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Polêmico, Gleison Collares (PSL) fala sobre o que deve mudar na rede estadual de ensino

Foto Renan Reitz/OCP News

Por: Elissandro Sutil

13/02/2019 - 09:02 - Atualizada em: 13/02/2019 - 09:29

As 29 escolas da rede estadual na microrregião voltaram às aulas na segunda-feira (11) com uma nova gestão. Há algumas semanas, o professor de história Gleison Collares (PSL) assumiu o cargo de gerente de Educação da Agência Regional de Desenvolvimento (ADR) de Jaraguá do Sul.

Polêmico nas redes sociais, a nomeação de Collares causou revolta entre alguns professores. Apesar da movimentação contrária, o gerente de Educação já iniciou os trabalhos e traça metas para as escolas estaduais de Jaraguá, Guaramirim, Schroeder, Corupá e Massaranduba.

 

 

As principais pautas que Collares pretende tratar são: trabalho diferenciado com os alunos com necessidades especiais, promover o civismo nas escolas e apostar em um ensino tradicional das disciplinas.

Neste ano, a rede adotou o modelo de trimestre, deixando para trás o método de avaliação bimestral. Atualmente, a ADR de Jaraguá do Sul conta com 736 professores efetivos 304 Admitidos em Caráter Temporário (ACT). Os cinco municípios atendem 15.729 alunos.

Confira a entrevista

Quais são as expectativas para as obras do Cedup e da escola no bairro Tifa Martins, paradas há anos?

O engenheiro da ADR está cuidado disso. São obras que ficaram muito tempo paradas, mas o próprio Estado já deu o ok que quer concluir elas o mais rápido possível.

 

Estamos fazendo um levantamento agora do que está faltando nos locais, o que precisa. O governador [Carlos Moisés] cobrou e quer as obras prontas o mais rápido possível.

O modelo de escola integral já foi adotado em duas unidades estaduais de Jaraguá do Sul. Há intenção de ampliar o projeto?

No momento não, exatamente pela questão de transição de governo. Até então, existia a parceria entre o Estado e Instituto Ayrton Senna, agora este contrato acaba. Estamos esperando um feedback, se vai continuar ou não.

 

O governador acha a pauta de escolas integrais interessante, porém dependemos do governo federal, que tem essa coisa de escola militar e por período estendido também. Temos que esperar para ver o que vai acontecer.

Quantos professores ACTs foram contratados neste ano?

Foram 304 professores temporários contratados. A demanda de vagas diminuiu, tivemos dois concursos no período de dois anos, muitos acabaram sendo efetivados.

 

Existe um número excessivo de professores no mercado, mas nem o Estado e nem o Município comportam. No entanto, ainda faltam professores nas disciplinas de química e inglês.

A rede estadual ainda tem índices inferiores de desempenho em relação ao sistema municipal. Como você pretende melhorar a educação na região?

Primeiramente, a gente acredita que precisamos ter uma visão um pouco mais voltada para educação tradicional. Até então, o Estado ficou trabalhando muito os projetos e se esqueceu daquela coisa: como a gente aprende?

 

Com a cabeça baixa em cima do livro. Lendo, estudando, achando meios para compreender o assunto, com os professores ensinando e tirando dúvidas.

 

Queremos retomar para educação voltada ao conhecimento real do aluno, científico. Deixar de ser aquela coisa de “vamos utilizar suas inteligências e ver se elas são de humanas ou exatas”, todo mundo precisa conhecer um pouco de cada disciplina, tudo é importante.

 

A nossa fala inicial com professores e diretores é que a gente seja mais firme na hora de avaliar o aluno, nas provas e trabalhos, além de ter o olhar para comunidade e questão familiar também. Que realmente cobremos dos alunos que eles estudem, leiam. Precisamos de um posicionamento mais firme na educação, que até então vinha mais solto.

 

Esta é a visão, um pouco mais conversadora dentro da educação, para que a gente possa chegar nestes índices altos.

Você é contra ou a favor ao projeto Escola sem Partido? Pretende abordar sobre o tema com os professores da rede estadual?

O Escola sem Partido é uma bandeira que a gente defende. Pelo partido que estou hoje, esta é a posição que temos, a nível federal e estadual.

 

As pessoas acham que, pelo nome do projeto, não pode falar de partido, mas defendemos que seja falado dentro de sala de aula apenas o que seja o real, e não os “achismos”.

 

O aluno pergunta onde deu certo isso e não tem nada de concreto. Vamos trabalhar com o real, o que aconteceu. O que é conservadorismo? É trabalhar com aquilo que deu certo. Esta é a definição bruta da palavra. Deu certo a gente trabalha, não deu a gente não trabalha.

