lo para humanos. Entretanto, não é por isso que vamos deixá-los em ambiente contaminado”, ressalta.
Recentemente, a veterinária leu em matéria que está sendo amplamente divulgada, que os pets pegam coronavírus, mas que os seus sintomas são diferentes, semelhantes a uma parvovirose. Segundo ela, a matéria limitava-se a essa informação.
“Para um veterinário, essa informação não tem nada de errada. Para tutores, que não têm conhecimento de que o coronavírus tem diversas ‘versões‘, essa informação pode ser um problema”, garante.
Daniele revela que o coronavírus é, na verdade, um grupo de vírus comum entre os animais.
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Em casos muito raros, ele é o que os cientistas chamam de zoonótico, que pode ser transmitido de animais para seres humanos, de acordo com os Centros dos EUA para Controle e Prevenção de Doenças.
Logo, explica a veterinária, existem vários tipos de coronavírus – bovino, felino, canino, de galinha –, diversos coronavírus em morcegos e em seres humanos, entre outros.
Cada tipo tem um conjunto específico de sintomas para os seus hospedeiros.
Coronavírus em cães e gatos
Nos cachorros, o coronavírus pode aparecer de duas formas: uma com manifestação respiratória e outra entérica – essa última mais comum e que causa um quadro de diarreia.
É importante salientar que essas duas formas de coronavirose canina são prevenidas por meio da vacinação anual, a V8 ou V10.
Já os felinos também têm seu coronavírus próprio (FCoV), que pode causar a Peritonite Infecciosa Felina, a PIF. A doença é encontrada em praticamente todo o mundo e, infelizmente, até o momento, não existem vacinas para prevenir o FCoV.
Em resumo, nos pets o sistema gastrointestinal é acometido, o que é muito semelhante a parvovirose, causando sintomas completamente distintos dos coronavírus humanos.
“Esses tipos de coronavírus que acometem pets não são transmissíveis aos humanos e não têm relação com o covid-19“, afirma.
Cuidados gerais
Daniele esclarece que estamos diante de um vírus de baixa taxa de mortalidade (comparado ao seu antecessor, SARS), mas alta virulência.
Tosse, espirro, beijos ou abraços podem causar exposição. O vírus também pode ser transmitido ao tocar em algo que uma pessoa infectada tocou e depois em sua boca, nariz ou olhos, e é aí que surge o problema.
“Pense bem, se uma pessoa infectada espirrar na mão, fazer carinho no cachorro e, depois outra pessoa entrar em contato com aquele cachorro o que pode acontecer? Bem, se essa pessoa colocar a mão na boca, olho ou nariz, há grande chance de contágio. Exatamente como pode acontecer com maçanetas e balcões”, destaca.
Ainda, esse cachorro poderá sim apresentar o vírus no seu organismo, uma vez que ele pode lamber o próprio pelo ou um ambiente contaminado, o que não significa que ele apresentará sintomas.
“O pet não estará transmitindo o COVID-19, mas sendo um meio de transmissão, carregando vírus pelo ambiente”, complementa.
Para quem está com a doença, o contato com o animal deve ser evitado, sem os famosos lambeijos.
Quarentena do tutor
Atualmente, os pets são como um integrante da família.
Sendo assim, segundo a veterinária, o interessante seria deixá-lo em um hotel para animais ou aos cuidados de outra pessoa durante o período de quarentena do tutor, evitando que o pet carregue o vírus por todo o ambiente familiar.
Caso não tenha essa possibilidade, é importante passar álcool em gel sempre que for brincar com eles, mexer em ração, brinquedos ou petiscos.
Os passeios não devem ser cortados, por uma questão de bem-estar animal. Escolha os horários de menor movimento nas ruas, bem como evite locais aglomerados, e use produtos de higiene animal nos pelos e patas antes e depois do passeio.
Com informações da Assessoria de Comunicação
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