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O que a paralisação nos ensinou

Por: William Fritzke

03/06/2018 - 15:06

Nunca antes no Brasil, as pessoas haviam se dado conta de como é importante o papel do caminhoneiro para a sociedade. Não só o dele, mas de tantos outros trabalhadores esquecidos ou tidos como “menos importantes”. Cito aqui o gari, o frentista, o pequeno agricultor e tantos outros que poderia elencar. Após sete dias de paralisação, a economia parou, o Brasil congelou e todos sentimos o desconforto de sair da zona de conforto. Os caminhoneiros conseguiram o que queriam por unanimidade, o desconto no diesel e a não cobrança do eixo levantado.

Agora, uma coisa é certa, para conseguir ainda mais faltou organização e liderança nacional. O que se via era que em cada piquete havia um líder, e cada líder divergia nos desejos. Uns queriam diesel mais em conta, outros a queda do presidente, outros intervenção militar, e alguns nem sabiam ao certo o que queriam, mas estavam lá. Para piorar ainda mais, a população começou a mudar a visão sobre a paralisação, quando em alguns lugares as manifestações na rua começaram a virar festa, com bebidas alcoólicas e o pior, participação de partidos políticos infiltrados.

Outro ponto crucial foi a falta de combustível. Nas redes sociais vejo pessoas radicais dizendo: “tem mais que faltar, somente viatura vai receber”. Mas vamos pensar, a viatura precisa de um motorista, o hospital precisa de um médico, a escola precisa de um professor, e se essas pessoas não puderem ir até o serviço, como faz? Talvez essa liberação de combustível teria que ter afetado mais pessoas e não apenas as viaturas, que diferente do Tesla americano, não andam com energia elétrica.

Creio que em um futuro próximo novas paralisações acontecerão e dessa vez ainda mais organizadas e com propósitos semelhantes em todo o Brasil. Mas, acima de tudo, muito mais eficaz do que fechar rodovia, queimar pneu e ir para a rua com a camisa da seleção fazendo buzinaço, é saber votar certo em outubro e não trocar o voto por uma carrada de barro ou de brita. O problema do Brasil continua sendo o brasileiro.

Gente besta

Como existe gente besta, idiota e desocupada a vagar pelo mundo. Prova disso é o tanto de fake news que recebemos diariamente no Whatsapp. É gente se passando por general de exército e anunciando a intervenção militar, é outro dizendo ser parente de um coronel e que já sabe que o bicho vai pegar, tem também aquele que se diz caminhoneiro tentando instaurar o caos e anunciando uma nova grande paralização que “vai parar tudo”.

Enfim, muita gente sem qualquer sanidade mental que acha graça em soltar gravações de áudio, que rapidamente se distribuem e são repassadas pelos menos esclarecidos, gerando uma bola de neve de fake news ou fake áudios.

Vão achar o que fazer seus malucos, que isso já está virando assunto para a polícia (e tem que virar mesmo). Raul Jungmann, em entrevista à Rádio Jornal, disse que a movimentação para eventuais novos protestos de caminhoneiros será objeto de inquérito da Polícia Federal. “Não existe uma articulação para refazer o movimento. Está se tentando criar um clima de ansiedade, de preocupação e [estão] divulgando fatos infundados”, disse Jungmann.

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William Fritzke

Repórter especialista em segurança e apresentador do programa Plantão Policial.