Quem diria? “Adultos com chupetas”. Sim, já há comunidades online de regressão infantil, onde jovens encontram conforto usando objetos como fralda, brinquedo e mamadeira.
Para lidar com sentimentos ruins e traumas, eles passam a agir como crianças junto a caregivers, amigos que têm na internet e que assumem a posição de cuidadores e auxiliares.
Por chamadas de vídeo, por exemplo, há quem, sentado numa cama, de pernas cruzadas e usando um macacão jeans e uma tiara no cabelo, reveza três mordedores infantis coloridos e emite sons guturais e gargalhadas. Depois, aparecem na tela outros objetos, na ânsia de distração: mamadeira, urso de pelúcia, boneca, chocalho. Como bebê, mexe as mãos de forma desengonçada e mantém os olhos arregalados, enquanto explora detalhes do que toca.
Ao mesmo tempo e durante muito tempo, seu cuidador fica em silêncio. Mesmo distante fisicamente, o caregiver jovem age como um pai orgulhoso, que ri das traquinagens do filho e não pode desviar a atenção. “Cuidado para não se machucar”; “não bota o mordedor muito fundo, senão vai passar mal”; “não pode colocar a boneca na boca, só o tetê”. E o “filho” solta palavras indistinguíveis quando incentivado: “consegue falar buraco?” … “o caco”. “qual música está cantando?” … “vilaéamo”, o que se traduz por “Vila Sésamo”.
A chamada e a regressão chegam ao fim, quando o caregiver coloca o regressor para dormir que, depois de um tempo, acorda e volta para a realidade da vida adulta.
Há, afinal, algum fundo de verdade nesta dramaturgia, em que jovens em torno de 20 anos regridem a idades entre 01 e 03 anos frente a outros jovens ?
Sim, incrível, há. Segundo especialistas, a age regression (regressão de idade) é um mecanismo de defesa do ego, que causa uma reversão temporária ou de longo prazo a um estágio anterior de desenvolvimento, fazendo com que a pessoa evite lidar com impulsos de maneira adulta. A regressão pode ser uma forma de estabelecer uma identidade, mas não é uma prática validada como terapia. Mesmo parecendo inofensiva, exige tratamento.
Agora, imagine-se, no ambiente de trabalho, jovens com esta anormalidade psicológica, muitas vezes provocada pelo fato de terem sido criados com excesso de cuidado e afeto pelos pais, confundindo-se com uma espécie de sensação de que todos devem tratá-los como seus pais os tratavam. O chefe e os colegas, ninguém pode tratá-los de igual para igual e, muito menos, numa hierarquia descendente. Se não forem tratados a “pão de ló”, estes jovens adultos surtam, se julgando injustiçados e indo embora.
Ou seja, no trabalho, esses jovens imaturos, sentem, infantilmente, que não foram criados para fazer tarefas “assim desprezíveis”, ainda mais os pais os considerando joias raras, “boas demais para aquilo”.
Na realidade, dá vontade de se dar um safanão na cabeça destes mimados, para ‘acordá-los’, pois mesmo tentando-se curá-los, parece, muitas vezes, que se está a conversar com uma parede.
Mas, o mundo evoluiu e situações, nas quais se tratava alguém com desrespeito, são cada vez menos toleráveis, o que é ótimo. Também é ótimo o fato das novas gerações buscarem felicidade e não apenas estabilidade financeira.
Mas nada disso justifica que novas gerações tenham comportamentos tão egoístas, agindo como verdadeiras crianças mimadas, muitas com belos diplomas, começando a ocupar cargos importantes nas empresas e no setor público.
Enfim, não se pode aceitar transformar a sociedade num perigoso jardim de infância, onde quem manda não pode ser contrariado e quem obedece também não.
Muito menos, que a maioria tenha que se adestrar para suportar a minoria diferente, grande parte, fruto de pais que, em vez de prepararem filhos para a vida, os protegeram sempre como que pupilos bibelôs.
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Emílio Da Silva Neto
Dr. Eng., Industrial, Consultor, Conselheiro, Palestrante, Professor (*) Sócio da ‘3S Consultoria Empresarial Familiar’ (especializada em Processo Decisório Colegiado, Governança, Sucessão, Compartilhamento do Conhecimento e Constituição de Conselhos Consultivos e de Família). Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento.
Curriculum Vitae: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4496236H3
Tese de Doutorado: http://btd.egc.ufsc.br/wp-content/uploads/2016/08/Em%C3%ADlio-da-Silva.pdf
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