“♫ The river runs red/ Black rain falls/ Dust in my hand/ The river runs red/ Black rain falls
On my bleeding land” (River runs red; Midnight Oil).
Todos choramos pelo povo do Rio Grande do Sul. A onda de desastres naturais que parece não terminar por lá, com chuvas torrenciais e enchentes devastadoras obriga-nos, todos, a lembrar da urgência de incorporar tecnologias avançadas nas estratégias de gestão de desastres.
A transformação digital, mais do que um fenômeno empresarial ou social, pode ser uma ferramenta vital na luta contra as catástrofes climáticas, salvando vidas.
Tecnologias que podem salvar
A tecnologia de sensoriamento remoto, com utilização de satélites, drones e estações meteorológicas automatizadas permite o monitoramento em tempo real das condições climáticas. Em lugares onde o clima muda rapidamente, esses sistemas fornecem dados vitais para previsões meteorológicas mais precisas. Modelos computacionais de alta resolução, alimentados por esses dados, podem prever eventos extremos com maior antecedência, dando às autoridades tempo para evacuar áreas de risco e preparar respostas emergenciais.
A análise de big data, por sua vez, combinada com inteligência artificial (IA), tem o poder de desempenhar um papel crucial na interpretação de vastas quantidades de informações ambientais, inalcançáveis para o ser humano em um tempo razoável.
A inteligência artificial pode identificar padrões que indicam a iminência de catástrofes naturais. A análise de dados históricos e atuais, por exemplo, ajuda a prever a trajetória de tempestades ou a probabilidade de inundações em determinadas regiões e são muito mais rápidas e precisas com essa tecnologia. Durante eventos, como os que estão sendo vistos no Rio Grande do Sul, sistemas baseados em IA também podem ser utilizados para otimizar rotas de evacuação e alocar recursos de maneira mais eficiente.
Por outro lado, a comunicação eficaz é fundamental em qualquer resposta a desastres. Tecnologias como redes de telefonia móvel resilientes e aplicativos de comunicação de emergência garantem que informações vitais cheguem rapidamente a todos os afetados ou potenciais vítimas. Aplicativos que enviam alertas de tempestade ou instruções de evacuação podem, indiscutivelmente, salvar vidas, garantindo que as pessoas recebam avisos em tempo hábil.
Nesta linha, a transformação digital também inclui educar e conscientizar o público sobre como agir em caso de desastres naturais, a começar pelas crianças, nas escolas. Plataformas digitais podem oferecer cursos e simulações sobre procedimentos de emergência. População bem informada é tão crucial quanto infraestrutura tecnológica avançada.
Tecnologia e política.
Com tecnologia adequada aumentam as chances de respostas mais eficazes às crises climáticas e de antecipação e mitigação de seus impactos. A transformação digital é peça chave na construção de uma sociedade mais resiliente frente às adversidades climáticas.
Mas, para tudo isso acontecer, é necessário vontade política, que, nas últimas décadas, com todos os governos, parece que só se vê no auge das tragédias e do clamor público. Quando o sol abre, os políticos voltam para seu conforto com ar-condicionado e parecem esquecer do povo.
Por outro lado, nos últimos dias, tenho visto muita gente fazendo aquela velha política rasteira nas redes sociais (atrás de curtidas, no final das contas), querendo encontrar culpados e soluções mágicas que não existem, quando a hora é de união e não detratação coletiva. Ficar discutindo, nesse momento, quanto se paga de imposto, quem tem mais avião, não vai trazer de volta as prováveis mais de 100 vítimas fatais dessa tragédia, e nem as casas e empresas destruídas.
Essas cobranças devem ser feitas diuturnamente, por todos, em cima de todos os mandatários políticos, do executivo e do legislativo, de todas as esferas.
Do contrário, em pouquíssimo tempo, estaremos, novamente, chorando por causa de mais vítimas de mais alguma tragédia desta natureza.