“Dar a mão à palmatória”

Fonte da Imagem: Redes.Moderna

Por: Emílio Da Silva Neto

23/12/2021 - 03:12

A virada do ano parece ser uma época mágica para se falar em “virar a página”, “iniciar um novo capítulo”, enfim, fazer uma “limpeza escandalosa” nas más lembranças e ressentimentos frente a pessoas, situações, trabalho, sociedade e família. No caso de empreendedores, ainda, a governos, fornecedores, colaboradores, clientes e vizinhos das instalações da empresa.

Já que foi citada a expressão “limpeza escandalosa”, vale explicar do que se trata. Bem lá atrás, na década de 80, a WEG implantou um Programa inédito no Brasil, o Programa “5S” (primeiro passo para a chamada “Qualidade Total” de uma empresa), consolidado no Japão a partir da década de 50, cujo nome provinha de palavras que, em japonês, começam com “S”: Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke.

Para manter o significado dos “S”s japoneses, interpretou-se-os como “Sensos”: Senso de Utilização, Senso de Ordenação, Senso de Limpeza, Senso de saúde e Senso de autodisciplina.

Em resumo, em toda empresa: a) cada objeto tem que ter utilidade, b) tem que ser guardado em lugar ordenado e conhecido por todos, c) os ambientes têm que ser mantidos limpos, d) todos têm que cuidar de seu maior patrimônio (a sua saúde) e não só saber isto tudo, mas e) com autodisciplina, fazer acontecer!

Pois bem, o primeiro passo do “5S” é a tal “limpeza escandalosa”, nada mais, nada menos que eliminar da empresa, tudo o que não tem utilidade, criando espaços livres de ‘lixo’, podendo este ser ou não plenamente útil ou reciclável, mas em outra área ou empresa.

Isto na WEG, acontecia às 3as feiras de carnaval, com todo o seu pessoal focado full time no “bota-fora” radical, jogando na rua, o que era considerado desnecessário, mesmo tendo sido importante no passado.

Por que, então, está-se reportando a este assunto ? Para lembrar que, muitas vezes, chega uma hora, apesar de tudo do melhor no passado, que há que se descartar algo que não serve mais, por exemplo, um namoro/noivado, um casamento, uma parceria, uma amizade, um trabalho, uma sociedade. E que cabe ao outro lado, “dar a sua mão à palmatória”, ou seja, dar-se por vencido. Em suma, entender que já era, já deu sem chance de retentativa!

Em suma, esquecer e partir para outra, pois a “fila andou” e, neste caso, desistir é a regra de ouro. Ademais, agradecer a Deus, não só pelas pessoas colocadas em sua vida, mas, também, pelas pessoas tiradas dela. Afinal, “o que não acrescenta, não faz falta”.

A origem da expressão “dar mãos à palmatória” está relacionada com a forma como os professores disciplinavam os alunos, há muito tempo atrás, punindo-os, ao bater com uma régua nas mãos, sem que pudessem retroagir no erro, bem como, evitar ou reagir à dolorida punição.

Atualmente, aos que teimam em se vingar – via perseguição onipresente, isto é, atormentação sem “sair de cima” – de alguém, por causa de uma relação unilateralmente acabada, vale lembrar que já há amparo legal contra telefone que nunca para de tocar, mensagens a todo instante, tentativas de contato a qualquer custo, insistências, ameaças, ofensas e perseguição virtual ou presencial, em casa, no trabalho, na rua. Este crime, denominado stalking, relativamente novo no Código Penal Brasileiro, significa uma “reguada” atual na mente de quem não tem/teve “desconfiômetro”.

E o ano novo é o famoso ‘second chance’. Se o ano velho não foi como se planejou, o ano novo deverá ser o de surpreender, pois procrastinar um ano até vai, agora dois … isto porque o tempo passou, o mundo girou e as pessoas são outras, menos ou mais.

Enfim, levando em consideração a complexidade do ser humano, estão implícitos no “dar a mão à palmatória” os seguintes atributos humanos para o “turn around” (a volta por cima ao que ficou por baixo): resignação, amor próprio, respeito, solidariedade e empatia.

E a vida segue…

 

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Emílio Da Silva Neto

Dr. Eng., Industrial, Consultor, Conselheiro, Palestrante, Professor (*) Sócio da ‘3S Consultoria Empresarial Familiar’ (especializada em Processo Decisório Colegiado, Governança, Sucessão, Compartilhamento do Conhecimento e Constituição de Conselhos Consultivos e de Família). Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento.

Curriculum Vitae: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4496236H3
Tese de Doutorado: http://btd.egc.ufsc.br/wp-content/uploads/2016/08/Em%C3%ADlio-da-Silva.pdf
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