COVID-19 pode ser transmitido por cachorros e gatos?

Gato e cachorro deitados no chão

Foto Divulgação/Super Abril

Por: Elissandro Sutil

18/03/2020 - 21:03 - Atualizada em: 18/03/2020 - 21:09

Desde que o COVID-19 chegou ao Brasil, a busca por informações a respeito do contágio por animais domésticos aumentou muito e muitas informações equivocadas e ambíguas estão sendo divulgadas.

Para desmistificar a questão, a médica veterinária Daniele Zurita Perrella (CRMV 39807) reuniu alguns dados sobre o assunto.

De pronto, respondo que não há qualquer evidência de que cães e gatos possam ser infectados pelo COVID-19, bem como possam transmiti-lo para humanos. Entretanto, não é por isso que vamos deixá-los em ambiente contaminado”, ressalta.

Recentemente, a veterinária leu em matéria que está sendo amplamente divulgada, que os pets pegam coronavírus, mas que os seus sintomas são diferentes, semelhantes a uma parvovirose. Segundo ela, a matéria limitava-se a essa informação.

Para um veterinário, essa informação não tem nada de errada. Para tutores, que não têm conhecimento de que o coronavírus tem diversas versões, essa informação pode ser um problema”, garante.

Daniele revela que o coronavírus é, na verdade, um grupo de vírus comum entre os animais.

 

 

Em casos muito raros, ele é o que os cientistas chamam de zoonótico, que pode ser transmitido de animais para seres humanos, de acordo com os Centros dos EUA para Controle e Prevenção de Doenças.

Logo, explica a veterinária, existem vários tipos de coronavírus bovino, felino, canino, de galinha, diversos coronavírus em morcegos e em seres humanos, entre outros.

Cada tipo tem um conjunto específico de sintomas para os seus hospedeiros.

Coronavírus em cães e gatos

Nos cachorros, o coronavírus pode aparecer de duas formas: uma com manifestação respiratória e outra entérica – essa última mais comum e que causa um quadro de diarreia.

É importante salientar que essas duas formas de coronavirose canina são prevenidas por meio da vacinação anual, a V8 ou V10.

Já os felinos também têm seu coronavírus próprio (FCoV), que pode causar a Peritonite Infecciosa Felina, a PIF. A doença é encontrada em praticamente todo o mundo e, infelizmente, até o momento, não existem vacinas para prevenir o FCoV.

Em resumo, nos pets o sistema gastrointestinal é acometido, o que é muito semelhante a parvovirose, causando sintomas completamente distintos dos coronavírus humanos.

Esses tipos de coronavírus que acometem pets não são transmissíveis aos humanos e não têm relação com o covid-19“, afirma.

Cuidados gerais

Mão acaricia cabeça de gato

Foto Divulgação/Greenme

Daniele esclarece que estamos diante de um vírus de baixa taxa de mortalidade (comparado ao seu antecessor, SARS), mas alta virulência.

Tosse, espirro, beijos ou abraços podem causar exposição. O vírus também pode ser transmitido ao tocar em algo que uma pessoa infectada tocou e depois em sua boca, nariz ou olhos, e é aí que surge o problema.

Pense bem, se uma pessoa infectada espirrar na mão, fazer carinho no cachorro e, depois outra pessoa entrar em contato com aquele cachorro o que pode acontecer? Bem, se essa pessoa colocar a mão na boca, olho ou nariz, há grande chance de contágio. Exatamente como pode acontecer com maçanetas e balcões”, destaca.

Ainda, esse cachorro poderá sim apresentar o vírus no seu organismo, uma vez que ele pode lamber o próprio pelo ou um ambiente contaminado, o que não significa que ele apresentará sintomas.

O pet não estará transmitindo o COVID-19, mas sendo um meio de transmissão, carregando vírus pelo ambiente”, complementa.

Para quem está com a doença, o contato com o animal deve ser evitado, sem os famosos lambeijos.

Quarentena do tutor

Atualmente, os pets são como um integrante da família.

Sendo assim, segundo a veterinária, o interessante seria deixá-lo em um hotel para animais ou aos cuidados de outra pessoa durante o período de quarentena do tutor, evitando que o pet carregue o vírus por todo o ambiente familiar.

Caso não tenha essa possibilidade, é importante passar álcool em gel sempre que for brincar com eles, mexer em ração, brinquedos ou petiscos.

Os passeios não devem ser cortados, por uma questão de bem-estar animal. Escolha os horários de menor movimento nas ruas, bem como evite locais aglomerados, e use produtos de higiene animal nos pelos e patas antes e depois do passeio.

 

Com informações da Assessoria de Comunicação

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