 

O movimento também trabalha dentro da sala de aula a ideia que o empresário deixa de ser bandido, aquele que oprime o trabalhador, e passa a ser parceiro. Deixamos de demonizar o mercado porque é ele quem tira pessoa da pobreza. Essas são ideias que temos dentro do movimento.

 

Não posso obrigar os professores a não falar porque isso é uma questão de legislação, tem que esperar o que será definido para que possamos cobrar, assim como questão de ideologia de gênero. Hoje estou na gerência, sou professor, não posso colocar a minha ideologia acima da lei.

Como professor, qual a sua opinião sobre o projeto da deputada Ana Campagnolo (PSL) que instiga os alunos a gravarem os professores dentro da sala de aula?

Posso dizer que isso, hoje, é muito deliciado. Acho que ela não está errada na ideologia de achar que muita coisa que está acontecendo na sala de aula precisa parar.

 

Como o aluno entrar querendo fazer faculdade e sair com a ideia que pode fazer o que quiser, que o corpo é meu, não tem regras. Isso tem que mudar e ela está certa.

 

Mas eu como professor tenho que colocar: até que ponto posso ser avaliado por uma criança, adolescente? Eles têm real capacidade de me avaliar como profissional e se aquilo que eu disse está certo ou errado? Porque às vezes as coisas podem sair fora do contexto, temos que ter este prisma.

 

A ideia central dela está correta, mas não é assim, professor falou e está errado. Tem que ser analisado, ver situação. A Ana está no Legislativo e defende uma bandeira, tem pessoas que apoiam isso. Entendo, mas também acho que não pode ser de qualquer jeito.

 

Precisamos lembrar que se o professor fala aquilo na sala de aula, ele aprendeu em algum lugar. Duvido que os professores vão para sala querendo contar mentiras.

Quando o senhor foi nomeado ao cargo de gerente de educação, muitas pessoas se manifestaram contra. Qual a sua posição sobre isso?

Acho que as próprias redes sociais mostraram que houve um apoio maciço também, mas acho totalmente válido. Não gosta de mim? Tá bom. Manifestou que não gosta de mim? Legal. É opinião, como eu manifestei as minhas nas redes sociais, as pessoas manifestaram as delas.

 

Claro que não fico feliz quando algumas pessoas, como imprensa, manifestam a sua opinião diretamente, às vezes sem nem me conhecer ou ter falado comigo. Ninguém agrada todo mundo. A opinião das pessoas deve ser respeitada.

O senhor costuma se posicionar com frequência nas redes sociais em relação a temas polêmicas. Agora como gerente de educação, pretende manter este comportamento?

Não, sabe por que? Tenho que entender que nós estávamos num processo de mudança, éramos oposição, tínhamos que mostrar o que queríamos. Os meus posicionamentos estão muito claros, as pessoas conhecem, mas agora estou do outro lado, com caneta na mão.

 

Ganhamos em todas as frentes, agora dentro deste processo, da democracia. Temos que ajeitar conversando, trazendo professores, questionando: será que como fazíamos antigamente não era melhor como fazemos hoje?

 

Vou criticar quando achar coisa errada, mas agora não preciso ir para rede social, posso mandar mensagem diretas para o deputado, governador, estamos mais próximos dos nossos políticos hoje. O grito não precisa ser tão alto.

 

Alguns podem dizer que fui muito veemente nas minhas declarações, mas como Ricardo Boechat  dizia, “quem não tem coragem não muda”. A esquerda também fez isso. Acredito que no processo democrático, nunca fui a favor do golpe militar.

 

Os ânimos estão mais calmos, esperando os processos. O posicionamento continua, mas eu trabalho com adolescentes e crianças, então tudo que for muito drástico tem que ser polido e bem trabalhado.

Quais são as três prioridades para a educação regional?

Não digo prioridades, mas sim desejos. O primeiro é atender os alunos especiais com um viés diferente nas salas de aula, acolher eles dentro das suas necessidades.

 

Também quero que um civismo maior aconteça nas escolas, que exista amor ao país. Não só cantando hino, vamos retomar as fanfarras nas escolas, fazer moções para que os jovens conheçam e respeitem nosso país.

 

Hoje muitos abraçam apenas a cidade, mas buscamos uma união nacional, de patriotismo. Essas são as ideias centrais, além, claro, de melhorar os nossos índices.

 

Estamos lutando para ter mais rapidez nas obras. As escolas precisam de reparos e os processos licitatórios precisam ser mais ágeis.

 

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Elissandro Sutil

Jornalista e redator no OCP