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“Há que se republicar a República?”

Por: Nelson Luiz Pereira

14/08/2021 - 15:08 - Atualizada em: 14/08/2021 - 15:42

Nunca imaginei que a fusão de coronavírus com política pudesse provocar uma hecatombe a ponto de esfacelar uma República. Tenho a sensação de estar fora da órbita desse sistema idealizado por Platão. Por curiosidade, decidi revisitá-lo, me apropriando de sua atemporal obra “A República”, só para ter uma ideia de quão longe fui, junto com o povo, arremessado. Enquanto releio o clássico tratado, me imagino sentado com o Platão. Ele me perguntando sobre o panorama brasileiro e eu respondendo que tá uma M. Agora, eu perguntando a ele o que nos falta para sermos uma República platônica e ele respondendo que falta reduzir a M.

Sigo com minha leitura onde o texto versa sobre política, justiça, virtude, ética, sociedade e soberania. Na medida que vou absorvendo o conteúdo, vou estabelecendo, mentalmente, um paralelo com nossa realidade tupiniquim. Nesse momento, sinto-me orbitando elipticamente um núcleo que não é o sol, mas tá pegando fogo. Mas o que busco mesmo, é a essência do conceito de República. Ao rever que o termo advindo do latim, “res publica”, enfatiza o bem público e o interesse geral como princípio de atuação do Estado, sinto-me vagando preso no espaço sideral.

Continuo meu mergulho pelas páginas da clássica obra indagando Platão em minha imaginação: mestre, então posso considerar que a essência da República é a supremacia do bem comum sobre qualquer desejo particular? E ele me respondendo: pode sim, mas não é só isso. Considere, também, que numa autêntica República, que não seja de bananas, não pode haver distinções entre nobres e plebeus, entre poderosos e humildes, entre gêneros, raças, credos, orientação sexual, além de não se aceitar a diversidade de leis aplicáveis aos casos substancialmente iguais, as jurisdições especiais, as isenções de tributos comuns, que privilegiem determinados grupos ou indivíduos.

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Ademais, não se concebe República com arbítrio no exercício de qual seja o poder constituído. Ela tem, como seu grande propósito, a justiça. Enfim, enquanto a sabedoria e a liderança política não habitarem o homem público, as cidades e a raça humana, jamais se libertarão do mal. Imagino-me, agora, sendo sugado por um buraco negro.

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Nelson Luiz Pereira

Administrador, escritor, membro do Conselho Editorial do OCP e colunista de opinião e história.