Vi hoje o vídeo daquele milionário polonês que arrancou, na cara dura, um boné autografado da mão de uma criança que tinha acabado de ganhá-lo do tenista Kamil Majchrzak, no torneio US Open. O idiota da vez se chama Piotr Szczerek, CEO da empresa de pavimentação Drogbruk, e teve a petulância de se manifestar nas redes sociais dizendo que o mundo é dos ligeiros, ou algo assim. E que processaria quem o criticasse. Pois, processe-me, sr. Szczerek. Poucas vezes vi a ignorância demonstrada de forma tão vil e absurda. Se você não viu o vídeo, veja e depois me diga se estou exagerando. Não processarei ninguém por divergência de opinião.
Parece que ele se desculpou depois e disse que imaginou que o boné fosse para seus filhos. Mentira deslavada. Basta ver o vídeo. Hipócrita!
Esse fato, entre pessoas ricas (tanto o vilão quanto a criança), porém, é só a ponta do iceberg. Comportamentos como o desse homem (com h bem minúsculo) servem como exemplo e moldam as crianças de hoje e os adultos de amanhã. Não sei se é a ideia de lucro a qualquer custo, da tal meritocracia para justificar tudo, do tempo excessivo diante das telas (pelos adultos), da crescente visão umbilical das pessoas, mas o fato é que estamos matando o futuro das crianças.
Se você, como eu, ficou chocado com a atitude do polonês, também deveria ficar ainda mais chocado com as crianças morrendo de fome na Palestina, com as crianças sequestradas na Ucrânia, com as crianças abusadas sexualmente no Brasil. E tantas outras crianças em todas as partes do mundo passando por situações como essas todos os dias.
O boné arrancado da mão da criança é apenas um símbolo: mostra como o egoísmo, a arrogância e a insensibilidade já não se escondem mais. Ao contrário, são celebrados. E quando a frieza diante da dor infantil se normaliza, não perdemos apenas a noção de humanidade. Perdemos o amanhã.
O texto de hoje é curto e pouco ou nada trata de transformação digital. Mas é que a indignação está grande.
A notícia boa é que o tenista encontrou o menino e entregou um boné e outros presentes para ele, além de tirar fotos.