“Fulano vai muito bem”

Por: Luiz Carlos Prates

08/09/2018 - 10:09

História muito comum. Um médico contando que foi à festa de 25 anos de formatura da turma dele. Colegas já com rugas, mulheres, maridos, filhos, aquela algaravia típica de uma festa desse tipo.

Esse médico é um cara especial, é um raro “sacerdote” da medicina. O que chamou a atenção dele na festa de aniversário de formatura da turma dele foi que toda vez que alguém perguntava por um colega ausente, a resposta mais ouvida era: – “Ah, o fulano está muito bem, mora num casarão, piscina, empregados, viaja para a Europa todos os anos e blábláblá”…

E um outro colega perguntava por um outro colega. E lá vinha a resposta parecida: – Ah, o fulano está ganhando muito dinheiro, os filhos estudam nos Estados Unidos, ele está muito bem…

As respostas eram todas nesse sentido, o fulano, o beltrano, o sicrano está muito bem, mora num duplex, carrão, viagens… Se era verdade ou não, para o médico que contava a história o que lhe chamava a atenção é que a ideia que ficou era a de que para alguém estar bem na vida precisava estar morando num casarão, viajando todos os anos para o exterior, isso e aquilo. E ele pensava: sim, mas estarão felizes, serão pessoas em paz consigo mesmas? E o que ele pensava era que a sociedade está mesmo envenenada. E com um mínimo de juízo, como discordar?

Neste meio sujo em que estamos vivendo, as pessoas se enganam “redondamente”, como se dizia, ao afirmar que alguém está muito bem na vida a partir dos bens ou das ostentações materiais “externas”. E não é por outra razão que as ansiedades, as depressões e os transtornos mentais/emocionais de toda sorte estão dizimando populações. Valores errados na vida, vidas erradas. Quanto mais suspiramos pelo ter, mais pobres ficaremos no ser, a pior pobreza possível, a pobreza interior, a pobreza do desespero ao colocar a cabeça no travesseiro à noite… E quanto nós, não sabemos muito bem disso?

Quando perguntares por alguém e ouvires como resposta que fulano ou fulana está muito bem, cuidado. Duvidemos sempre. A informação pode ser uma furada. E queres saber de mais? Bem provavelmente que seja uma furada. Se não for totalmente uma furada.

Elas

As mulheres precisam fazer planejamento familiar por duas razões básicas: a primeira é para avaliar se economicamente o casal pode agora ter um filho, e a outra razão é o mercado de trabalho. Muitíssimas mulheres são demitidas após a licença-maternidade, elas dificultam os trabalhos das empresas. Um hospital americano, no Arizona, está com 17 enfermeiras grávidas ao mesmo tempo. O hospital está quase fechando… Lá e cá, a mesma coisa. Abram o olho, “garotas”! Filho pode ser sinônimo de demissão.

Espera

Perguntei a um jovem desempregado, 21 anos: – E aí, como estão as coisas? E ele respondeu – Ah, estou por aí, esperando por uma oportunidade! Dei-lhe um pequeno sermão. – Sem essa, cara, de que quem espera sempre alcança, esse ditado foi criado por algum vadio. Só a iniciativa, o sair da cadeira dos confortos nos leva às oportunidades e realizações. Ficar esperando, seja pelo que for, é comodismo, se não for grossa pilantragem. Certo? Acho muito bom!

Falta dizer

Do livro A Lei do Triunfo, de Napoleon Hill, um dos pioneiros da autoajuda: – “Os hábitos da primeira infância nos acompanham sempre por toda a vida”. Sim, mas quem nos passa os primeiros hábitos na vida? Os pais, todos com seus vícios e nos deixando hereditariedades emocionais e éticas horrorosas. Argh!