Hérnia de disco: saiba quais são os sintomas, causas e tratamento

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Por: Elissandro Sutil

10/03/2021 - 07:03 - Atualizada em: 11/03/2021 - 16:29

A coluna vertebral é composta por vértebras, em cujo interior existe um canal por onde passa a medula espinhal ou nervosa. Entre as vértebras cervicais, torácicas e lombares, estão os discos intervertebrais, estruturas em forma de anel, constituídas por tecido cartilaginoso e elástico, que tem como função evitar o atrito entre uma vértebra e outra e amortecer o impacto.

Herniação discal, que se refere ao deslocamento do material do disco intervertebral além das margens normais do espaço do disco intervertebral, foi inicialmente descrita como uma “ruptura” do disco. Nela, o material do disco é deslocado para o interior do canal vertebral, podendo incluir elementos do núcleo pulposo, ânulo fibroso, ou ambos.

A radiculopatia (disfunção da raiz nervosa) relacionada ao disco trata-se de um processo bioquímico e mecânico, em que o contato do núcleo pulposo com uma raiz nervosa acarreta inflamação e compressão mecânica, causando dor e disfunção neurológica ao longo do território suprido pela raiz acometida.

Como surge?

De acordo com o ortopedista e traumatologista, especialista em coluna e dor, Dr. Henrique Lampert, as alterações degenerativas da coluna são processos naturais e fazem parte de envelhecimento, não necessariamente causando dor.

A doença degenerativa da coluna ocorre quando um segmento específico da coluna apresenta uma degeneração precoce, além do esperado para a faixa etária, e traz prejuízo a qualidade de vida do paciente.

“A hérnia de disco é uma complicação da degeneração discal, pode ser assintomática ou provocar dor de intensidade leve, moderada ou tão forte que chega a ser incapacitante”, explica.

Estudos radiológicos mostram que depois dos 50 anos, 30% da população mundial apresentam alguma forma assintomática desse tipo de afecção na coluna. Tanto os fatores genéticos quanto os ambientais são causas importantes para a ocorrência das hérnias discais. Estudos epidemiológicos sugerem que atividades extenuantes, obesidade e tabagismo são fatores de risco.

“Além disso, estudos de agregação familiar e envolvendo gêmeos sugerem que fatores genéticos podem conferir uma predisposição à degeneração discal, esses fatores podem estar relacionados à alterações da estrutura do colágeno e outros elementos discais”, pontua Dr. Henrique.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito pela história e exame físico, confirmado por exames de imagem, sendo realizadas radiografias, tomografia computadorizada e/ou ressonância magnética. Os sintomas são diversos e estão associados à área em que foi comprimida a raiz nervosa. Os mais comuns são:

  • Parestesia (formigamento) com ou sem dor;
  • Dor na coluna; na coluna e na perna (e/ou coxa); apenas na perna ou na coxa; na coluna e no braço; apenas no braço.

Tratamento

O especialista afirma que a história natural da hérnia de disco é geralmente favorável, sendo esperada uma melhora espontânea do quadro doloroso em cerca de 3 meses, mesmo em pacientes tratados somente com analgésicos. No entanto, recorrências de dor são comuns.

Estudos mostram que 25% dos pacientes voltam a ter sintomas dentro de 1 ano. Ainda sugerem que a maioria dos pacientes apresentam melhora clínica nas primeiras 6 semanas, sendo indicado nesse período o tratamento conservador com medicação, reabilitação e bloqueios anestésicos em pacientes que não apresentam perda de força. “A dor persistente após 6 semanas tem sido o critério de entrada na maioria dos ensaios randomizados de tratamento cirúrgico”, pontua.

Ele ainda ressalta que a escolha do tratamento, se cirúrgico ou não cirúrgico, considera a gravidade dos sintomas e o déficit motor.

“A cirurgia só é indicada quando o paciente não responde ao tratamento conservador e nos casos de compressão do nervo exercida por parte do disco que extravasou, pois corrigido esse defeito mecânico a dor desaparece completamente. Estudos mostram que a persistência de dor após 6 meses de tratamento está associado a piores resultados clínicos.”

Prevenção

O ortopedista destaca que evitar todos os excessos que facilitam a instalação das hérnias de disco é essencial na prevenção como o excesso de peso, de bebidas alcoólicas, de exercícios físicos, de cigarro.

“O mais importante é desenvolver hábitos saudáveis, pois esse é, de longe, o método de prevenção mais eficaz – balancear sua dieta, praticar exercícios físicos sempre que possível, fortalecer e alongar sua musculatura. Informe-se sobre o tipo de atividade física indicada para sua faixa de idade”, finaliza.

Sobre o especialista

O Dr. Henrique Bonotto Lampert (CRM/SC 17536) atende na clínica COE Jaraguá (Centro de Ortopedia Especializada), em Jaraguá do Sul. É médico ortopedista e traumatologista, especialista em coluna e dor.