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Funai não apresentou planejamento para reassentamento de indígenas em Jaraguá do Sul, diz Prefeitura

Foto: Rodrigo Livramento/Divulgação

Por: Claudio Costa

12/03/2025 - 07:03 - Atualizada em: 12/03/2025 - 07:59

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) não tem um plano para a ocupação de um terreno em Jaraguá do Sul, ao contrário do que foi afirmado pelo órgão federal em nota divulgada após negativa de entrevista.

A afirmação é do procurador-geral do Município, Benedito Carlos Noronha, em entrevista dada ao OCP News.

“O Município questionou se existiria ou não esse planejamento. A Funai deixou claro a parte da aquisição e de como foi feita essa medida mitigatória. Mas, sobre a parte da ocupação, não existe um planejamento relacionado a essa questão”, afirma o procurador-geral.

“Então, isso nos traz dúvidas do que realmente vai ou não vai acontecer. Até porque são pessoas saem de uma realidade onde elas já estão alocadas, que têm o mínimo que seja lá. Elas vão vir para uma área totalmente inabitada, que não tem infraestrutura nenhuma, não existe energia elétrica, não existe a questão de tratamento de fossa, não existe caminho”, completa.

 

 

Segundo Noronha, a Prefeitura foi informada sobre o reassentamento dos indígenas em fevereiro deste ano.

Pessoas que não são indígenas e relacionadas com a captação de recursos federais buscaram contato inicial com o poder público municipal.

Uma reunião com diversos secretários foi convocada pelo Gabinete do Prefeito para entender e buscar informações sobre a área adquirida pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT) como forma de compensação pela duplicação da BR-280, em Araquari e como a ocupação da área iria ocorrer.

Cerca de 40 indígenas, mas podem vir mais

A reunião ocorrida no início de fevereiro também contou com a presença do cacique da aldeia Piraí, Ronaldo Costa.

No encontro, o grupo foi questionado sobre o número de pessoas que iriam compor o reassentamento.

A informação é importante para entender como, por exemplo, o atendimento de saúde no bairro Santa Luzia seria redimensionado para atender a nova demanda.

“Nos disseram que seriam inicialmente de cinco a seis famílias, em torno de 35 a 40 pessoas. Com isso poderia ser contratado um médico a mais, um enfermeiro a mais. Porém, não tem um número exato. Uma das coisas que nos falaram é que podem vir outros membros da família junto com eles, porque eles acabam mudando, indo de um lugar para o outro também. Então, o número exato não nos foi passado”, recorda.

Outra preocupação sobre a quantidade de indígenas que irão ocupar a área é sobre o atendimento social.

A Secretaria de Assistência Social faz o atendimento inicial, analisa as questões para a concessão de bolsas dos programas federais.

Para entender melhor a questão, uma nova reunião com a Funai, dessa vez com a participação do vereador Rodrigo Livramento (NOVO), foi convocada.

No dia 6 de março, técnicos da Prefeitura buscaram mais informações com técnicos da Funai.

Durante a reunião, foram apresentadas informações de como e porque a área foi adquirida pelo DNIT.

Apesar de ser apresentado novamente o número de cerca de 40 pessoas, o órgão federal afirmou que o número poderia ser maior em virtude de uma migração de indígenas de outras áreas além de Araquari para o local.

A Prefeitura fez uma série de questionamentos, pois a Constituição define a competência da questão indígena para a União.

Noronha lembra que um convênio poderia ser celebrado entre os entes para a realização de políticas públicas.

Porém, não é apenas o repasse da competência, mas como será financiado e como será o repasse dos recursos.

Aldeia no segundo semestre de 2025 seria um milagre

A Funai não quis gravar entrevista com o OCP sobre o assunto, mas enviou uma nota.

No documento, a fundação garante que há um plano definido para reassentar os índios com segurança e conforto no segundo semestre de 2025.

A nota destaca, ainda, que foram sanadas dúvidas sobre o processo de transferência das famílias, mas, como explicado no início da reportagem, a Prefeitura nega que isso ocorreu

Sobre o assunto, Noronha conta que “acredita em milagres, mas acredita que esse não vai acontecer”.

Com 15 anos de administração pública, o procurador-geral lembra que transformar uma área inabitada, sem qualquer estrutura, em um local próprio para moradia não é uma tarefa simples no âmbito do poder público.

“Nós acreditamos, com base na experiência, que transformar aquela área em um local habitável deve demorar entre um e dois anos. Mas isso tudo depende de um planejamento e não nos foi apresentado nenhum planejamento”, recorda.

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Claudio Costa

Jornalista pós-graduado em investigação criminal e psicologia forense, perícia criminal, marketing digital, em inteligência artificial e pós-graduando em gestão de equipes.