Viviane Kawamoto Pivetta, esposa do vice-governador de Mato Grosso, Otaviano Pivetta, ligou para a Polícia Militar de Santa Catarina pedindo ajuda e denunciando o companheiro por agressão doméstica em Itapema, no Litoral Norte catarinense. Na ligação, ela diz ao policial que foi estrangulada com um cobertor e espancada.
Ouça:
O político foi denunciado por lesão corporal leve contra a companheira na noite de 7 de julho. Ele chegou a ser preso após ser conduzido pela Polícia Militar à delegacia, mas foi liberado após pagar fiança. A defesa dele nega as agressões.
Para conseguir fazer a ligação para a polícia, Viviane disse que precisou sair escondida de casa e que para se defender das agressões, apertou o testículo do marido.
A mulher ligou para a Central de Emergência ás 21h35 e demorou cerca de 20 minutos para chegar no local. A viatura foi para o prédio às 21h53, chegando no apartamento às 22h04, segundo a Polícia Militar.
Veja a transcrição da ligação
Policial: Polícia militar!
Viviane: Oi! Eu quero fazer um pedido de ocorrência.
Policial: Pode falar!
Viviane: Violência doméstica. Aqui na 225.
Policial: O que aconteceu?
Viviane: O meu marido me espancou.
Policial: 225… Você está em casa ainda?
Viviane: Tô aqui do lado de fora.
Policial: E ele? Ele tá na casa ainda?
Viviane: Eu não vi. Eu saí escondida. Eu tava presa no banheiro até agora.
Policial: Não chegou a ver se ele saiu da casa?
Viviane: Não! Ele tentou quebrar meu telefone para eu não fazer ligação.
Policial: Tá! E a senhora tá na frente de qual número?
Viviane: Eu tô aqui na frente do prédio, no Continental, na 225.
Policial: E qual o número do prédio?
Viviane: 10
Policial: Como é que é o nome da senhora?
Viviane: Viviane Pivetta.
Policial: Ele tava embriagado? Sabe se ele é usuário de droga?
Viviane: Não! Não!
Policial: E por que ele bateu na senhora?
Viviane: A gente teve uma discussão durante o dia, normal… E agora à noite ele me falou: “vamos orar!” E eu fui com ele na sala e lá eu tava com a coberta e ele começou a me estrangular com a coberta. E bater com minha cabeça no sofá. E começou a me chutar. E eu, pra me defender…. E ele pegou meu telefone… “você vai ligar pra polícia? Vai ligar pra polícia? Ele pegou meu celular e começava bater no chão.
E eu segurei no testículo dele até ele me soltar. Na hora que eu comecei a apertar que ele me soltou.
Policial: Tá! Só aguardar, tá senhora!
Viviane: Vai demorar?
Policial: Não sei te dizer, senhora. Isso aí vai depender da disponibilidade das viaturas. É só aguardar aí na frente.
Viviane: Tá!
O casal está em processo de separação. O inquérito sobre o caso foi enviado pela polícia ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) no dia 8 de julho.
Como Viviane tem foro privilegiado, o MPSC solicitou declinação de competência para o Tribunal de Justiça (TJ) sobre os autos e o Juízo da Comarca irá avaliar o pedido e remeter os autos para a análise na instância superior, caso entenda que o caso deve ser apurado pelo TJ.
Carta ao governo de SC
Defensores públicos do Grupo de Atuação Estratégica em Defesa dos Direitos da Mulher (Gaedic) de Mato Grosso enviaram uma carta ao governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), e ao secretário de Segurança do estado, Charles Alexandre Vieira, na semana passada pedindo apuração. Até a noite de quarta-feira (11), o governo não confirmou se recebeu o pedido.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina confirmou o recebimento da carta e informou que o documento foi encaminhado “à Polícia Civil, responsável pelas investigações”. A assessoria do governador não retornou.
Laudo comprovou agressão
Por mais que a defesa do vice-governador tenha negado as agressões, o laudo de corpo de delito comprovou a agressão sofrida pela mulher no apartamento da família.
O exame foi feito pelo Corpo de Bombeiros e apontou escoriações e hematomas na cabeça, nos braços e dedos, nos lábios e nas coxas de Viviane Kawamoto Pivetta. O laudo também mostra que a mulher apresentava escoriações no pescoço, tórax, mão esquerda e na genitália.