Professor umbandista afastado vai realizar novos protestos em Jaraguá do Sul

Cartazes de alunos que apoiam o professor e criticam a intolerância religiosa | Foto Divulgação/Rede OCP News

Por: Claudio Costa

04/09/2018 - 06:09 - Atualizada em: 04/09/2018 - 11:14

Afastado das funções durante 60 dias, o professor de química e física da Escola de Educação Básica Professor Duarte Magalhães, Ivam Gonçalves, não aceita a acusação de assédio moral que teria cometido contra uma aluna da unidade.

Por isso, ele programa mais dois atos de protestos para esta semana, onde pretende chamar a atenção para o que chama de perseguição e intolerância religiosa que alega estar sofrendo.

Nesta quarta-feira (5), ele vai se amarrar em um poste, situação que pretende repetir durante três dias, encenando chibatadas em alusão ao “preto velho”, uma das entidades da umbanda, religião a qual é praticante e acredita ser o motivo de ser perseguido.

Professor Ivam pretendia crucificar-se em frente à escola | Foto Divulgação/Rede OCP News

Na sexta-feira (7), durante o desfile de 7 de Setembro, Gonçalves pretende realizar um novo ato. Segundo ele, os dois protestos buscam evidenciar a perseguição religiosa.

“Eles me culpam de um monte de coisas, mas fogem do real motivo desse processo: a perseguição religiosa que estou sofrendo. Temos prova de tudo e estamos aguardando decisão. Durante as oitivas, escondem a parte do preconceito. Tentam fugir disso alegando que eu cometi assédio moral contra os meus alunos”, alega.

Segundo o professor, alunos da escola em que leciona estão fazendo um abaixo-assinado contra todo este processo que culminou no seu afastamento da escola. Vários alunos já se manifestaram a favor do professor quando em julho ele fez um protesto em frente à escola.

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O professor disse ter sofrido perseguição de uma aluna, que fez alegações supostamente falsas contra ele, sobre jogar truco com os alunos ao invés de dar aulas, e que acabou culminando na preferência religiosa.

Segundo ele, a coordenadoria não deu ouvidos à defesa feita pelos alunos e os próprios colegas o discriminam. “Eu tive uma experiência horrível. Na sala dos professores, não me davam a mão para cumprimentar. Se estavam na porta, saiam para não tocar em mim”, conta.

Gered alega imparcialidade

A secretária-executiva da Agência de Desenvolvimento Regional e gerente regional de Educação, Cristiana Poltronieri Ziehlsdorff, informa que o processo administrativo que analisa as acusações contra Ivam ainda estão aguardando as oitivas.

Cristiana explica que a mesma equipe está analisando outros dois processos contra outros dois servidores e que devem começar a tomar os depoimentos nos próximos 15 dias. Ela informa que Ivam pode continuar afastado por mais 60 dias, com remuneração, caso o processo administrativo não seja finalizado antes do primeiro afastamento.

Ela garante que a Gered não está tomando nenhuma posição, nem a favor dos alunos e nem a favor do professor, e que tem como prioridade coletar e analisar as informações que chegam até a gerência.

“Existem os BOs (boletins de ocorrência) das famílias e os registros das atas com as condutas. Estamos analisando as condutas que o professor acabou tendo dentro de sala de aula. Ele disse que fez um BO, mas nada disso chegou até a gente”, destaca, ao ressaltar que o processo vai ser remetido para Florianópolis para uma nova análise.

“Caso a comissão identifique algum tipo de perseguição, existe a possibilidade de abrir novo procedimento para apurar essa questão”, completa.

Se a acusação contra o professor for aceita pela comissão, o grupo vai sugerir qual das penalidades será infringida contra Ivam. Ele pode sofrer desde uma advertência escrita em sua ficha até a exoneração do cargo de professor.

A Procuradoria do Estado analisa o processo, que pode voltar com novos questionamentos. Depois, vê se acata ou não a decisão da comissão. Dependendo do entendimento, a procuradoria aponta qual punição será aplicada.

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