“Um exemplo de inclusão, prevenção e cidadania”

Por: Nelson Luiz Pereira

04/03/2020 - 07:03 - Atualizada em: 04/03/2020 - 07:28

A obra literária “Branca de Neve e as tentações da bruxa”, lançada ontem pelo Centro de Atendimento Educacional Especializado Maria Anna Malutta (CAESP), da APAE de Guaramirim, transmite um significado especial para a sociedade: o mundo construído coletivamente é transformador. Esta obra é um fiel retrato disso. Foi produzida com a colaboração de educadores, escola, os próprios alunos, e sociedade. A mensagem essencial contida na obra, é a de que a deficiência pode e deve ser prevenida.

Para termos uma ideia de proporção dessa realidade, eis alguns dados: pesquisas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da própria ONU apontam que cerca de 15% da população mundial (mais de 1 bilhão) possui algum tipo de deficiência (física, sensorial, intelectual ou psicossocial). Desse contingente, 80% pertencem a países pobres e em desenvolvimento. Deduzimos, então, que muitas das deficiências poderiam ser prevenidas, mas não acontecem por falta de conhecimento e educação.

É notório que ao longo da história da humanidade crenças e valores culturais têm estigmatizado as pessoas com deficiência. Basta voltarmos um pouco ao tempo e veremos que na antiga Grécia, berço da civilização, o pensamento mítico moldava a sociedade, ancorada na concepção do homem “viril, bom e belo”. O próprio Platão corroborava essa visão em sua obra prima “A República” quando apregoava que, “a força do corpo também deve ser cuidada e caberá à ginástica desenvolvê-la, sem ter, contudo, por finalidade a formação exclusiva de atletas. Aos inválidos não serão dados cuidados: serão simplesmente abandonados”. Lamentavelmente, algumas sociedades contemporâneas ainda se mantêm presas a esse passado.

Exemplos como esse da Apae de Guaramirim, nos fazem refletir sobre a dimensão da deficiência, além de conscientizar a sociedade acerca da igualdade de oportunidades, da garantia de direitos, da inclusão, dignidade e cidadania. Uma obra, cuja atitude dos envolvidos, nos demonstra que a verdadeira deficiência habita no preconceito, nas velhas ideias, na falta de educação, conhecimento e respeito.