Tosse seca prolongada não é normal: fique atento aos sinais de alerta que o corpo dá

Por: Elissandro Sutil

05/08/2021 - 09:08 - Atualizada em: 05/08/2021 - 14:13

A tosse seca é um sintoma que pode se relacionar a diversas doenças e só depois de um especialista analisar profundamente é que pode-se dizer se ela é alérgica ou algo que irá passar.

O cirurgião torácico, Dr. Giovani Mezzalira, explica que a tosse ocorre por meio de ato reflexo. É um mecanismo envolvido no sistema de proteção das vias aéreas inferiores, podendo ser voluntária ou involuntária. Segundo ele, o início deste reflexo acontece pelo estímulo irritativo que sensibiliza os receptores difusamente localizados na árvore respiratória e, posteriormente, é enviado à medula.

Ela pode ser classificada em:

  • Aguda: é a presença do sintoma por um período de até três semanas;
  • Subaguda: tosse persistente por período entre três e oito semanas;
  • Crônica: tosse com duração maior que oito semanas.

Dr. Giovani pontua que um detalhe muito importante é que algumas vezes o reflexo aparece no início e depois alivia, ficando pouco incomodativo e isso dá uma impressão de que o problema passou.

“Aqui está o golpe, existe um efeito de supressão do estímulo que segura por um tempo a tosse para poupar e dar tempo para o tratamento, mas se não houver o tal tratamento, a doença piora e a suposta diminuição desaparece com o agravante de que teremos um diagnóstico tardio de alguma doença, a qual pode ser benigna ou maligna”, completa.

Causas

De acordo com o especialista, as causas mais comuns são: asma, doença do refluxo gastroesofágico, síndrome do gotejamento pós-nasal (rinite ou sinusites) bronquite crônica, bronquiectasias, medicamentos com captopril e enalapril, e as infecções das vias aéreas baixas (pneumonias/bronquites).

A diretriz norte-americana afirma que uma das causas mais comuns de tosse subaguda é a tosse pós-infecciosa, e aqui pode-se incluir também os pacientes pós covid.

“Tenho certeza que o mais importante quando pensamos em tosse, é que o diagnóstico deve ser feito por exclusão, ou seja, investigar, investigar e investigar. Essa investigação deve ser feita por um profissional capaz, e ter no mínimo um exame de imagem (raio x e/ou tomografia), porque esse pequeno sintoma chamado tosse, pode estar mostrando algo que precisa ser tratado”, destaca o Dr. Giovani.

Ele ainda ressalta que procura descrever acontecimentos recentes que a Clínica Toracopulmonar atuou. Dois pacientes que estavam com tosse seca leve por meses – um alerta que o corpo estava emitindo – na verdade tinham doenças malignas, um paciente entre 30 e 40 anos e o outro na faixa etária de 50 a 60 anos.

“Infelizmente o atraso do diagnóstico implicará no resultado do tratamento e o mais triste, ambos tiveram a chance, pois estavam com a tosse alertando desde o início de que algo não estava bem. Ou seja, ter tosse não é normal e ponto final”, finaliza o médico.

O texto contou com a participação do especialista Dr. Giovani Mezzalira.

Sobre o especialista

O Dr. Giovani W. Mezzalira (CRM-SC 8611) atende na Clínica Toracopulmonar em Jaraguá do Sul. É formado em medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde também se especializou em cirurgia geral. É cirurgião torácico, especializado pelo Hospital Universitário Evangélico de Curitiba, mestre em cirurgia torácica pela PUC/PR, possui certificação em Cirurgia Robótica pelo Instituto Falk (PR) e pós-graduação em Cirurgia Robótica pelo Hospital Israelita Albert Einstein (SP).