Obesidade e a importância da avaliação da composição corporal

Por: Elissandro Sutil

15/04/2021 - 07:04 - Atualizada em: 15/04/2021 - 07:54

A obesidade é considerada uma doença metabólica crônica de difícil tratamento e cuja prevalência vem aumentando em proporções epidêmicas. Atualmente, cerca de um entre quatro adultos são obesos e, nos últimos 10 anos, estima-se que no Brasil a obesidade cresceu cerca de 60%. A estimativa atual é que cerca de 20% da população adulta seja obesa e que 2 a 3% destes estão na faixa da obesidade mórbida.

De acordo com a endocrinologista Dra. Angela Beuren, quando falamos em obesidade, ela é determinada por uma complexa interação entre o ambiente, a predisposição genética e o comportamento humano.

Os fatores ambientais são, provavelmente, os determinantes principais para a epidemia da obesidade, pois ela se desenvolve quando há um desequilíbrio positivo entre o consumo e o gasto energético em pessoas com predisposição genética.

Ela explica que para o diagnóstico de obesidade, habitualmente usa-se a medida do índice de massa corporal: o IMC, que é o peso ajustado para a altura.

“É considerado um IMC normal entre 18.5 a 25, de sobrepeso entre 25 e 30, com valores de obesidade quando o valor excede o IMC de 30, sendo a obesidade grau 3, ou mórbida, acima do IMC de 40. Porém, a distribuição de gordura é mais preditiva de saúde e a combinação da estimativa do índice de massa corporal e da distribuição de gordura corporal é o ideal a ser usado”, afirma.

O IMC têm algumas limitações, ele não distingue a massa gordurosa da massa magra. Assim, em atletas o valor do IMC pode estar aumentado pela maior massa magra e não significar necessariamente obesidade. “Ele também não reflete a distribuição da gordura corporal. Sabemos que a gordura visceral e de predomínio abdominal possui mais relação com doenças cardiovasculares e o risco de desenvolver doenças como o diabetes”, ressalta Dra. Angela.

Nos idosos também há limitações, pois um baixo peso pode ser resultado de perda de massa magra. Assim, a combinação do IMC com medidas de distribuição de gordura pode ajudar a resolver alguns problemas do uso do IMC isolado.

Avaliação

No consultório, para avaliar a composição corporal, a médica destaca que é utilizada a avaliação de bioimpedância. O corpo humano é composto de água e ions condutores elétricos, e o tecido adiposo (gordura) impõe resistência à corrente elétrica emitida pelo equipamento, ao passo que o tecido muscular, rico em água, é um bom condutor oferecendo menor resistência. “Através desse princípio, de menor ou maior impedância, conseguimos avaliar a composição corporal”, complementa.

Além disso, ela também pontua que com o exame de bioimpedância é possível estimar:

  • Taxa metabólica dos pacientes;
  • Gordura visceral;
  • Distribuição de massa muscular e massa gorda;
  • Calcular o percentil de gordura corporal;
  • Estimar a necessidade do quanto deve-se perder de gordura ou aumentar de músculo.

Assim, é possível saber exatamente quantos quilos o paciente deve perder para chegar à composição corporal ideal. Isso porque, mesmo com um IMC normal, as pessoas podem ser “falsos magros”.

A médica ressalta que, nesses casos, ao avaliar a composição corporal é possível ver o excesso de gordura e a necessidade de aumento de massa muscular. Ao passo que, pessoas que fazem atividade física regularmente, podem não reduzir o peso por estarem trocando a massa gorda por massa magra, o que só consegue ser precisamente avaliado com bons aparelhos de bioimpedância.

Idealmente, ao perder peso, deve-se perder a gordura corporal, preservando massa magra, e isso é possível aliando uma dieta adequada com atividade física regular.

“Oriento que pessoas com excesso de peso, sabendo que obesidade tem tratamento, procurem o endocrinologista para o tratamento da obesidade e acompanhamento de composição corporal”, finaliza a médica.

Sobre a especialista

A Dra. Angela Beuren (CRM 22889 / RQE 13603) é endocrinologista, formada pela Universidade Federal de Santa Maria, Medicina Interna pelo Hospital Universitário de Santa Maria e Médica Endocrinologista pelo IEDE (Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione) do Rio de Janeiro. Atende na Rua Guilherme Weege, Numero 202, Sala 407, Edifício Accord Center – em cima do Laboratório Fleming. Os contatos são (47) 3054 0514, 99222 3314 ou angela.beuren@gmail.com.