“A educação financeira, de pai para filho”

Roberto Seidel, CFP® da Warren

Por: Warren Brasil

06/08/2020 - 11:08 - Atualizada em: 06/08/2020 - 11:27

Muito se fala em educar os filhos adequadamente, no sentido de ensiná-los os valores morais, os bons modos, a disciplina e as noções de higiene. Evidentemente, isso é fundamental. Mas, muitas vezes, esquecemos de algo muito importante, que também afetará a vida adulta de uma pessoa: a educação financeira.

É importante que a criança aprenda desde cedo o valor financeiro das coisas, a dificuldade em se acumular dinheiro, a relação entre esforço e remuneração, etc. E aí, às vezes, o pai (ou a mãe) se pergunta: mas como meu filho vai entender isso? Claro, não adianta falar em taxas de juros, rentabilidade e muito menos em produtos financeiros para uma criança de três anos, mas com essa idade já é possível ensinar muitas coisas.

Nessa fase inicial da infância, já é possível incutir na criança a noção de que nada é de graça na vida. Assim, você estará preparando um adulto financeiramente mais responsável com seu dinheiro.

Por exemplo: como fazer uma criança entender que um videogame não é um brinquedo a ser ganho naturalmente, sem motivo algum, no meio de uma semana e sem nenhuma data especial só porque ela acabou de ver numa loja?

Comece comparando o videogame com coisas que ela ganha naturalmente, como um chocolate. Mostre quantos chocolates é possível comprar com o valor de um videogame. Explique quantas horas o papai ou a mamãe precisa trabalhar para comprar cada produto. Assim, com coisas mais palpáveis para a criança, ela compreenderá mais facilmente. Depois, numa segunda fase, você pode começar a atribuir valores em reais.

E, já falando em reais, é interessante dar um valor periódico para seu filho para que também o ajude a começar entender o valor do dinheiro. Um valor pequeno de R$ 5 por semana, por exemplo. Melhor ainda se vincular esse pagamento ao comportamento que ele teve ao longo daquela semana.

“Foi comportado, obedeceu a mamãe e foi educado quando dormiu no vovô? Ok, aqui estão os seus R$ 5”. Ou então: “Opa! Não se comportou, brigou com o irmão e não quis fazer a tarefa da escola? Essa semana você só vai ganhar R$ 2”. Assim, a criança aprenderá desde já que o seu esforço e dedicação serão bem reconhecidos lá no futuro na vida profissional.

Então, depois de ela ter acumulado algum valor, R$ 20 reais, por exemplo, leve-a ao mercado e mostre o que ela consegue comprar com aquilo e quanto tempo ela teve de economizar para conseguir comprar cada coisa. “Nossa! Consegui comprar 4 barras de chocolate!”. Ou: “Nossa! Como leva tempo para juntar dinheiro e poder comprar aquele carrinho que eu queria. E aquele videogame então? Vou ter de esperar uns 6 anos economizando para conseguir comprar sozinho!”.

Mas claro, a ideia não é fazer a criança comprar todas as coisas dela sozinha, mas, sim, entender qual é o valor das coisas e qual é a dificuldade para conseguir o que se quer. Aí imagina qual será o sentimento dela se o pai lhe der aquele videogame no seu aniversário, sendo que ela pensava que levaria 6 anos para comprar?

Certamente ela lhe será muito mais grata, pois terá entendido o valor daquilo. Sem contar que, muito provavelmente, ela vai cuidar muito bem do brinquedo, pois entendeu que, se quebrar, não será fácil arrumar ou comprar outro.

Mas quando fazer isso? Com que idade e com qual valor por semana? Aí vai da condição financeira de cada família e da maturidade da criança, mas o importante é gerar um certo grau de dificuldade para ela conseguir o que quer. Se você der um valor muito alto por semana para uma criança, ela vai aprender que é muito fácil comprar um monte de coisas e será mais difícil valorizar o que tem e o que ganha.

Valem, mais uma vez, aqueles velhos ditados: “Não basta ser pai, é preciso participar!” ou “Quem ama, educa!”.

Feliz Dia dos Pais!

Roberto Seidel, CFP® da Warren – Planejador Financeiro certificado pela Planejar.
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