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O Dia do Trabalhador nos novos tempos

Foto: Freepik

Por: Raphael Rocha Lopes

30/04/2024 - 14:04 - Atualizada em: 30/04/2024 - 16:35

 

“♫ Subiu a construção como se fosse máquina/ Ergueu no patamar quatro paredes sólidas/ Tijolo com tijolo num desenho mágico/ Seus olhos embotados de cimento e lágrima” (Construção; Chico Buarque).

Quem gosta um pouco de história ou de fotografia, ou de ambos, lembra daquelas icônicas imagens de trabalhadores pendurados em prédios em construção nos EUA, especialmente aquela em que onze homens aparecem almoçando displicentemente sentados em uma viga, sem qualquer aparato de segurança, a, supostamente, sessenta e nove andares de altura (ou algo em torno de 260 metros), no 30 Rockefeller Plaza, em Nova Iorque, que levou o nome, a fotografia, de Lunch atop a Skyscraper, de 1932 e autoria supostamente de Charles Ebbets.

Muita gente trabalhou naquela obra, e em tantas outras grandiosas, e muita gente morreu pela mínima falta de condições de segurança. E assim foi em grandes obras em todas as partes do mundo. Houve uma evolução, neste aspecto, pelo menos na maioria dos países, garantindo um mínimo de dignidade aos trabalhadores.

A Revolução Industrial

Antes disso, veio a Revolução Industrial, que deixou muita gente em polvorosa porque era o sinal dos tempos que a mão de obra humana seria substituída por máquinas e deixaria os pobres ainda mais pobres.

A história mostrou que não foi bem, assim. As condições do proletariado eram piores antes da Revolução, com crianças de nove, dez anos trabalhando mais de 12 horas por dia em condições sub-humanas.

O capitalismo venceu, pois aos poucos as condições dos trabalhadores foi melhorando, seus salários aumentando, e a diversificação de empregos crescendo. A expectativa de vida aumentou e as crianças puderam frequentar mais as salas de aula do que as fábricas quentes e sujas daquela época.

A Revolução Algorítmica

De lá para cá muita coisa aconteceu. Os capitalistas mataram centenas de milhares de pessoas com apenas duas bombas no Japão, fora outro tanto que ficou com sequelas para o resto da vida. Os comunistas mataram milhões de pessoas de fome e de bala na União Soviética e na China (e em outros lugares), assim como os fascistas e nazistas.

O homem foi à lua e morreu implodiu no fundo do mar. Satélites saíram da Terra e já ultrapassam os limites do Sistema Solar. Aviões supersônicos, computadores, internet, aparelhos celulares, veículos autônomos, máquinas de tudo que é tamanho e para tudo que é utilidade. Como dizia o pessimista Schopenhauer, o homem é uma máquina de desejos que nunca desliga.

O problema é quando os desejos viram realidade. Vieram os algoritmos conduzindo nossas vidas na internet, veio a inteligência artificial que ninguém sabe direito o que vai conduzir e onde vai parar, mas que está acelerando como nunca a substituição dos homens pelas máquinas. Em praticamente em todas as áreas. É questão de tempo para você ser atingido por ela, caso ainda não tenha sido. Isso não é propriamente ruim, basta saber aproveitar. Mas é importante que você saiba o que está acontecendo.

Do contrário, pode acabar como o trabalhador da música de hoje que Sentou pra descansar como se fosse um príncipe, Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo, Bebeu e soluçou como se fosse máquina, Dançou e gargalhou como se fosse o próximo, E tropeçou no céu como se ouvisse música, Morreu na contramão atrapalhando o público…

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Raphael Rocha Lopes

Advogado, autor, professor e palestrante focado na transformação digital da sociedade. Especializado em Direito Civil e atuante no Direito Digital e Empresarial, Raphael Rocha Lopes versa sobre as consequências da transformação digital no comportamento da sociedade e no direito digital. É professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Católica Santa Catarina e membro da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs.