Acelera, a vida não para. Acelera, o tempo voa. Acelera, não perca tempo. Esteja sempre à frente, pise fundo. No modo desenfreado de seguir, olhando para frente, sempre além, em ritmo frenético, rumo ao futuro. Tenha tudo em dia, usufrua todas as horas, dê conta de tudo — você consegue. Sim, consegue, porque tem que conseguir. Escute mensagens em velocidade acelerada para sobrar tempo para outras tarefas. Fazer, construir, produzir, ser útil, alcançar metas, objetivos. Responder todas as mensagens, estar conectado — quase uma obsessão pela informação. Que vida louca! É assim mesmo. Esse é o mantra.
Sem tempo para nada, sem tempo para você. Vinte e quatro horas parecem insuficientes para cumprir todos os compromissos. Atividades não programadas? Uma missão praticamente impossível. O tempo voa. É tudo tão normal, essa correria maluca, que não fazer nada — dar um tempo para você mesmo, se olhar e se sentir — é considerado errado. Você sente culpa. Tirar o pé do acelerador? Jamais. Você fica para trás. Os outros te ultrapassam; você fica esquecido, ultrapassado, ineficiente, com baixo nível de produtividade, sem desempenho.
O tempo está indo rápido demais. As tarefas são realizadas no modo automático, sem prestar atenção no que se está fazendo. Ritmo acelerado. Que tal parar? Isso mesmo: pare! Andar um pouco mais lento, na velocidade permitida, faz parte da viagem. Fazer pausas, contemplar a parada. Tomar um café. Usufruir a paisagem, usufruir do caminho — torna a viagem mais interessante e mais completa. Viva a experiência, permita-se aprofundar.
É preciso nos alongar, deixar decantar, deixar acontecer e deixar tocar. Na medida em que nos deixamos tocar, podemos nos expandir e nos transformar. Ter consciência da vida. Esteja presente na sua vida, seja presente na vida das pessoas que seguem essa viagem com você. Faça também o que você gosta. Importe-se com você. Dedique mais tempo às atividades que são mais importantes para si. Para poder resolver tudo, você tem que estar bem. Tudo isso requer tempo.
Vigie-se, ore. Definitivamente, não dá para fazer isso com urgência. Você tem que ter consciência de que é mais fácil cuidar da saúde do que da doença. Cuide de você. Parar quando a estrada está interditada pode ser uma das piores experiências da sua vida. Pode ser um verdadeiro caos. Temos nossos desejos, temos o nosso destino, mas não sabemos se vamos chegar lá. O que sabemos é que o caminho que iremos percorrer, a velocidade que iremos adquirir, as pessoas que estarão conosco e a forma como será essa viagem chamada vida — somos nós que escolhemos. Apenas nós.
Morremos apenas uma vez, mas vivemos todos os dias.
