“Vergonha faz bem”

Por: Luiz Carlos Prates

07/11/2018 - 11:11

Uma coisa na vida é justificar: estou assim por esta ou aquela razão. Eu, justificando, como que apresento provas por uma causa. Outra coisa bem diferente é a desculpa. Quem dá uma desculpa tem culpa no cartório, deixou de cumprir com um dever e depois vem ou veio com conversa mole. Safado.

Minha irritação procede de uma reportagem que acabei de ler num jornal de São Paulo sobre “Fatores sociais podem explicar até 85% da nota de quem presta o Enem”. Esse era o título da reportagem. Resumindo, a reportagem explicava a diferença nas provas entre os mais pobres e os mais opulentos.  Explicação que para muitos técnicos vale para qualquer prova ou vestibular.

Negativo, negativo mesmo. Vou supor que você, leitora, leitor, não seja pessoa rica e tem filhos. O pessoal na tal reportagem, professores, pedagogos, técnicos em educação, diziam que a qualidade da escola faz diferença, a qualidade dos professores melhora o aprendizado dos jovens, ter computador em casa, ter carro para os deslocamentos, a renda da família, tudo isso e a ausência disso, fazem 85% da diferença nas notas entre os alunos mais pobres e os mais ricos. Bato o pé e discuto, pode fazer diferença e pode não fazer.

Só fará diferença se o aluno “pobre” for um pífio, se for, aí é caso de derrota mesmo. Mas se o aluno pobre entender que Física, Química, Matemática, Português, tudo, é a mesma coisa tanto no colégio caro quanto no colégio público, já abriu o caminho para a boa luta. Com determinação, vontade, foco e muito suor (sinônimo de água benta), escancarou a porta para grandes vitórias na vida. Claro, tudo isso com a indispensável vergonha na cara. Com esses atributos – naturais para qualquer pessoa – rica ou pobre – o jovem “pobre” de pobre nada terá.

Vamos lá, aos contestadores: será que todo jovem filho de “boa família” é estudioso, disciplinado e focado num projeto de vida? Claro que não, a maioria é feita de gente tão molenga quanto uma meia fora do pé… O que faz a diferença na vida não é a escola frequentada, é o indômito do espirito humano, caraterística dos vencedores na vida. A reportagem foi para desalentar os pobres. Mas vindo de quem veio, nenhuma surpresa…

Eles

Todos eles filhos de gente bacana, alunos de colégio caro… Idades entre 10, 11 anos. A turma tem por vezo ir a um shopping central de Florianópolis e passar a mão nos pacotinhos de açúcar sobre as mesas de um café, levam tudo. Os seguranças veem o roubo, mas não reagem, pode lhes dar um baita galho, afinal, são filhinhos de “gente fina”. Se dependesse de mim, bah, que baita sova, uma sova “pedagógica”, ô, iriam aprender para nunca mais esquecer. Pequenos vagabundos ladrões.

Discutível

Manchete: – “Para o Supremo Tribunal Federal, universidades são livres para debater política”. Devagar com o andor. O que é discutir política? É fazer proselitismo partidário, como a esquerda tem feito? Se for isso, negativo, na “minha universidade” não vão fazer, não vão mesmo, e não cutuquem a onça com vara curta, a onça tem garras que mais parecem “espadas”…

Falta dizer

Tempos idos… Passei numa lojinha dessas que vendem de tudo um pouco e… fui empurrado para um passado não tão remoto, mas… remotíssimo. Na vitrina da loja havia uma caixinha de música, com bailarina e tudo. Lembras, leitora, do tempo em que as meninas e as moças ganhavam caixinha de música? Tente hoje dar de presente uma dessas caixinhas. Tente. E proteja o rosto… Tempos infames.