A oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta terça (22) a ordem do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PR), de proibir a realização das sessões de duas comissões da casa que votariam uma moção de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
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As sessões foram convocadas pelas comissões de Segurança Pública e de Relações Exteriores contra as medidas restritivas impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na última sexta (18), contra Bolsonaro – entre elas o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de acesso às redes sociais.
Esta última foi reconfirmada nesta segunda (21), momentos antes de Bolsonaro conceder uma entrevista e participar de um discurso na Câmara.
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“Estamos vivendo um momento politico de perseguição ao presidente Bolsonaro e à direita”, disse Filipe Barros, presidente da Comissão de Relações Exteriores.
Segundo deputados da oposição, por conta da decisão de Motta, tanto a moção a Bolsonaro como o acionamento de organismos internacionais contra o que seria a restrição de liberdades no Brasil serão votados na primeira semana da volta do recesso, a partir de 1º de agosto.
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Um pouco antes, o deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) pontuou que “a oposição não vai se calar, não vai deixar de trabalhar a favor do Brasil, dos nossos de valores de pátria, deus, família e liberdade”. O parlamentar pontuou que havia quórum mínimo para a realização da sessão da comissão — 25 estavam presentes.
Para ele, a decisão de Motta “nos impede de manifestar a nossa opinião, a nossa palavra”. Ele ainda pontuou que os deputados do PL presentes à sessão suspenderam o recesso parlamentar e seguirão trabalhando, mas agora de volta às bases para mobilizar os apoiadores a irem às ruas no dia 3 de agosto para protestar contra as medidas impostas a Bolsonaro.
A decisão de Motta também foi fortemente criticada pelo líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcanti (PL-RJ), pontuando o que seria uma ilegalidade do ato.
“Temos uma decisão ilegal e antirregimental de Motta. Ele não está no Brasil, e nem o primeiro vice-presidente Altineu Côrtes (PL-RJ), que estão em viagem ao exterior”, disse afirmando que apenas o segundo vice-presidente, Elmar Nascimento (União-BA), é quem poderia determinar uma eventual suspensão das sessões das comissões.
Sóstenes afirmou que os deputados deste campo da oposição são acusados de serem “radicais e extremistas, os parlamentares do ódio” e que, por isso, teriam tido as sessões desta terça (22) canceladas. Para ele, estes adjetivos devem ser dados “à esquerda, que anda de braços dados com governos ditatoriais, autoritários, e ainda apoia terroristas, financia guerras, só faz vergonha ao Brasil”.
Ainda de acordo com ele, a “esquerda” falha em dialogar com o presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, para chegar a uma solução para o tarifaço de 50% imposto aos produtos brasileiros, e tenta fazer colar na oposição a culpa pela medida.
“O Brasil vai pagar uma conta cara por um governo ideológico, radical, que não olha para o Brasil de todos. Uma vez que alguém ganha ao Executivo, ele tem que governar para todo mundo”, disparou afirmando que o Brasil está vivendo uma censura “pela caneta do ministro Alexandre de Moraes”.
* Com informações da Gazeta do Povo.