O Sistema Único de Saúde (SUS) catarinense passa por mais um dilema. Com a alta taxa de ocupação nas UTIs infantis públicas, o governo estadual e as prefeituras buscam alternativas para atender a demanda crescente de pacientes. Uma delas é a contratação de leitos em hospitais privados, custeados pelo Estado. O aluguel não abrange apenas as UTIs, mas também leitos clínicos de retaguarda.
Segundo dados desta segunda-feira (16), havia apenas cinco leitos neonatais ou pediátricos disponíveis em Santa Catarina, todos no Norte: três no Hospital Jaraguá e dois no Hospital Infantil de Joinville. Os outros 298 leitos regulados pelo SUS no estado estavam ocupados – um índice de ocupação de 98,35%.
Aflição
Um dos exemplos que mostra o sistema catarinense no limite é o drama vivido pelo pequeno Caetano, do Sul do estado, que tem apenas dois meses de idade. Caetano sofre de bronquiolite e precisou de um leito no SUS. Como não haviam vagas disponíveis, a mãe, Marília Gabriela Furlan, teve que recorrer ao atendimento particular.
“No sábado demos entrada em um hospital particular e logo o Caetano já foi levado para a UTI e intubado. O custo diário da internação é 10 mil reais e já pagamos adiantado o valor de 22 mil reais”, explicou a mãe.
Em nota oficial, a Secretaria de Estado da Saúde afirmou que custeará integralmente o valor da internação do garoto até que seja transferido para o sistema público.
Situação local
Jaraguá do Sul se encontra momentaneamente na contramão do problema: não há filas e 8 leitos estão disponíveis para uso imediato nos hospitais do município. No entanto, o panorama pode mudar. Além da possibilidade da ocupação repentina dos leitos disponíveis, a demanda estadual torna necessária a abertura de novos leitos para atendimento de pacientes de municípios vizinhos.
Após reunião realizada no início da tarde desta segunda-feira (16), entre médicos pediatras, o secretário municipal de saúde Alceu Moretti e o diretor do Hospital Jaraguá, Sérgio Luís Alves, ficou acertado que o município abrirá quatro novos leitos pediátricos, em acréscimo aos dois solicitados no mês passado, que já estão operantes.
“Espera-se que a medida atenda não apenas o público de Jaraguá do Sul, como também demais pacientes da região”, disse o secretário Alceu.
Pronto atendimento infantil
Além dos leitos de UTI, o hospital de Jaraguá do Sul também discutiu recentemente soluções para o pronto atendimento infantil, onde o tempo de espera chegava a mais de seis horas.
O diretor executivo do Hospital Jaraguá Sérgio Luís Alves, informou à reportagem que em dia de grande movimento são atendidas cerca de 300 crianças por dia e no horário de pico – que vai das 10h às 12h – chegam a ser atendidas cerca de 80 crianças por hora.
Ainda de acordo com Sérgio, pelo menos dois pediatras atendem por turno no PA infantil. Desde o ano passado, três atendem durante o dia e dois fazem plantão durante a noite, com reforço de médicos residentes.
O secretário municipal de saúde, Alceu Moretti, informou que a pasta busca soluções para o problema. Uma das encontradas foi a ampliação da carga horária para atendimento pediátrico, além de que clínicos-gerais atendam um número determinado destes casos durante o expediente.
Ainda, um processo seletivo para contratação de novos profissionais foi aberto, na esperança de preencher vagas e diminuir o tempo de espera dos pacientes.
SC contratará leitos até mesmo em outros estados
Em nota, o governo catarinense disse que há grande demanda de leitos infantis sobrecarregando o sistema, mas que busca a ampliação dos leitos nas unidades de saúde pelo estado e a contratação de leitos em hospitais privados, até mesmo fora do território catarinense. Confira a nota:
“O Governo do Estado de Santa Catarina ainda disse que está empenhado em garantir o atendimento pleno aos pacientes pediátricos. Diante do momento sazonal, com casos de doenças respiratórias, há grande demanda de leitos hospitalares infantis, causando uma sobrecarga no sistema de saúde.
Desde o início deste ano, através da Secretaria de Estado da Saúde, há um trabalho dedicado à ampliação dos leitos, não apenas os de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), bem como dos leitos clínicos de retaguarda. Da mesma forma, as equipes das unidades de saúde, vem desenvolvendo fluxos de rotatividade dos pacientes, promovendo, sempre que possível, uma redução no tempo de permanência nas UTIs.
Ainda no conjunto de ações, a SES, através da Central Estadual de Regulação de Internações Hospitalares (CERIH) está realizando a busca por leitos nos sistemas privados, para contratação. Esta busca também está sendo realizada em estados vizinhos, para caso necessário, seja feita a transferência dos pacientes. Lembrando que estas transferências devem respeitar os protocolos de gravidade, visando a segurança na movimentação do paciente.
Vale ressaltar que até o momento, os pacientes estão sendo absorvidos pelo sistema no Estado e que todos estão sendo assistidos de forma plena.”