Diretora da OMS alerta que mundo está entrando na quarta onda da Covid-19

Foto: OMS

Por: Elissandro Sutil

23/11/2021 - 14:11 - Atualizada em: 23/11/2021 - 16:12

O mundo está entrando na quarta onda da Covid-19. A informação é da diretora-geral adjunta de acesso a medicamentos e produtos farmacêuticos da Organização Mundial da Saúde (OMS), a brasileira Mariângela Simão. Ela comentou sobre a situação da pandemia na abertura no Congresso Brasileiro de Epidemiologia.

“Estamos vendo a ressurgência de casos de Covid-19 na Europa. Tivemos nas últimas 24 horas mais de 440 mil novos casos confirmados. E isso que há subnotificação em vários continentes. O mundo está entrando em uma quarta onda, mas as regiões têm tido um comportamento diferente em relação à pandemia”, declarou Mariângela Simão.

Ela explicou que o vírus continua evoluindo e com novas variantes que são ainda mais transmissíveis. Porém, a vacina se mostrou eficaz pela redução de de casos e mortes. Ela lembrou também que a imunização reduz as hospitalizações, mas não interrompe a transmissãodo vírus.

Mariângela avaliou que os novos picos na Europa estão acontecendo por conta da abertura e flexibilização das medidas de distanciamento social no verão. Além disso, diversos países seguiram de forma inconsistente as medidas de prevenção.

“O aumento da cobertura vacinal não influencia na higiene pessoal, mas tem associação com diminuição do uso de máscaras e distanciamento social. Além disso, há desinformação, mensagens contraditórias que são responsáveis por matar pessoas”, pontuou a diretora-geral adjunta da OMS.

A desigualdade no acesso às vacinas no mundo foi um grave problema.

“Foram aplicadas mais de 7,5 bilhões de doses. Em países de baixa renda, há menos de 5% das pessoas com pelo menos uma dose. Um dos fatores foi o fato de os produtores terem feito acordos bilaterais com países de alta renda e não estarem privilegiando vacinas para países de baixa renda”, analisou.

O futuro da pandemia depende de uma série de fatores, explicou Mariângela. O primeiro é a imunidade coletiva. O segundo é o acesso a medicamentos eficazes contra o vírus. O terceiro é como as variantes se comportarão e do quão transmissíveis elas serão. Por fim, segundo ela, cabe aos governos adotarem medidas sociais de saúde pública e a população aderir a essas políticas.

“Onde medidas de saúde pública são usadas de forma inconsistente os surtos continuarão a ocorrer em populações suscetíveis”, projetou.

Ela defendeu que, além das medidas de prevenção, é necessário assegurar a equidade no acesso a vacinas, terapias e testagens.

“É vacinas, mas não somente vacinas”, resumiu.

Brasil e Américas

Em relação a situação das américas e do Brasil, Mariângela afirmou que as américas estão apresentando um comportamento de transmissão comunitária contínua, com ondas repetidas.

Já sobre o Brasil, ela avaliou que a vacinação está andando bem. Mas, analisando a situação do Velho Continente, se mostrou receosa com o futuro da pandemia no país pelas discussões em curso sobre o carnaval.

“Me preocupa quando vejo no Brasil a discussão sobre o Carnaval. É uma condição extremamente propícia para aumento da transmissão comunitária. Precisamos planejar as ações para 2022”, alertou.

Carnaval em São Paulo

Famosas pelas festas de carnaval, diversas cidades já anunciaram que não realizarão o evento em 2022. Ao menos 43 municípios cancelaram o carnaval em 2022 por conta da pandemia da Covid-19.

Algumas delas são: Botucatu, Sorocaba, Mogi das Cruzes, Poá e Suzano.

O ano de 2022 será o segundo ano consecutivo que o evento não acontece nesses municípios

Na capital, o evento está confirmado. No início deste mês, a prefeitura anunciou que 867 inscrições para desfiles de blocos de rua.

A gestão municipal sinalizou que o evento deve ocorrer sem restrições sanitárias, dependendo da situação da pandemia.

Cerca de 15 milhões de pessoas devem participar do carnaval em 2022 na capital paulista.