O desenvolvimento da autonomia está ligado a um conjunto de habilidades e capacidades que permitem que o indivíduo elabore estratégias, observe as coisas por novas perspectivas, perceba erros e seja capaz de corrigi-los. Esse processo de amadurecimento infantil está, portanto, relacionado ao desenvolvimento do cérebro da criança conforme as influências educacionais nas interações familiares, acadêmicas e sociais.
O exercício da autonomia é fundamental para a construção da personalidade da criança. Permite que ela possa resolver conflitos de forma crítica e assertiva, adaptar-se a diferentes ambientes e situações, buscar seus objetivos pessoais, desenvolver sua autoconfiança e socializar com mais facilidade. Por mais difícil que seja para os pais, dispostos a fazer o que for necessário para ajudar seus filhos, eles podem estimulá-los a executar algumas tarefas básicas do cotidiano sozinhos.
Com esse exercício diário, a criança se sente empoderada ao perceber a confiança que seus pais depositam em suas capacidades. Consequentemente, falas e elogios dos adultos incentivam que ela sinta-se capaz de executar mais e mais. Pequenas atividades como arrumar a cama ou a mesa para as refeições, servir o próprio prato, levar a mochila para a escola, limpar a sujeira do animal de estimação, organizar os brinquedos, calçar os sapatos e tirar e vestir a própria roupa, todas adaptadas de acordo com a faixa etária, trazem benefícios gigantes.
Mas todas essas recomendações não implicam negligência nos cuidados — ou seja, os pais devem continuar auxiliando seus filhos. Porém, aos poucos, podem (e devem) permitir que eles experimentem sozinhos e percebam suas potencialidades. Mostrar que estão ao lado deles deve ser rotina, mas deixar claro que eles são capazes também é importante. Todas essas ações compõem aprendizados imensos para ambos os lados. Ao perceber uma dificuldade, os pais devem encorajá-los a persistir, mostrá-los que cada nova tentativa será uma oportunidade de aprimorarem as capacidades para, enfim, alcançarem seus objetivos e superarem medos e obstáculos até então considerados desafiadores.
A confiança dos pais em seus filhos gera benefícios que os auxiliarão por toda a vida. Vale muito a pena investir em atitudes que estimulam a autonomia. Vamos tentar?
Gisele Medeiros Rubik é professora do 1º ano do Ensino Fundamental do Colégio Marista São Luís.