O ESCRITOR FRENTE À INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Foto: Vitaly_sokol

Por: Emílio Da Silva Neto

30/05/2024 - 10:05 - Atualizada em: 30/05/2024 - 15:54

A verdadeira escrita, distante de algoritmos ou equações da IA, reside na alma humana, isto é, na possibilidade de sonhar, criar e se conectar à essência do autor
Muito interessante o que disse, em recente entrevista, o romancista, dramaturgo e poeta norueguês, JON FOSSE, de 64 anos, Nobel de Literatura 2023: “para mim, a escrita é, em grande medida, um tipo de música. Ao escrever, o verdadeiro significado nem sempre é o que está escrito na página. Há algo mais, uma linguagem oculta tecida entre as palavras. É como criar uma linguagem silenciosa”.
Indubitavelmente, na literatura, como nas artes em geral, há uma dimensão extra que é a criatividade pessoal, algo a ver com qualidade e não com quantidade, por não ser “mecânico” e, sim, inspiracional.
Assim, ao se escrever com auxílio da IA-Inteligência Artificial, “pasteurizam-se” temas existenciais e emocionais, distanciando-os de atmosferas intensas e contemplativas, perdendo-se, portanto, a identidade e a conexão humana, a ponto dos textos nunca transcenderem de uma mera narrativa, ficando bem aquém de uma “sinfonia de palavras”.
Em escritas sem o uso de IA, as frases são pessoal e cuidadosamente compostas, os “ritmos” meticulosamente trabalhados e as pausas graciosamente sincronizadas, criando uma harmonia que ecoa nas mentes de quem lê, muito depois que as palavras cessam.
Sim, ao invés de prender o leitor a uma estrutura linear previsível, a escrita convencional (sem o recurso da IA) resulta numa abordagem mais fluida, onde a linguagem se desdobra em camadas, cada qual contribuindo para uma “melodia emocional”, que pulsa e surpreende ao longo da leitura.
A “musicalidade” inerente à escrita sem IA surge da escolha de palavras, cadência de frases e orquestramento de temas e motivos, em que na mente e mãos do escritor, “cada palavra se torna uma nota, cada parágrafo uma composição e cada livro uma sinfonia única que ecoa com a ressonância da experiência humana, algo extremamente pessoal”.
E essa visão de JON FOSSE de que “escrita é música” lança luz sobre a dicotomia entre criatividade humana e inteligência artificial (IA). Enquanto a IA tem feito avanços impressionantes em diversas áreas, ele expressou ceticismo em relação à capacidade das máquinas de capturar verdadeiramente a essência da criação literária. Para ele, a escrita vai além da mera manipulação de palavras; é um ato de expressão pessoal, de introspecção e de comunicação emocional. É a capacidade de infundir as palavras com a própria alma do autor, criando uma conexão íntima com o leitor que transcende as fronteiras do tempo e do espaço.
Enfim, enquanto as técnicas de IA podem replicar superficialmente alguns aspectos da escrita, como a gramática e a estrutura, elas ainda lutam para capturar a profundidade emocional, a nuance poética e a complexidade humana que são inerentes à obra de um autor sem IA. Ou seja, a verdadeira escrita é uma expressão de individualidade, “uma dança entre o consciente e o inconsciente, onde as palavras fluem como notas em uma partitura, criando uma sinfonia única e inimitável”.
Em última análise, a verdadeira arte não pode ser reduzida a algoritmos ou equações; ela reside na alma humana, na capacidade de sonhar, de criar e de se conectar uns com os outros através das palavras.
Sobre isso, este colunista aqui, autor de 05 livros, manifesta seu amor pela escrita tradicional (sem a agregação de IA), através das frases de Virginia Woolf (“escrever é que é o verdadeiro prazer; ser lido é um prazer superficial”) e Cesare Pavese (“escrever reúne duas alegrias: falar sozinho e falar a uma multidão”).
E por que não uma frase dele próprio ? “o prazer de escrever, tal qual o de ler, permite exalar gotas de intimidade”.
Portanto, melhor sem IA, pois … Isto Afasta !!!

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Emílio da Silva Neto
PhD/Dr.Ing, Pós-Doc, Ex-Diretor Superintendente WEG

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Emílio Da Silva Neto

Consultor especializado em profissionalização, governança e sucessão empresarial familiar. Com vasta experiência, Emílio da Silva Neto é PhD/Dr.Ing, Pós-Doc, Industrial, Consultor, Conselheiro, Palestrante, Professor e Sócio da 3S Consultoria Empresarial Familiar.