Hipotireoidismo: doença afeta comumente mulheres e tende a se repetir entre os membros da família

Por: Elissandro Sutil

20/11/2021 - 08:11 - Atualizada em: 22/11/2021 - 11:01

A glândula tireoide está localizada no pescoço, logo abaixo do Pomo de Adão ou do popularmente conhecido como gogó. Ela produz dois hormônios, triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), que regulam todo o metabolismo. A função da tireoide é controlada pela glândula hipófise, localizada no cérebro. A hipófise produz o hormônio estimulador da tireoide (TSH), que induz a tireoide a produzir T3 e T4.

A endocrinologista, Dra. Angela Beuren, explica que o hipotireoidismo é quando você tem pouquíssimo hormônio tireoidiano, já o hipertireoidismo é o contrário, quando se tem muito hormônio tireoidiano, que pode levar o paciente a ter arritmia cardíaca, perda de peso, tremor de extremidades, diarreia, aumento de sensação de calor, irritabilidade, entre outros sintomas.

Causas e sintomas

O hipotireoidismo é a doença mais comum da tireoide. Ela ocorre mais frequentemente em mulheres e pessoas com mais de 60 anos de idade, uma vez que a principal causa é a Tireoidite de Hashimoto, que pode ocorrer em mais de um membro da família.

A médica pontua que os sintomas de hipotireoidismo podem incluir: cansaço, lentidão, depressão, sensação de frio, pequeno ganho de peso, pele e cabelos secos, constipação, infertilidade e irregularidade menstrual.

“Esses sintomas não são exclusivos do hipotireoidismo. Um simples exame de sangue pode mostrar se os sintomas são devidos ao hipotireoidismo ou de alguma outra causa, caracteristicamente teremos aumento de TSH e queda de T4 e T3 no hipotireoidismo”, complementa Dra. Angela.

Em adultos, a doença de Hashimoto é a causa mais comum de hipotireoidismo. Nessa condição, o sistema imunológico ataca e danifica a tireoide, que não consegue produzir hormônios suficientes. Tipicamente os anticorpos positivos na doença de Hashimoto são o Anti-TPO e a Anti-Tireoglobulina.

Entretanto, o hipotireoidismo também pode ser causado pelo tratamento com iodo radioativo, por cirurgia da tireoide e problemas com a hipófise, consideradas causas raras.

O hipotireoidismo pode também estar presente desde o nascimento, caso a tireoide não se desenvolva adequadamente. Em recém-nascidos, o hipotireoidismo pode ser diagnosticado através da triagem neonatal, pelo “Teste do Pezinho”, o qual deve ser feito, preferencialmente, entre o terceiro e o sétimo dia de vida do bebê.

“Em caso de resposta positiva ao hipotireoidismo congênito, o tratamento precisa ser iniciado imediatamente, sob rigoroso controle médico, para evitar consequências, entre elas o retardo mental e a parada de crescimento. Assim, o bebê poderá ter uma vida normal”, ressalta a especialista.

Já em adultos, o hipotireoidismo não tratado leva ao desempenho físico e mental reduzidos. Ele também pode causar aumento nos níveis do colesterol e levar a doenças cardíacas. O diagnóstico de hipotireoidismo também é especialmente importante durante a gravidez, pois se não tratado pode afetar o crescimento e o desenvolvimento do cérebro do bebê.

Tratamento

Dra. Angela afirma que o tratamento é feito por meio de medicação que contém o hormônio da tireoide, na forma de comprimido. A endocrinologista pontua que a levotiroxina é a droga de escolha e é um medicamento sintético de T4, porém, idêntico ao T4 que a tireoide produz. “Os comprimidos são em microgramas, variando de 25 a 200, e não em miligramas como a maioria dos medicamentos, por isso, a levotiroxina não deve ser manipulada, pois há chance de erro de dosagem e biodisponibilidade”, frisa.

Ela ainda destaca que, para reproduzir o funcionamento normal da tireoide, o medicamento deve ser tomado todos os dias em jejum, para que a ingestão de alimentos não diminua a absorção pelo intestino. Outros medicamentos devem ser ingeridos pelo menos uma hora após a levotiroxina para não atrapalhar a absorção da mesma.

A médica comenta que a maioria das pessoas precisa de reposição de hormônio da tireoide por toda a vida, e se a marca ou a dosagem precisarem ser mudados, o paciente deve refazer os exames do TSH para um controle adequado do ajuste de dose, pois a medicação será ajustada com base em exames de TSH. Ao longo do tempo, doses elevadas de hormônios tireoidianos podem levar à perda de massa óssea, à função cardíaca anormal e a arritmias cardíacas, já as doses muito baixas podem não aliviar os sintomas.

“Se estiver usando a medicação regularmente, e dessa forma mantendo os níveis de TSH dentro dos valores normais, quem tem hipotireoidismo pode levar uma vida saudável, feliz e completamente normal”, finaliza Dra. Angela.

Sobre a especialista

A Dra. Angela Beuren (CRM 22889 / RQE 13603) é endocrinologista, formada pela Universidade Federal de Santa Maria, Medicina Interna pelo Hospital Universitário de Santa Maria e Médica Endocrinologista pelo IEDE (Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione) do Rio de Janeiro. Atende na Rua Guilherme Weege, Numero 202, Sala 407, Edifício Accord Center – em cima do Laboratório Fleming. Os contatos são (47) 3054 0514, 99222 3314 ou angela.beuren@gmail.com.