“É um direito da mulher não querer engravidar”, diz ginecologista sobre laqueadura

Por: Elissandro Sutil

06/08/2020 - 06:08 - Atualizada em: 26/08/2020 - 17:13

Entre os métodos definitivos para o planejamento familiar estão a laqueadura tubária para as mulheres e a vasectomia para os homens. Então vamos conversar mais sobre esse método tão cercado de mitos para as mulheres?

O que é laqueadura tubária?

A ginecologista e obstetra, Dra. Thaís Lebtag, explica que a laqueadura tubária, também chamada de ligadura das trompas, é um procedimento cirúrgico de esterilização que tem como objetivo impedir que a mulher consigo engravidar.

“Ela funciona como método anticoncepcional definitivo porque é um procedimento que causa interrupção no trajeto de ambas as trompas, impedido, assim, que os espermatozoides cheguem ao óvulo liberado por qualquer um dos dois ovários”, pontua.

O sistema reprodutor feminino é composto basicamente por dois ovários, duas trompas de Falópio, um útero e uma vagina. As trompas de Falópio, também conhecidas como tubas uterinas, são uma espécie de tubo que liga os ovários ao útero.

A cada ciclo menstrual um dos ovários libera um óvulo para ser fecundado. Este óvulo é lançado em direção a uma das trompas, e lá fica à espera da chegada de um espermatozoide para uma eventual fertilização.

“Existem várias técnicas para realizar a laqueadura tubária, mas todas elas consistem na interrupção do caminho pelas trompas, seja por grampos, cauterização, anéis elásticos ou remoção de parte das trompas. Importante salientar que a laqueadura tubária não altera o ciclo menstrual nem interfere no desejo sexual da mulher”, ressalta Dra. Thaís.

Quem pode fazer

De acordo com a lei brasileira, a laqueadura pode ser feita em qualquer mulher com mais de 25 anos ou que tenha, pelo menos, dois filhos vivos.

O procedimento só pode ser feito mediante declaração escrita e devidamente assinada, contendo a inequívoca manifestação de que a paciente deseja submeter-se ao procedimento de esterilização e a menção de que foi devidamente informada sobre as suas consequências.

Foto: Matheus Wittkowski | OCP News

Porém, a especialista reforça que a principal indicação é em mulheres que podem apresentar risco de saúde, tanto para ela quanto para o bebê, caso engravidem.

Complicações

A ligadura de trompas é o método contraceptivo mais eficaz conhecido, embora ainda haja uma pequena chance da mulher engravidar.

A laqueadura cirúrgica, é considerada um procedimento seguro e apresenta uma taxa de complicações de 0,1%. As mais comuns incluem infecção, hemorragia ou lesão de outros internos, por exemplo.

Reversão da laqueadura

A laqueadura é considerada uma esterilização definitiva. Em alguns casos a reversão até é possível, mas há riscos e o procedimento é muito mais complexo do que a ligadura das trompas.

Segundo a ginecologista, a taxa de sucesso da reversão é de apenas 20%. Por isso, se a paciente tiver qualquer dúvida ou insegurança, a laqueadura não deve ser o método contraceptivo de escolha.

“É um direito da mulher não querer engravidar. O ideal é entrar em contato com o ginecologista para escolher o método contraceptivo mais indicado para cada paciente. No caso da laqueadura, ela deve ser pensada com bastante calma e seriedade, pois há grandes chances de a mulher se arrepender depois”, finaliza.

Onde encontrar

A Dra. Thaís Straliotto Lebtag (CRM/SC 14849 e RQE 12.383) atende no Hospital e Maternidade Jaraguá, na rua dos Motoristas, 120. E também na Policlínica Rio Branco, na rua Barão do Rio Branco, 207, 1º andar, sala 05. Contato pelo (47) 3275-1063.