O caso mais emblemático da crônica policial de Jaraguá do Sul completa 10 anos nesta terça-feira (21).
A pequena Emili Miranda Anacleto, na época com 1 ano e 11 meses, foi raptada pelo pai, o pedreiro Alexandre Anacleto e nunca mais foi vista.
Alexandre levou a criança durante uma visita assistida na casa da mãe, Josenilda Miranda, no bairro Rio da Luz.
Em entrevista ao OCP em 2018, a mãe contou que ainda tinha esperança de encontrar a menina e que achava que ela estava viva.
“Até agora não tive nenhuma notícia da Emili. A esperança nunca morre, o meu coração de mãe não perde a esperança de encontrar. Eu acredito que ela está viva, sim. A gente pede explicação para a polícia, mas nem sabem o que explicar para a gente. Eles haviam trocado o investigador do caso dela, mas até agora não conseguiram nada”, comentou Josenilda, ao dizer que acredita que a família de Alexandre possa saber do paradeiro da criança. “Os pais sabiam que ele iria fazer isso”, completou.
- Vídeo: PRF apreende drogas em meio a doações para o RS na Grande Florianópolis
- Bombeiro voluntário de Corupá morre aos 38 anos
- Corpo de advogada soterrada com os pais é encontrado no RS
A investigação segue aberta na DPPP (Delegacia de Polícia de Pessoas Desaparecidos), em Florianópolis.
No dia seguinte ao desaparecimento de Emili, Alexandre foi encontrado morto no seu veículo na praia de Itajuba, em Barra Velha.
Apenas o corpo do homem estava no veículo, incendiado por dois adolescentes, de 13 e 15 anos, o que deixou um verdadeiro espaço em branco no paradeiro da criança.
Após ser iniciada em Barra Velha, a investigação foi conduzida pela delegadada Milena de Fátima Rosa, na época titular da DPCAMI (Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso) de Jaraguá do Sul.
“O fato de a investigação do encontro do Alexandre ter sido feita em outra comarca [na Delegacia de Barra Velha] atrapalhou um pouco o nosso inquérito. O carro dele foi incendiado e isso também eliminou pistas importantes que pudessem levar ao paradeiro da Emili”, destacou Milena em entrevista ao OCP em 2019.
Como Alexandre registrou um boletim de uma ameaça de morte feita pelos irmãos da mulher dias antes de ser assassinado, 14 aparelhos telefônicos e um computador da família de Josenilda foram examinados pelo Instituto Geral de Perícias, mas nenhuma prova foi obtida através das análises.
A DPCAMI recebeu diversas ligações anônima informando o suposto paradeiro da criança. A delegada ressalta que todas as dicas foram cuidadosamente analisadas pela equipe de investigação da delegacia especializada.
A investigação ganhou apoio da DPPD e da DIC (Divisão de Investigação Criminal) de Jaraguá do Sul.
De acordo com a delegada Milena, cerca de 20 diligências foram feitas no intuito de encontrar Emili, muitas delas baseadas nas dicas dadas pela população.
“Alguns mandados de busca e apreensão foram expedidos e diligências foram feitas no Paraná e em Santa Catarina. Apesar desse esforço, nenhuma delas obteve êxito”, lamentou.
Desdobramento nos Estados Unidos
Em setembro de 2015, um investigador da Homeland Security Investigation, órgão do governo dos Estados Unidos que trabalha com desaparecidos, foi até Jaraguá do Sul pare colher o DNA da mãe de Emili.
A ideia era comparar o material genético com o de uma criança encontrada no estado de Massachusetts, porém, o resultado foi incompatível.
Milena lembra que a hipótese foi levantada por catarinenses que moravam nos Estados Unidos.
“Houve contato com o Instituto Geral de Perícias [agora Polícia Científica] para fazer uma comparação com as fotos que a gente tinha da Emili com a reconstrução feita do rosto da vítima. Mas a gente viu logo de cara, pelo tamanho da testa, por exemplo, que não era compatível”, frisou.
Em 2016, a Polícia Científica fez progressão do rosto de Emili. As imagens foram produzidas pelo Superintendência Regional de Perícias em Lages e mostram como seria a menina com quatro anos.
Informações sobre o paradeiro de Emili podem ser repassadas pelo telefone 181 (Disque Denúncia da Polícia Civil) ou pelo número (47) 3370-0331 (DPCAMI de Jaraguá do Sul).