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“Desocupar-se… um pouco”

Imagem: Blumenauense

Por: Emílio Da Silva Neto

08/08/2019 - 15:08

No passado, bem lá distante, ter tempo livre de sobra era sinal de nobreza, pois o trabalho era desprezado, isto é, tido como uma tarefa inferior, a ponto de se avaliar quão pobre era alguém pelo tanto de horas que trabalhava.

Pior, na Roma Antiga, o ócio era visto como uma condição fundamental para a erudição.

Já no século 20, muitos intelectuais alimentaram o sonho do luxo de uma vida de pouco trabalho para todos, como por exemplo, John Maynard Keynes, que, em 1930, fez previsões de semanas de trabalho de 15 horas.

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Nada disso, até agora, aconteceu, muito pelo contrário, isto face às incertezas econômicas e ao apetite insaciável pelo consumo, evitando, inclusive, a ‘condenação’ deste comportamento de sobrecarga de trabalho, visto, sim, como algo nobre e edificante, não importando se, para isso, sacrifica-se o tempo com a família ou a saúde.

Assim, hoje, quem tem tempo livre é tido como inútil ou desinteressante, tudo conforme a lógica calvinista, segundo a qual, o trabalho dignifica o homem e quanto mais tempo se passa na labuta, mais admirado se é.

Adicionalmente, a tecnologia vem contribuindo para consagrar o trabalho, já que as empresas dão à sua equipe computadores e smartphones, esperando deles produtividade em tempo integral.

Essa dedicação extrema ao trabalho, é claro, traz dividendos financeiros. Contudo, a obsessão pelo trabalho traz também consequências negativas, como, por exemplo, a desvalorização do lazer, sendo este, muitas vezes, visto como algo errado e desnecessário.

Entretanto, pessoas submetidas a situações de estresse, constantemente, sofrem alterações cerebrais que comprometem funções como a memória e a capacidade de fazer planos, tomar decisões e aprender.

Assim, tirar férias, fazer pausas e evitar o acúmulo de tarefas deve, portanto, estar longe de ser considerado algo supérfluo.

Ademais, ser ocupado demais é prejudicial às relações familiares e sociais.

Para se fugir da cultura da superocupação e da pressa, vale seguir algumas dicas, como:

  1. No trabalho: esforçar-se e trabalhar de verdade para cumprir as demandas dentro do expediente normal
  2. No lazer: desligar-se, organizar-se, tirar férias, libertar-se de culpas
  3. Em casa: relaxar, divertir-se, recarregar a ‘bateria’, dividir tarefas com a família e aceitar que nem tudo precisa estar impecável no lar.

Enfim, chega de seguir a ‘moda’ perigosa, segundo a qual, ser ‘assoberbado’ é ter status. Na realidade, ter tempo para banalidades não é coisa de desocupados e perdedores, é, sim um meio de se buscar qualidade de vida.

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Emílio Da Silva Neto

Consultor especializado em profissionalização, governança e sucessão empresarial familiar. Com vasta experiência, Emílio da Silva Neto é PhD/Dr.Ing, Pós-Doc, Industrial, Consultor, Conselheiro, Palestrante, Professor e Sócio da 3S Consultoria Empresarial Familiar. Redes sociais: emiliodsneto | www.consultoria3s.com